Bea 05/02/2022
Me surpreendi com o quanto amei esse livro. Fazia anos que minha irmã me recomendava, e eu tinha receio por causa do suspense (eu era uma fracote, não tenho vergonha em admitir). Mas de uns tempos pra cá, me aventurei em livros de suspense policial e me apaixonei. Esse aqui não é muito pesado e não tem cenas explícitas demais, mas instiga a curiosidade. E eu mergulhei no mistério. Fiquei ansiosa até a última página. E por fim, favoritei.
Britt possuía uma necessidade de se provar às pessoas ao seu redor. Foi assim com Calvin, e foi assim com Korbie. Ela mesma se dá conta disso; do quanto tenta conseguir realizar algo apenas para se mostrar capaz às outras pessoas. Achei alguns pensamentos dela tão bobos no começo do livro, mas que levando em conta sua idade, é bem compreensível. Pensamentos que levaram a situações que poderiam ser evitadas. Ela dizia não se importar com o que certas pessoas pensavam dela, mas na próxima linha demonstrava exatamente o oposto. Eu estava ansiosa pra chegar no momento em que ela iria levantar a voz e se impor.
No início, eu senti que Korbie claramente nutria um sentimento de inveja por Britt, o que me incomodou muito. Obviamente, uma amizade de infância, em que se intitulam melhores amigas, não deveria ser assim. Não gosto de Korbie, e penso que Britt merecia uma amiga melhor. A garota é simplesmente insuportável, e agradeço por ter ficado boa parte do livro sem aparecer, eu não iria aguentar ela dando ataque de estrelismo o tempo inteiro. Ela é outra pessoa que subestima Britt o tempo todo. Sem noção e mimada, acha que tudo gira em torno dela, até nos momentos mais inoportunos. Um exemplo disso foi quando elas estavam perdidas na floresta e vão buscar ajuda numa cabana, e então ela dá piti porque quer a atenção de um dos caras que estão lá... além de esquecer que já tem um namorado, ela briga com Britt por causa desse cara, dizendo coisas absurdas. Foi uma das coisas mais sem noção que eu já vi, minha nossa. Ela precisa de alguém pra meter um tapa na cara dela, pra ver se acorda pra vida.
Fiquei realmente impressionada com o quanto Britt é fria e racional em situações de risco. Ela se mantém sob controle para ter como se preparar, e isso é de fato raro em protagonistas de suspenses. Eu a admirei muito, ela conseguia planejar seus próximos passos de maneira ágil enquanto era ameaçada o tempo todo, o que a faz ainda mais cativante porque todo mundo ama uma protagonista inteligente.
Eu pensei que Britt seria uma personagem feminina estereotipada. Rica, mimada e indefesa. Que sempre precisa da ajuda dos outros e não consegue se cuidar sozinha. Aliás, era exatamente assim que a própria se descrevia. Mas, surpreendentemente, nas montanhas congeladas e selvagens, ela não se comporta assim. Não cheguei a ver a Britt desamparada e fraca de antes, ela teve certa confiança e agiu sempre com muita inteligência. Fiquei feliz de ver o quão ela é forte.
Eu sentia nojo de Calvin e do fato dela não perceber a toxicidade dele. Não teve UM ÚNICO MOMENTO em que essa criatura não tenha sido um babaca. Me pergunto como e por quê Britt passou anos apaixonada por ele. Sério, não teve motivo nenhum, além dele ser bonito. Me dava ânsia, agonia, ódio, dele sendo um filho da put4, subestimando e diminuindo a autoestima dela. Quando ela finalmente se deu conta do quanto ele é egoísta e que não servia pra ela, foi um alívio pra mim, como leitora e como mulher.
Diferente de Calvin que sempre a subestimou, Jude a deixa tomar decisões por conta própria, e o mais importante, CONFIA NELA, ele acredita que ela é capaz de sobreviver em meio às dificuldades de um lugar inóspito. Eles formaram uma dupla incrível e inesperada. Cuidaram um do outro e se apoiaram. Finalmente Britt teve um cara que não a tratou com arrogância. Jude ajudou a mostrar o quanto ela é perspicaz. Perdi a conta de quantas vezes eles salvaram a vida um do outro. Quer intimidade maior que essa?
A tensão do livro está mais no início e no fim. Mas o ponto alto são as cenas de perigo no meio das montanhas. As descrições foram tão boas que em alguns momentos eu podia sentir o frio e o desespero.
Durante o desenvolvimento da história, teve mais uma construção do relacionamento entre dois personagens e alguns fatos que *aparentemente* não tinham muita importância jogados pela autora. Inclusive, devo admitir que isso me deixou bastante confusa e ansiosa para saber por que aquelas coisas estavam sendo transmitidas pra mim. Devia ter um motivo, tinha que ter, ou eu ficaria bem decepcionada. Para a minha sorte, tudo se encaixou no final e me deixou completamente satisfeita, mesmo que eu já estivesse desconfiada de quem era de fato o culpado pelos assassinatos.
No final, eu queria que um reencontro em especial tivesse sido diferente, então não vou mentir, fiquei um pouco frustrada. Mas depois entendi que ele quis dar um tempo a ela, para que ela entendesse o que realmente queria, já que a experiência na montanha tinha sido intensa, porém muito difícil. Então acho que sim, eles precisavam desse tempo separados, até pra digerir o que aconteceu, respirar um pouco, superar o luto e todo e qualquer trauma que tivessem adquirido. Eu achei lindo o quanto o sentimento entre duas pessoas se tornou forte mesmo no caos, e depois de um tempo, quando já estavam recuperados, encontraram o caminho até o outro.