Jóquei

Jóquei Matilde Campilho




Resenhas - Jóquei


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RenanDuarte 26/02/2023

?Seja como for o amor ainda me faz bastante fome?
Encontrei algumas frases aqui que estão comigo deste que eu terminei de ler..
Gostei de como Matilde escreve, misturando a aparente trivialidade da vida com aquilo que ela tem de essencial, o cotidiano com o extraordinário, pelo menos foi assim que me pareceu.
Deixo aqui uns trechos que carrego comigo e um poema inteiro que eu li e reli umas três ou quatro vezes e fico pensando sobre ele (o Principado Extinto):

?Quanto mais se roda em volta do amor, mas o amor se expande.?

?A filosofia é uma matemática muito esclarecedora e qualquer dia ainda vai salvar o mundo.?

?Alegria é um carro de bombeiros todo enfeitado de penas e cavalos bravos, atravessando tudo.?

?(...) e essa coisa da alegria ainda vai dar muito certo.?

p.36-37

?é terrível existência de duas retas
paralelas porque elas nunca se cruzam
e elas apenas se encontram no infinito?
p.57

?Você levou meu samba
e meu mensageiro
Você deixou os sapatos
a sombra desalojada
e um dialeto muito novo
que devo utilizar agora
para não dizer o teu nome?
p.67

PRINCIPADO EXTINTO

Isto é um poema
fala de amor
ou do medo do amor
Fala da morte
ou do fim da amálgama
rosto voz alma e cheiro
que é a morte
Isto é um poema
tenha medo
Fala dos peregrinos
que atravessam avenidas
de sobretudo e óculos
carregando flores invisíveis
e chorando mudos
Isto aqui é um poema
fala da permanência inútil
de um coração devastado
de uma floresta devastada
de uma corrida devastada
logo depois do disparo
da arma de 40 peças
que soltou a bandeirinha
e assim mesmo se desfez
Isto é um poema
fala da aparição do inverno
fala da fuga dos albatrozes

fala do punhal sobre a mesa
e do absurdo do punhal
feito de madeira e pedra
sobre a mesa do jantar
Fala do poder da erosão
que afinal incide sobre
pele e nervo e osso e olho
Fala do desaparecimento
Fala do desaparecimento
Claro que é um poema
fala do toque de saída
no colégio de Île de France
e das 39 saias das meninas
esvoaçando sem vontade
na direção do cais de ferro
Fala do pânico do corpo
que esbarra em si mesmo
no espelho pela manhã
e do urro silencioso
que nenhum vizinho
escuta mas que ainda
assim reverbera sem dó
até a hora final
fala do vômito que advém
dos gestos repetidos

prolongados assim ad astra
até que o sono apague tudo
Fala da palavra saudade
ou da palavra terremoto
fala do olho que tudo via
deixando lentamente de ver
até mesmo a cara de Jack Steam
o porteiro da loja de discos
onde toca a canção de Chavela
Nada mais no mundo importa
Isto é que é poema
Fala do cheiro das flores
e da injustiça da existência
das flores na cidade
Fala da dor excruciante
meu bem excruciante
que faz até desejar
o fim do poema
o fim da palavra amor
que após o disparo
se espelha apenas
na palavra loucura.
p.77-80


?Enterro-me noutras clareiras para que assim possa escapar-me da minha própria ideia de amor. É que eu tenho, como alguém disse, um amor descrito a garatujas sobre folhas de amendoeira.(?)
É, um homem guarda poemas porque sabe que em qualquer momento vai ter que fazer-se à corrida: subitamente tudo arde e então a única possibilidade é o desvio.? p.83

?Isso não está certo, mas é humano. Quase tudo que é humano é justo, não deixe que ninguém te diga o contrário? p.91

?É que é na terra que está a consciência do mundo, e é preciso escutar o seu ruído para agir em verdade?p.92

?Rendição quer dizer a desistência do coração de pedra, acho. Quando éramos pequenos a bondade parecia um gesto mais natural de todos, fácil, o movimento perene - agora quase tudo supõe uma rendição.?p.99

?Seja como for o amor ainda me faz bastante fome?
p.127
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May 16/11/2023

Matilde é de uma sensibilidade sem tamanho. Amei esse livro e sempre que posso indico por aí. É impossível não ser atravessado por poesia ?
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Rodrigo Tejada 22/07/2015

Apaixonante
Apaixonante. Poesia revigorante, em ritmo beat, em substância, com destaque para aqueles poemas mais proseados.... Anda faltando substância no mundo poético por aí a fora (muito formalismo, estilismo, construtos vazios) e, de certa forma, Matilde Campilho me renovou a fé na poesia.
João Lucas Dusi 04/09/2015minha estante
eita, tá aí uma resenha que realmente te faz querer ler o livro.


caroline.guth 04/05/2020minha estante
Rodrigo, eu concordo com você! ?




Fafi 09/12/2020

Não entendi nada
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Gabriela Gonçalves 10/05/2021

O mistério e a beleza do cotidiano através de Matilde
Algumas leituras devem acontecer quando você está preparada. Mas o que é estar preparada? Eu não sei te dizer.

Na primeira vez que li Matilde, em 2018, eu não consegui desvendar o seu segredo. As frases pareciam desconexas demais, confusas demais. Não conseguia entender o que ela queria dizer quando falava que ?a paixão não é de todo a coisa mais importante mas é sim o canudinho através do qual dá para ver que o mundo é muito feito de construções de papel?. Eu tinha lido o livro, mas não tinha realmente lido o livro (um pouco confuso, né?). Lembro que fiquei triste por não ter capturado a magnitude de uma mulher que eu gostava tando de ouvir falar.

