Írisz: as orquídeas

Írisz: as orquídeas Noemi Jaffe




Resenhas - Írisz: As Orquídeas


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Ruth 28/02/2024

Leitura nacional de qualidade
Mais um livro que li para a faculdade e gostei muito.
Leitura fluida, personagens e temática profunda, contato com a cultura da Hungria e muitas reflexões sobre a relação familiar, as revoluções, a vida em um país estrangeiro, amor e amizade.
Muito interessante a forma como a narrativa foi construída e as relações que a Írisz fazia da vida dela com as orquídeas.
Recomendo a leitura.
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Flavia Sena 09/06/2022

História bonita e poética, com uma forma de narrar que eu particularmente gosto. Você consegue imergir na cabeça dos personagens, mesmo que nem tudo esteja escrito. Disponível pra empréstimo online pela biblioteca de São Paulo (aplicativo Biblion) :)

"O passado volta, Martim. Por quê, eu não sei. Porque ele quer ou porque nós queremos; porque o chamamos ou porque alguém o convoca."
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JoAo 13/03/2022

Exílio e busca de si
O livro de Noemi Jaffé foi uma grata surpresa para mim. Não só por abordar temas históricos - tais como a situação política na Hungria pós-Segunda Guerra e o cenário político brasileiro na primeira metade do século XX - como também por tratar de maneira extremamente sensível o exílio e a perseguição em regimes autoritários.
A personagem que dá nome ao romance, Irisz, nos cativa tanto pela sua incompletude e inquietação na busca por si mesma, como pelo modo como nos narra a sua história.
Destaco o sofisticado modo de narrar da autora; trata-se de um romance de múltiplas vozes narrativas, o que torna o romance um prisma multifacetado que reflete as visões diferentes de cada personagem que narra.
Dentre os pontos que mais me tocaram no romance, chamo a atenção para uma reflexão sobre a condição do exilado/estrangeiro, ser não pertencente e deslocado que se esforça por se adaptar aos costumes locais, e também para uma digressao muito interessante sobre aproximações e distinções entre a língua portuguesa e o húngaro.
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Christiane 24/07/2021

Um belíssimo livro sobre traumas, sobre falta, sobre como construir uma história para dar conta de uma incompreensão sobre sua origem.

Írisz foge da Hungria após o fracasso do levante contra a União Soviética, ela vem para trabalhar no Jardim Botânico em São Paulo onde conhece Martin. Através de seus relatórios para ele aos poucos ela nos conta sua história. O desconhecimento do paradeiro de seu pai que sua mãe queria acima de tudo esquecer, sua desilusão com o levante em seu país, sobre Imre, o homem que ela ama e que não quis deixar o país em função de um ideal e um sonho. Aos poucos ela vai questionando tudo, lidando com sua culpa por ter deixado a mãe doente e Imre e vindo para o Brasil, culpa esta que ela sustenta, sem se deixar abater por ela.

Írisz constrói uma história, uma ficção para compreender seu pai, e também sua mãe. Ela aprende a ler nos silêncios, nos olhares, nos gestos, o que sua mãe obstinadamente esconde dela sobre seu pai. É a busca de sua origem, de sua filiação, que ela elabora, onde podemos ver acontecendo numa vida o que a psicanálise tenta construir numa análise.

Por outro lado temos Martin, que abriu mão de tudo em prol do comunismo. Nunca se casou, não teve filhos, viveu em função deste ideal e que agora também desmorona, principalmente com as notícias que chegam do massacre em Budapeste. A idealização que se desmonta, a desidentificação a algo, tudo aparece nos escritos de Martin, cartas que ele escreve para Írisz.

Há uma terceira voz, que seria como o coro grego, que surge no meio da leitura nos dando outras informações. E é belo de acompanhar as metáforas de que Írisz se utiliza com as orquídeas para se explicar, se compreender.

Um livro profundo, bonito, muito bem escrito. Recomendo!!
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none 19/06/2021

Leia esse clássico
Uma refugiada húngara vem ao Brasil nos anos 60 foragida da invasão soviética e busca trabalho no Jardim botânico de SP onde encontra a amizade e reencontra as orquídeas, flores com as quais não só pesquisa enquanto botânica como também tem afinidades e contradições.
Um romance de amor à patria da língua húngara, de reencontros e dilemas familiares, de crítica aos dogmas políticos.
A Hungria é um país que sofreu com as seguidas invasões nazista e soviética e a família de Írisz é um exemplo. O pai distante que ela nunca mais viu, a mãe internada, o companheiro da protagonista lutando pela revolução na própria alma, Írisz desterritorializada, tenta se refazer no Brasil junto de suas flores e ao mesmo tempo busca aprender o português, ensinar húngaro ao amigo Martim, relembrar sem mágoa a família distante e o amado Imre.
A insustentável leveza da orquídea.
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Gabriel 05/03/2021

História com grande potencial!
Achei muito poderoso o pano de fundo da história e os enredos que, infelizmente ficaram em segundo plano (como as relações de Írisz com a sua família na Hungria e, principalmente, o passado de seu pai). Não fosse o foco tão grande num romance que não sai tanto do lugar, seria um excelente livro!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 26/07/2015

Noemi Jaffe - Írisz: as orquídeas
Editora Companhia das Letras - 224 páginas - Lançamento 19/05/2015.

