Krishna.Nunes 09/03/2024As veias abertas nunca pararam de sangrarNão almejando escrever um livro técnico ou escolar, o autor usa uma linguagem informal para recontar a história do ponto de vista dos derrotados. Aqueles mesmos tópicos que estão nos programas das aulas de história e geografia do ensino fundamental e médio são vistos aqui sob outra ótica - o ponto de vista dos explorados.
Eduardo Galeano nos leva a entender a posição econômica e social do continente através da compreensão de uma longa cadeia de fatos que incluíram, no passado, as grandes navegações, o colonialismo, o mercantilismo, a exploração predatória, a divisão internacional do trabalho, o neo-feudalismo e o capitalismo incipiente. Mais recentemente as relações desbalanceadas de comércio, o imperialismo, os golpes de estados financiados pela plutocracia, o neo-liberalismo e a má distribuição de renda contribuem para manter e aprofundar os abismos sociais criados desde a colônia.
De maneira sóbria, sem sensacionalismo nem afirmações categóricas, o autor faz um apanhado social, econômico e histórico da América Latina que permitem enxergar claramente as razões do subdesenvolvimento do continente frente às nações desenvolvidas, bem como as origens das desigualdades internas que afligem as nações do sul. Todos os fatos relatados são acompanhados de vastas referências bibliográficas.
Mesmo escrito em 1970, o livro continua atual e necessário, já que as veias abertas de 50 anos atrás, as veias que vêm sendo abertas há 500 anos no nosso continente, não deixaram de sangrar.