Gramatura Alta 19/06/2017
Ada vive uma guerra dentro da sua própria casa. A menina, que tem aproximadamente 10 anos de idade, é constantemente agredida, física e psicológicamente, pela mãe, porque tem o pé torto. Com isso, a garota não pode sair de casa, tem que ver sua infância passar pela janela, enquanto ela não pode fazer nada, nem ao menos andar.
Ada tem um irmão, Jemie, que tem 6 anos de idade, aproximadamente. Não sabemos ao certo, porque a mãe (a louca desvairada) não lhes diz a idade. Dai percebemos que a criação das crianças é péssima. Na verdade, "péssima" é um elogio. Ambos se viram praticamente sozinhos, e Ada daria a vida pelo irmão.
Enquanto isso, lá fora, está acontecendo a Segunda Guerra Mundial. Os Nazistas estão chegando na Inglaterra, e Londres resolve evacuar as crianças.
Ada, como qualquer criança, não entende o que esta acontecendo, nem sabe o significado da guerra. Porém, nenhuma criança quer mais do que ela, fugir da vida em que vive. Entretanto, sua mãe não se importa que a menina fique onde está, enquanto Londres pode ser bombardeada a qualquer momento.
Eles são levados para o interior, onde as coisas são mais diferentes do que eles imaginaram. São acolhidos por Susan,uma mulher solteira que além de ensinar muitas coisas às crianças, também aprende muito com elas.
A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA é uma historia incrivelmente bonita e um pouco diferente do que estamos acostumados a ler. Quando se fala em livros que se passam na guerra, logo pensamos em vítimas. Quando descobrimos que são narrados por crianças, então, o aperto no peito cresce. Porém, como percebemos nesse, a guerra é a salvação de Ada. É a guerra mostrada de outro ponto de vista, claro, isso não a deixa menos terrível e cruel, mas somos convidados a imaginar um cenário diferente, a ver com os olhos dos personagens que a vida, apesar da guerra estar acontecendo, não parava, tinha que seguir.
Confesso que de início achei estranho a menina conseguir erguer-se tão rápido e adaptar-se ao mundo, pois pelo que tudo indica, nunca havia saído de casa, isso devia tê-la deixado mais desnorteada do que as outras crianças. Todavia, notamos que a cabeça da garota e seus sentimentos estão muito confusos, ela é incapaz de entender o amor, pois nunca foi tratada bem antes.
O livro é narrado em primeira pessoa pela menina, que vê seus horizontes expandidos e uma chance de viver a vida de outra forma, embora esteja fadada a conviver com o pé torto.
Pensei no que Susan faria. Espichei o corpo, cravei os olhos no homem e disse, empertigada: "Meu pé ruim fica muito longe do meu cérebro".
A edição do livro está encantadora, com a capa que nos lembra retalhos e botões, diz muito sobre a história. A narrativa da autora é algo que gostei em particular. Quando o capítulo acaba aparentemente bem, na ultima linha algo acontece de sobressalto, somos sacudidos e não conseguimos parar de ler.
Com um final surpreendente, A GUERRA QUE SALVOU A MINHA VIDA não deixou nada a desejar para mim. É um livro lindo, que fala de família, amor ao próximo e aos animais, sobre sonhos, superação e recomeços.
RESENHA ESCRITA PELA BRENA PARA O GETTUB!
site: http://www.gettub.com.br/2017/06/a-guerra-que-salvou-minha-vida.html