Esta é mais uma resenha que já nasce com o senso objetivo comprometido, neste caso, por dois motivos particulares: primeiro a ligação afetiva com o difícil idioma húngaro devido à minha ascendência (meu pai foi um entre tantos imigrantes húngaros). Em segundo lugar, o fato de eu ter morado por longos períodos no exterior em diferentes épocas da minha vida, muito recentemente por dez meses no Japão. Logo, alguns dos elementos que funcionam como uma espécie de matéria-prima neste romance, como a adaptação do estrangeiro em uma terra distante, são próximos à minha experiência pessoal. É o caso de Írisz que vem morar em São Paulo fugindo de Budapeste após a frustrada revolta húngara de 1956, debelada violentamente pela União Soviética através do envio de tropas e tanques para a Hungria. A relação da protagonista com a descoberta do idioma português (outra língua-ilha como bem define a autora), o aprendizado da cultura brasileira e a sofrida ligação com seu país de origem são temas desenvolvidos com muita sensibilidade por Noemi Jaffe, como percebemos no trecho abaixo:

"Estar em um país estrangeiro e não saber falar a língua local é estar alheio e encapsulado no espaço, no tempo, no corpo e na alma. Na ignorância da língua, o estrangeiro é completamente estrangeiro. Ser estrangeiro é ser estranho — 'não pertencente a', e é do não pertencimento que vem a conotação negativa de 'estranho', palavra que não é originalmente pejorativa. (...) Não pertencer pode ser libertador e permitir aos estrangeiros viver num tempo mais lento, observador e menos comprometido com as funções e metas dos nativos, preocupados com tarefas em grande parte assumidas pela língua que dominam (e que os domina também). (...) O estrangeiro olha: não entende nada, mas entende algumas coisas melhor do que os locais: enxerga detalhes. Vê, no todo, as partes que já se incorporaram ao hábito do nativo e das quais ele não mais se dá conta." (págs 99 e 100).

Írisz é uma botânica que vem trabalhar no Brasil com orquídeas, essas peculiares flores de raízes aéreas que logo percebe, assim como ela, são frágeis e dependentes porque "brotam no ar, no alto de outros seres fincados na terra". É através dos inusitados relatórios técnicos sobre as orquídeas, preparados por Írisz, que nós e também Martim, diretor do Jardim Botânico de São Paulo e um comunista desiludido, ficamos conhecendo detalhes do seu passado na Hungria e a história dos que ficaram por lá.

Imre (típico nome húngaro, assim como Sandor que significa Alexandre), um amor que ela deixou e que ficou para lutar por uma revolução impossível, alguém que desejava a liberdade a qualquer custo, contudo Noemi Jaffe nos ensina como o desejo às vezes pode ser uma coisa enganosa nesta bela passagem: "Quando alguém acredita tanto na própria vontade, é preciso começar a duvidar, porque o desejo fica parecido com a fé." (pág. 27).

Írisz abandona Imre e a mãe doente Eszter na Hungria. O misterioso pai, Ignác, de quem ela nada sabe desde que tinha seis anos é só uma lembrança distante. Segundo Írisz, "fugir é o lugar do homem e até ficar tantas vezes é fugir". A palavra que ela usa quando se encontra com Imre pela última vez é 'szia', uma expressão que tanto quer dizer "oi" como "tchau" no intrincado idioma húngaro. Trabalhando com os contrastes e significados da linguagem nos dois idiomas a autora acabou fazendo uma linda homenagem à literatura.

"A verdade é um punhado de palavras, só isso. E as palavras, que deveriam ter pouca importância, que deveriam ser versáteis, elas não são; elas se fixam e grudam na pessoa, mais do que qualquer outra coisa. Mais do que os gestos, os fatos, os números ou os grandes acontecimentos. No fim das contas, a própria história se transforma em palavras." (pág. 205).

Noemi Jaffe nasceu em São Paulo, em 1962. Doutora em literatura brasileira pela Universidade de São Paulo e crítica literária, é autora de "A verdadeira história do alfabeto", vencedor do prêmio Brasília de Literatura, e "O que os cegos estão sonhando?", entre outros.
Nanci 26/07/2015minha estante
ótima resenha! o tema me interessa muito - vou ler em breve.




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