Três anos depois. Reencontro Matilde. E saio transformada depois de, finalmente, conhecer a sua escrita e pensamento. Talvez agora eu tenha vivido, pelo menos o suficiente, para compreender as entrelinhas dos seus poemas. Quem sabe esse era apenas o momento certo? A questão é que Jóquei é uma grande conversa entre sentimentos e memórias da Matilde. Ela soube ?inventar um ritmo poético de caminhada na avenida, de conversa travada na rua com um interlocutor possível, com todas as variações rítmicas de uma conversa: repetições, saltos bruscos, retomadas? (Carlito Azevedo).

Dessa vez, eu estava preparada. Estava pronta para entender os pormenores dos seus versos. Mesmo assim, ainda deixo escapar muita coisa. Fica para o nosso próximo encontro.

?Sabe como é, muitas vezes minha sensibilidade se torna um grande impedimento à execução das coisas deliciosas [...]?. (Fora de Jogo)

?Afine diariamente a pontaria e reze para que nunca seja necessário o disparo. Não existe proteção melhor do que a consciência de que podemos decidir atirar ao lado?. (A primeira hora em que o filho do sol brincou com chumbinhos)

?O que acontece é que tenho vindo a guardar alguns poemas. Enterro-me noutras clareiras para que assim possa escapar-me da minha própria ideia de amor. [...] subitamente tudo arde e então a única possibilidade é o desvio?. (A volta no Cadillac de Billy J.)
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Peleteiro 14/06/2020

Com um notório domínio narrativo, o livro se destaca pelas reminiscências e pela sensibilidade da autora. Apesar de ter curtido muito alguns dos últimos poemas, o que me encantou foram alguns dos textos em prosa, como ?notícias escrevinhadas a beira de estrada?, e ?Tiger balm?.
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rufininha 10/09/2022

Descobri a Matilde Campinho pelo Instagram - como imagino que aconteceu com seus leitores mais recentes. E que descoberta gostosa! Um livro de poesia, que me tirou uma certa resistência que já tive com poesias: sem a necessidade de estrofes demarcadas e rimas entre as linhas, a Matilde dança com as palavras e toca a gente de maneiras diferentes. Confesso que não entendi alguns poemas e prosas, mas isso não influenciou em nada a minha experiência de devorar esse livro? aliás, acredito que poesia é assim né? Tem dia que toca, tem dia que não toca e, justamente por isso, é um livro que vale a pena ser revisitado em diferentes fases da vida.

?e isso diz muito sobre minha caixa torácica?martela frequentemente na minha cabeça e na caixa torácica.
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MachadiAninha 11/05/2023

Simples, perfeito, universal. estou dentro da escrita de Matilde, ainda chocada em como um primeiro livro de alguém pode ser tão bom assim.
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Gabriel 07/04/2023

"Parece que a primavera do mundo é um trabalho em progresso
mas o caminho até lá está sendo todo feito entre as veredas
e entre os galhos de fogo de um gigante inverno"
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Neylyara 23/03/2017

RESENHA QUE ME FEZ LER
Resenha retirada do instagram @coletivoleituras , qual me fez querer ler esse livro.
[Avarandado

Quarta nota para a manhã infinita:
Afinal o grande amor
Não garante nada mais
Do que as 12 graças
Desdobradas pelos
Corredores do mundo
agora isso é mais
Do que suficiente
E apesar dos bofetões
Do tempo invertido
Apesar das visitas
Breves do pavor
A beleza é tudo
O que permanece]
Jóquei é o livro mais solar que pode passar pela vida de um leitor.

Longe do pessimismo de uma poesia maldita, não menos distante de um encantamento superficial pela vida, este livro é um monumento de resistência aos homens sisudos e à mecânica cinza dos dias iguais.

Jóquei tem a fluidez e a espontaneidade de um passeio em que se é livre para apreciar as expressões dos rostos de desconhecidos; sentir o pulso de uma saudade latente; saudar as lembranças e o suor da infância; ver o amor surgir sem exigências e ser desfeito sem perder o otimismo – Matilde Campilho é a deusa de uma letra de beleza bruta e selvagem, pois escancara, em suas páginas, as sensações mais nebulosas e causticantes que oprimem os corações dos homens, mas sua poesia é uma resposta ao mundo: repleta de amor, esperança e luz.

Em tempo: vale conferir no YouTube os vídeos com a poesia recitada pela própria autora, são paisagens de verão, foguetes e rodas-gigantes, a experiência é inefável e transcendental.
Resenha: @lucianalisss
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fernandaararuna 22/07/2021

matilde eu te amo
todo dia eu agradeço a minha aula de audiovisual na faculdade por ter me feito conhecer essa mulher.

meu deus que livro bom de se ler! obrigada matilde por existir e fazer a gente se lembrar de observar o mundo com mais cautela.
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robson_lourenco 04/03/2023

"Tudo o que respira, brota. Acho que a ternura é importante"

Só tenho uma coisa a dizer. Comprem o livro da minha esposa!
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Alyne Lima 14/02/2020

Poesia ?
Ler mais mulheres é uma das minhas metas para a vida! E esse livro foi uma grande descoberta para mim.
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Keit Larrama 31/03/2022

E isso diz muito sobre minha caixa torácica
Conheci livro "Jóquei " de Matilde Campilho porque um trecho de um vídeo da autora recitando o poema " O último poema do último príncipe" viralizou no Instagram. Inclusive, é o meu poema preferido desse livro. Confesso que a primeira parte do livro é a mais bonita . Além, da temática de romântica a Matilde aborda temas mais revolucionários e também poesias saudosas sobre a observação de lugares onde esteve. Somado a isso algumas poesias são escritas em até 3 idiomas um jogo de linguagem bem gostoso e divertido. Eu gostei bastante da leitura . Mas confesso, os poemas finais não foram tão empolgantes como os iniciais ?
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