Ana Paula 14/04/2021
A arte de aprender a aprender
Este livro foi para mim, por muito tempo, como uma miragem de oásis por um peregrino no deserto. Nutri altas expectativas acerca de seu conteúdo, induzidas por seu título provocador “Você sabe estudar?” e a promessa tentadora do subtítulo “Quem sabe, estuda menos e aprende mais”. Não casual, quando finalmente pude ler, fui sedenta e mergulhei de cabeça. Li em 2 dias. Isso foi possível graças ao meu interesse, claro, mas também, e não menos importante, à linguagem clara e fluida, que beira a oralidade. O autor conduz uma sequência lógica de argumentos, dicas e técnicas e o livro se propõe a ser um manual prático de estudo, evocando a arte de aprender a aprender. Começando pela preparação, o momento pré-estudo, passando às diferentes técnicas de estudo em si e concluindo com estratégias para se dar bem em provas. Tudo é muito bem explicado, exemplificado e argumentado com pesquisas científicas sérias. Além disso, conta também com exercícios no final de cada tópico, para que o leitor possa por si só aplicar aquele novo conhecimento e em sua prática comprovar seus benefícios. Em suma, é bem escrito e didático.
Ademais, o autor aborda a educação brasileira como um todo, estudioso do assunto, ele aponta críticas construtivas e pertinentes ao nosso sistema de ensino, sem no entanto, desmotivar o aluno que estaria “a mercê” desse sistema, favorecendo o protagonismo do estudante.
Quanto às técnicas e orientações, não me eram de todo novas. Como sou uma estudante há 18 anos, tudo que diz respeito a estudos me interessa e por minha própria prática já percebi muitos dos benefícios de várias técnicas apresentadas. Essa repetição, porém, não foi cansativa ou “mais do mesmo” simplesmente, ao contrário, creio que fortaleceu ainda mais meus entendimentos do assunto e me motivou a melhorar, afinal a repetição é fundamental no aprendizado. Repetição inclusive que é um recurso usado de forma muito didática ao longo do livro, como o leitor perceberá.
Como pontos negativos tenho que admitir que tive certo conflito de opinião com o autor, pois senti que ele defende certa glorificação do intelectual, especialmente do acadêmico. Considero sim, educação algo fundamental e tenho em alta prioridade, assim como, para minhas escolhas de vida, as titulações acadêmicas também são relevantes. Porém, não consigo aceitar que todo meu valor seja assim medido e que a razão de minha vida seja esta. Além disso, há muitas outras formas de inteligência que não a acadêmica, as quais não foram mencionadas. Faltou para mim, uma reflexão sobre burnout, esgotamento, saúde e qualidade de vida, mesmo que não tópicos diretos do tema central, o afetam e fazem parte da nossa vida, que não é dividida em caixas, é um todo, complexo e pulsante.
Indico especialmente para alunos de ensino médio se preparando para vestibulares, embora todo estudante possa se beneficiar com as técnicas apresentadas.