neo 09/02/2016Como vocês já devem saber, Truthwitch era um dos meus livros mais antecipados de 2016 por basicamente dois motivos: amizade entre garotas e magia/bruxaria, que são coisas que eu adoro em história. Infelizmente, porém, ele decepcionou sim.
Primeiro, os personagens. Iseult foi, de longe, minha favorita, e a mais bem desenvolvida. Ela é uma Threadwitch, ou seja, ela pode “ver” o que as pessoas estão sentindo, e a melhor amiga de Safi, que é o foco desse primeiro volume e uma Truthwitch (capaz de dizer quando alguém está mentindo ou não). Eu gostei bastante do relacionamento das duas, mas Safi não é mesmo meu tipo de personagem, então eu meio que não me importei muito com as partes dela.
O problema, no entanto, é que elas são basicamente as únicas personagens da história que são bem desenvolvidas/construídas. O par romântico da Safi, o Merik, quase me matou de sono. Ele é um príncipe que se importa muito com seu reino, mas eu não importo com isso porque não me importo com o Merik, saca? E o romance dos dois foi um porre. É um romance que começa com os dois se odiando, que eu diria ser uma trope cansada e chata se eu não adorasse Captive Prince com todas as minhas forças, então não, a culpa não é da trope. É da execução. Eles passam de nossa eu te odeio para well pode ser que a gente sinta algo um pelo outro do nada. Não há transição nenhuma. Eles passam o livro inteiro a) brigando entre si b) brigando com outras pessoas ou c) fugindo. Não tem tempo para que eles comecem a se importar com o outro de fato e isso deixa o romance chato pra cacete.
Aliás, o romance já estava destinado a ser chato quando essa passagem surgiu na SEGUNDA vez em que eles se encontraram:
Something had happened between Safi and Merik during their dance. Something as powerful as the wind and the music that had gusted around them. A shift in the air that preceded a storm.
Sabe qual o problema desse trecho? A autora praticamente já disse com ele que os dois vão se apaixonar e ficar juntos. HÁ ALGO MÁGICO NO AR e zzzzzzzzzzz.
Quero dizer, se eu já sei que eles vão ficar juntos/se apaixonar, pra onde vai a tensão da história? Pra que eu me daria ao trabalho de me importar com eles se o ~destino~ de ambos já foi selado aqui?
Resposta: eu não daria. E não dei.
Aeduan, o outro personagem com POV, tem um poder muito interessante: Bloodwitchery, ou o poder de reconhecer/rastrear o sangue de qualquer pessoa. Acho que a autora acabou dando mais atenção pro poder dele (que é sim a+) do que para ele. Eu mal sei como é a personalidade do Aeduan, para vocês terem uma ideia.
Além deles, o único personagem que me chamou a atenção foi o Leopold, e isso porque todo mundo descarta o coitado como inútil porque ele é lindo. Uma trope que me irrita horrores é essa de bonito = inútil e feio = útil (ou bonito = bom e feio = ruim), então se você tiver um personagem bonito que todo mundo considera como “nada demais” ou coisa do tipo, há 99% de chance que eu vou gostar dele só pra esperar que ele prove todo mundo errado.
Mas o Leopold mal aparece, então a Iseult foi a única coisa boa no aspecto personagens pra mim.
Os poderes que aparecem na história são bem interessantes. Tem a Bloodwitchery e a Threadwitchery, que já mencionei, e outras favoritas minhas foram Poisonwitchery (capacidade de controlar venenos) e Wordwitchery (capacidade de influenciar as pessoas com suas palavras). Mas tirando isso, o worldbuilding é bem incompleto. Há uns três impérios no mundo da história (mais algumas nações independentes) e se você me perguntar o que diferencia cada um deles, eu não vou saber dizer. Costumes e coisas assim passaram longe da história.
Mas o que fez com que Truthwitch acabasse sendo um livro bem mais ou menos pra mim foi o plot. O plot é muito… direto. Eu estava esperando coisas interessantes. Mistério! Suspense! Mas o que eu recebi? Ação, ação e mais ação. O que não é de todo ruim, é claro, mas depois de um tempo a coisa fica chata. É por isso que o início me manteve grudada no meu tablet, mas aí lá pela página 150 eu já estava quase dormindo. Ação infinita não me prende a atenção.
Enfim, provavelmente continuarei essa série porque a história tem uma ou outra coisa que me agradou (a amizade entre Iseult e Safi, basicamente), mas Truthwitch certamente não entrou para minha lista de favoritos. 3.0 estrelas.