Lu Souzza 03/03/2017
Uma novela mexicana
Tem histórias muito boas que valem uma continuação. Existem histórias que de tão bom o final, não precisam de continuação porque tudo já fica desenvolvido na nossa cabeça. Considero assim a história de Greg e Dom. Adoro os dois, não me leve a mal, e é exatamente por adorar essas personagens que não posso ser cega, e agir como uma fanática dizendo que não houve erros nas personagens. Sim houve e, muitos a meu ver.
Pra começar o epílogo de 4 semanas foi ótimo e não precisava de uma sequência. A continuidade da história teve narrativas em excesso, e talvez funcionasse melhor se tivesse sido escrito em terceira pessoa, o relato ficou confuso algumas vezes. Mas, isso não significa que a história tenha sido de todo ruim. Ela teve muitos momentos bons e outros que pra mim, se tornaram uma novela mexicana, e não estou falando daquelas novelas boas, estou falando daquelas que as personagens, em sua maioria, estão apenas como adereços. É isso que queria discutir nessa resenha. Então, vamos lá.
Não encontrei um propósito para a narrativa de Laura. Estava na cara que ela só queria Holt pelo dinheiro, e faria de tudo para conseguir aquilo. Sua participação, fora as narrações de Holt, foi desnecessário. O desenrolar da participação dela, poderia ter sido na conversa que ela teve com Gregory no escritório, pós coletiva. Laura, como disse, não tinha propósito na história. Talvez se a ideia de desenvolver mais a personagem envolvendo ela com Eleanor ( ou seja, ajudando-a), talvez pudesse ter sido mais interessante, mas fora isso, essa personagem não se encaixou, não criou mistério algum e não teve um desígnio dentro da história.
Falando em Eleanor, desde 4 semanas, achei Eleanor de uma crueldade "a la Paola Bracho", manipula, compra, corrompe pessoas a seu bel-prazer. Mas, quando ela se abriu com Holt, achei ela inocente demais, e isso, digamos que ela definitivamente não é, nunca foi e jamais será. Ela lidou com a Baxter Inc. por anos como bem desejou, criou documentos falsos, manipulou Holt como quis, Hyatt (o marido) também, a própria filha, chegou a matar a própria neta, genro e uma amiga da família; e foi inocente a ponto baixar a guarda com Gregory depois daquela fatídica coletiva? Pra mim não colou, não creio que ela seja inócua a tal ponto. Todos, que leram 4 semanas, sabem que ela não tinha escrúpulos, e esse foi um desfecho sem graça pra uma vilã tão bem criada, uma pena, Julianna.
O progresso de Meryl dentro da história foi muito desleal para àquela que era a melhor amiga de uma das personagens principais. Fiquei esperando que ela fosse agradecer a Dominique por ter salvado sua pele daquela cena constrangedora com a Baxter, e assim resolvessem todos os mal entendidos e uma pudesse confiar na outra, mostrando mais uma vez a Dominique que nem todos que a cercam, desejam magoá-la. Meryl merecia justiça, mas não a recebeu, uma pena porque dentre todas personagens, era a que merecia um desfecho digno,mesmo morta
Boe, talvez até tenha cumprido o papel de "o faz tudo arrependido", mas Gary falhou. E falhou feio. Sabemos que a Interpol só cuida de "tubarões", certo? Ok, entramos no ponto. Sabendo que Baxtor é um "tubarão branco", como Gary falha ao ponto de não levar reforços à paisana para aquele encontro sabendo que Boe era testemunha chave? Será que ele é tão néscio a ponto de imaginar que a matriarca Baxtor não daria um jeito nele? É ser muito simplório para um agente de uma policia internacional, na boa...
O ponto alto de Greg ficou por conta da coletiva dele, achei demais ele mandar Eleanor a merda. Porém, ele ficou muito rude no começo do livro, se descontrolou, se desencontrou, e maltratar o Hyatt, foi torpe. Que bom que ele se reencontrou com Dom, e depois fez as pazes com Hyatt porque, na boa, esse menino tinha conquistado meu coração desde que notei que ele só queria algo que ele não tinha: ATENÇÃO e AMOR em pais que ele não teve ( não no começo, que bom que depois ele encontrou um pai e uma mãe de verdade). Percebi que Hyatt era como o Pinóquio, queria ser alguém de verdade de carne e osso, e foi muito bom ver que embora ele tivesse uma mãe biológica como Elizabeth ele podia, e se tornou alguém de verdade, de carne e osso; tal qual Pinóquio (Falo isso porque considero que Elizabeth não seja uma pessoa, ela é um mero adereço)
Falando em filhos, Tyler é de uma delicadeza sem igual. Mandy, Meryl e Max, que chegaram por último, veio para agregar à familia "Tholt", esse foi um bom ponto a favor da autora. Família grande, brigas maiores ainda.rs ... Os capítulos finais, de certa forma salvaram o livro. O epílogo e os extras com as cenas de Cancún, o natal e o casamento, vieram para brindar esse romance tão bacana de "Gredom", que eu shipei desde 4 semanas. :)
Creio que em "alguns anos" Julianna pecou em algumas coisas, muito mais pelo desenvolvimento das personagens do que pela história em si. Como disse no começo, há histórias que merecem ser desenvolvidas, outras, não. A história de Dom e Greg foi tão bonita que talvez não fosse necessário uma continuação, pelo menos não uma com tantas falhas. Desculpa Juliana, mas para mim, você acabou se perdendo. A narração conseguiu chegar a um certo ponto e depois dele, não conseguiu sair mais. A história e o desenvolvimento das personagens poderiam ser melhores desenvolvidas. Por isso, dei 2 estrelas.