Peregrina 14/06/2020
Aos fãs de Lewis, um presente!
Como se não bastassem as dezenas de ensaios, livros e outros materiais acadêmicos e literários que C.S. Lewis nos deixou, após a sua morte, uma série de cartas que ele escrevera a uma senhora americana foram entregues a uma editora, que resolveu publicá-las com esse título autoexplicativo que temos aí.
A tal senhora me pareceu ser uma fã que tendo sido respondida após enviar a primeira carta, decidiu enviar cada vez mais cartas para o autor de As Crônicas de Nárnia (todas foram respondidas) e, assim, mantiveram essa correspondência por dez anos sem nunca se conhecerem, até pouco antes de Lewis falecer em 1963.
Tendo tudo isso em mente, vale mencionar também que as cartas cobrem uma variedade de assuntos: desde o desprezo felino pela raça humana até o sofrimento que afligiu C.S. Lewis após a morte de sua esposa Joy, que aliás, também chegou a escrever para a senhora americana e, em sua carta, podemos perceber os milhares de motivos pelos quais Lewis a amou, mas não me aprofundarei no assunto, é preciso ler para ter um vislumbre de como eram os pormenores da vida do autor, como era a sua rotina, a forma como lidava com o trabalho e muitos outros detalhes que verdadeiros fãs adorariam saber.
Essas cartas não são nada escandalosas, não trazem nenhuma polêmica propriamente dita, nenhuma tese teológica nem nada do tipo mas confirmam o caráter de um autor brilhante e ser humano excepcional, que se preocupava em responder uma senhora que, por vezes, mostrava-se inconveniente, pessimista e invasiva por demais (a ponto de questionar Lewis o porquê de ele ter casado com a Joy e não ter falado nada com ela a respeito, como se ele lhe devesse alguma explicação...). Mesmo assim, ele nunca deixava de ser gentil e de oferecer consolo, mesmo quando ele era quem mais precisava. Dono de uma fé firme, Lewis passava pelos problemas de cabeça erguida, contemplando "as coisas do alto" como ensinou o Apóstolo Paulo em sua carta aos colossenses e também aos coríntios: fixando "os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno" (2 Coríntios 4:18).
Dessa forma, por intermédio dessa correspondência, não apenas conhecemos camadas mais profundas da personalidade do caráter e da personalidade de Lewis, mas também somos encorajados a sermos mais como ele, que, não obstante todos os problemas e dificuldades, mantinha o bom humor e a fé em Deus. E é assim que os cristãos devem sempre ser, por isso recomendo demais esta leitura a todos os cristãos e fãs de Lewis por aí. Ora dei risadas, ora não pude evitar as lágrimas, porém uma coisa é certa: este livrinho aqueceu meu coração como nenhum outro o fazia há um bom tempo.
"Existem coisas melhores adiante do que qualquer outra que deixamos para trás." - C.S. Lewis em "Cartas a uma senhora americana".