Anna Laitano 01/09/2015Interessante, porém, previsívelSolicitei o livro porque o tema me chamou atenção. A capa não era a mais atraente, e eu nunca tinha ouvido falar da autora. Então, quando recebi a minha cópia, apenas fiquei feliz de notar que seria uma leitura rápida (224 páginas); coisa de um dia, no máximo. Ou, pelo menos, foi o que eu pensei.
A história não começa em meio aos bastidores, ou se passa na agitada Hollywood. Acompanhamos a nossa protagonista, Paige "PG" Townsen, desde os seus dias em Portland, onde ela leva uma vida comum com sua família e amigos. Também estamos ao seu lado quando ela faz a audição que mudaria sua vida. Então, através de seus olhos, vamos acompanhando e descobrindo tudo sobre os bastidores do filme em que ela estrela.
Os capítulos variam entre curtos e razoáveis, todos narrados em primeira pessoa. O problema, é que a história demora alguns capítulos para acertar o ritmo, e mais alguns para manter o leitor virando as páginas. Isto, porque a vida anterior de Paige é apenas uma introdução para o que vem depois, para que entendamos o tamanho do impacto e da responsabilidade que o papel de protagonista de Locked tem nela.
Outra questão é que, no começo, a história da adaptação cinematográfica de Locked ganha mais destaque — e até mesmo parece mais interessante — do que Tocando as Estrelas em si. Como os personagens ainda não estão muito definidos para nós, e não sabemos exatamente o que esperar da história, os mistérios da ilha em que August e Noah estão presos chamam mais a atenção. Além disso, algumas informações mais técnicas sobre os bastidores do filme deixam a história estagnada em uma linha reta.
Paige, em si, não é uma protagonista marcante. Na verdade, tenho que dizer que em vários momentos não gostei dela. A autoestima delicada nem é um problema, mas o egoísmo e os sentimentos confusos e desproporcionais me incomodaram um pouco.
Rainer, por sua vez, me deixou na dúvida. Apesar de também ter seus (raros) momentos de garoto mimado e possessivo, a verdade é que na maior parte do tempo ele é simplesmente incrível, lindo e adorável. Embora eu tenha terminado o livro em bons termos com ele, ainda não tenho certeza de que confio plenamente no mesmo.
Então, temos o Jordan. O último elemento do triângulo amoroso tanto em Locked quanto em Tocando as Estrelas. A princípio, ele parece o típico bad boy. Mas, conforme o conhecemos, descobrimos que ele tem mais camadas do que isso. O mais legal sobre ele, é que que nos lembra de não confiarmos em todas as informações distorcidas que a mídia fornece.
O triângulo amoroso é desproporcional. Rainer e Paige são construídos página por página, enquanto Paige e Jordan simplesmente acontecem como uma bomba: de repente e com impacto total. Não entendi de onde saiu toda a paixão, visto que nos primeiros dias juntos eles mal se olham, e definitivamente não se falam. Mas, talvez, este seja o clichê atração versus carinho, atacando novamente.
Em termos de serialização, tenho minhas dúvidas do potencial da história em levar mais dois livros. Como duologia, eu conseguiria ver tranquilamente; mas trilogia? Tenho minhas dúvidas. Ainda assim, a segunda metade da história é bem mais interessante do que a primeira, e o final, embora não seja um cliffhanger, deixa questões para fomentar a curiosidade do leitor.
Agora, na parte técnica do livro, embora a capa não seja a mais bonita da minha estante, a formatação interna está bem caprichada, com os efeitos de flashs no inicío de cada capítulo. Por fim, mas não menos importante, vocês sabem como eu sou exigente com as traduções, não? Pois, desta vez, posso dizer tranquilamente que fiquei bastante satisfeita. Inclusive, apesar de ter o ebook original (que comprei para adiantar a leitura quando estivesse na rua), estava dando preferência à cópia física, de tão gostoso e fluído que ficou o texto final. Parabéns ao tradutor e aos revisores!
Então, temos mais um triângulo romântico, sim, mas com a diferença de ser bastante informativo sobre o mundo cinematográfico. A continuação parece mais promissora, mas, por enquanto, apesar de ter gostado no geral, ainda pensaria um pouco antes de recomendar para determinados leitores. Locked, por outro lado, eu fiquei morrendo de vontade de ler. A autora bem que podia investir em um spin-off!
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