spoiler visualizarjuliadelfs 07/05/2023
Uma experiência e tanto
Confesso que precisei ler algumas resenhas e pesquisar um resumo do livro assim que terminei de lê-lo, porque sentia que não tinha entendido/abstraído tudo que aconteceu. Afinal, esse é o primeiro livro de ópera espacial que leio em inglês, então há muitas palavras e termos difíceis de entender apenas pelo contexto, várias vezes precisei ir atrás da tradução. Mas foi uma experiência que valeu a pena, devido especialmente ao formato diferente do livro. E eu tinha entendido tudo sim, afinal de contas. As vezes a gente duvida muito da nossa capacidade, né? Mas acho que ler sobre o livro depois de finalizá-lo ajudou a organizar melhor meus pensamentos, então que bom que o fiz.
Illuminae se passa quase completamente no espaço. Os ex-namorados Kady Grant e Ezra Mason haviam acabado de terminar quando a BeiTech, uma corporação rival de mineração, ataca o planeta Kerenza. Milhares de pessoas morrem, e os sobreviventes se dividem entre três naves espaciais: Corpenicus, que posteriormente é atacada e extinguida por ordens de AIDAN (a inteligência artificial de Alexander), pois grande porcentagem da tripulação estava infectada pelo Phobos virus; Alexander, onde Ezra acabou ficando e se tornou parte das forças armadas da nave; e por fim Hypatia, onde Kady ficou e usou suas habilidades de hacker para descobrir a sujeira debaixo do tapete.
Como a história não é narrada de forma convencional, os autores tiveram que se esforçar para fazer o leitor se conectar com os personagens de outras formas, porque sem narração é difícil mostrar o que eles estão sentindo, fazendo, etc. E eu sinceramente acho que eles conseguiram quase complemente. Me senti conectada com os personagens, até mesmo com os secundários, que me deixaram triste quando morreram (nunca vou esquecer de você, Jimmy). Além, é claro, do romance entre Kady e Ezra, que foi revivido quando colocaram os pingos nos is. Só não senti AQUELA conexão, que me deixa louca pelos personagens e o que está acontecendo com eles. Me conectei mais com a história em si.
Entretanto, AIDAN é uma figura e tanto no enredo, com um desenvolvimento gradual muito interessante. De inicio, era só uma Inteligência Artificial que parecia ter dado errado, mas a história vai nos mostrando que as atitudes tomadas eram coerentes, faziam sentido com o seu propósito inicial: proteger a humanidade, mesmo que para isso precisasse matar parte dela. Se AIDAN não tivesse dado um jeito de matar a tripulação da Corpenicus sem aviso prévio, aquelas pessoas acabariam matando todo mundo nas naves ao espalhar o vírus. Eu só não entendi muito bem a necessidade de soltar os infectados isolados no Alexander na nave inteira, onde havia toda a tripulação saudável. Eu entendi que o AIDAN queria impedir que o desligassem novamente, mas fazer isso não fez muito sentido pra mim.
Toda a construção da mentira inventada pelo AIDAN também foi uma ótima sacada dos autores que só melhorou a história, porque a gente sabe muito bem que a Kady não ajudaria ele se soubesse que o Ezra tava vivo (eu já imaginava que não tinha morrido, parecia bem óbvio). Essa interação deles deu um grande arco de desenvolvimento de personagem pro AIDAN, que foi de um IA frio que só fazia o que foi programado para fazer pra algo quase humano; Ele não entendia muitas coisas que os humanos fazem e sentem e ele parece passar a entender, até mesmo "sentir" algumas coisas, como carinho pela Kady, uma necessidade de protegê-la. Gostei bastante disso.
Eu queria ter lido enquanto acompanhava o audiobook, como muitas pessoas indicam fazer, mas simplesmente não tenho paciência pra isso. Já tentei e acabo me estressando, principalmente porque as vezes eu preciso parar e analisar o que li, traduzir palavras, etc. No fim, foi uma experiência de leitura muito interessante de acompanhar. Logo, logo eu pego a sequência e dou continuidade a essa trilogia, especialmente porque o final me deixou curiosa pra saber o que a Kady (pelo o que parece) está aprontando.