Jorge 19/09/2023De arrancar lágrimas, mas também injeta estímulo e esperançaJustino é um garoto nordestino de treze anos, sem registro, sem sobrenome, órfão de pai e mãe, que só sabe fazer uma coisa na vida: Obedecer. Seus pais morreram num intervalo de quinze dias, primeiro o pai mordido por cobra, e logo depois a mãe, de tristeza e fraqueza. Sozinho na vida, Justino decide partir sem rumo das terras onde viveu a sua dura infância; uma terra infeliz, onde o sol nasce alto, violento, selvagem, onde a seca come tudo, o verde, os bichos, os homens. Um cenário hostil, seco, cinzento e triste. Durante a sua peregrinação pelo sertão afora, Justino se juntará a um grupo de retirantes vermelhos como a terra, que parecem uma continuação da própria caatinga; da própria fome, da própria miséria, gente que caminha aos tropeções, mal tocando os pés feridos pelos espinhos da viagem, mas que seguem em frente, caminhando, amparando uns aos outros.
Publicado originalmente no Brasil em 1970, ?Justino, O Retirante? é a prova do talento da consagrada escritora Odette de Barros Mott (1913 ? 1998). Especialista em contar boas histórias para leitores jovens, ela aborda a problemática social brasileira, empreendendo uma verdadeira corrente de conscientização e de alerta às injustiças sociais. Ela venceu alguns prêmios literários importantes ao longo da carreira, entre eles o Prêmio Monteiro Lobato por ?Justino? e uma Menção honrosa no Prêmio Internacional Hans Christian Andersen (acredite, isso não é pouca coisa).
Ainda sobre ?Justino, O Retirante?, sim, é um livro de arrancar lágrimas, mas também injeta estímulo e esperança. Pois a fome que deixa a paisagem triste, emagrece, castiga e traz a doença, é a mesma fome que molda a personalidade e fortalece, na mesma proporção, o caráter das personagens envolvidas na história.