Origem do Drama Trágico Alemão

Origem do Drama Trágico Alemão Walter Benjamin




Resenhas - Origem do Drama Trágico Alemão


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Pluricom 18/10/2011

Principal obra de Walter Benjamin é reeditada no Brasil, com nova tradução
Conhecida no Brasil como “Origem do drama barroco alemão”, tese de livre-docência do filósofo alemão é renomeada "Origem do drama trágico alemão" em tradução de João Barrento.

Filósofo, sociólogo, ensaísta, crítico literário e tradutor, Walter Benjamin (1892-1940) foi um dos mais importantes pensadores alemães do século XX. Seu nome está também marcado por sua influência na Escola de Frankfurt, mesmo que tenha abandonado a carreira acadêmica nesta cidade ao ter sua tese de livre-docência rejeitada pelos Departamentos de Germanística e, depois, pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt, que a considerou pouco convencional. A obra, escrita entre 1924 e 1925 e publicada na Alemanha em 1928, ficou conhecida no Brasil como “Origem do drama barroco alemão”, embora a tradução de “Trauerspiels” não fosse livre de controvérsias. Agora renomeada Origem do drama trágico alemão, para fazer jus ao original Ursprung des deutschen Trauerspiels, chega ao Brasil em tradução direta do alemão feita pelo português João Barrento, referência em traduções de textos alemães, em lançamento da Autêntica Editora.
Segundo Barrento, o termo Trauerspiel deveria traduzir-se, literalmente, por drama lutuoso, que não corresponde a nenhuma designação de gênero em português. “Optei por drama trágico para fugir à tradução, comum nas línguas românicas, de drama barroco, que não está no termo original nem designa também nenhum gênero dramático particular. Drama trágico (já usado em traduções inglesas), parece-me ter pelo menos duas vantagens: indicia uma ligação à forma clássica da tragédia (que o termo alemão também pressupõe, quando surge no século XVIII); e torna-se linguisticamente mais operativo como título e ao longo de todo um livro.”
O próprio autor Benjamin, em nota biográfica que abre a obra, explica o seu intento, que justifica a renomeação: “Este livro propunha-se fornecer uma nova leitura do drama alemão do século XVII. O seu propósito é o de distinguir a forma desse drama, enquanto “drama trágico” (Trauerspiel), da tragédia (Tragödie), e procura demonstrar as afinidades existentes entre a forma literária do drama trágico e a forma artística da alegoria”.
Considerado por T.W. Adorno a obra mais complexa de Benjamin, o livro interessa menos por oferecer uma chave interpretativa para o drama trágico alemão do que por fornecer uma espécie de epistemologia do ensaio. Esta epistemologia marcou, por seu método e por seu estilo, não apenas a teoria crítica, mas também os estudos literários. Além disso, a arte de vanguarda encontra na teoria da alegoria aqui apresentada seu procedimento chave. Por sua crítica à estética acadêmica e à filologia tradicional, este livro é uma referência decisiva para todos aqueles que querem pensar a arte.
Origem do drama trágico alemão integra a coleção Filô e é a primeira obra da série FILÔBENJAMIN, que publicará no Brasil uma série de obras do pensador alemão. Outros livros da série estão previstos para 2012, como O anjo da História; Rua de Mão Única, acompanhado de Infância Berlinense; e Estética e sociologia da arte.

Walter Benjamin (1892-1940) foi um dos mais importantes pensadores alemães do século XX. Filósofo, ensaísta, crítico literário e tradutor, escreveu peças para rádio, além de artigos para diversos jornais e revistas literárias. Colaborou com a Zeitschrift für Sozialforschung, revista do Instituto de Pesquisa Social (que mais tarde ficou conhecido como “Escola de Frankfurt”). Filho de judeus, precisou deixar a Alemanha em 1933, rumo à Paris, onde ficou até a invasão nazista. Em 1940, fugiu ilegalmente para a Espanha e, na cidade de Portbou, Catalunha, se suicidou para não ser capturado pela Gestapo. Walter Benjamin deixou vasta e brilhante obra literária, além de ter contribuído enormemente para a teoria estética, para a filosofia, para o pensamento político e para a história.

Sobre o tradutor - João Barrento licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1964) e em 1986 tornou-se professor de Literatura Alemã e Comparada. Já publicou cerca de vinte livros de ensaio, crítica literária e crônica, traduziu assim como editou diversas obras da literatura alemã da Idade Média à atualidade. Como editor e tradutor, é responsável por algumas das mais importantes publicações de autores alemães para o português, com destaque para Goethe (9 volumes, 1991-1993), Robert Musil (8 volumes, desde 2005) e Walter Benjamin (7 volumes, desde 2004). Suas traduções lhe renderam diversos prêmios, como Calouste Gulbenkian da Academia das Ciências (Tradução de Poesia, 1979); Grande Prêmio de Tradução (1993 e 1999); Prêmio de Tradução Científica e Técnica da União Latina (2005); Prêmio de Tradução do Ministério da Cultura da Áustria (2010); além da Cruz de Mérito Alemã (1991) e da Medalha Goethe (1998), entre outros.

Título: Origem do drama trágico alemão
Autor: Walter Benjamin
Edição e tradução: João Barrento
Número de páginas: 336
Formato: 15,5 x 22,5 cm
Preço: R$ 47,00
ISBN: 978-85-7526-589-5
Coleção: Filô (FILÔBENJAMIN)

Mais informações sobre os livros da Autêntica Editora estão disponíveis no portal do Grupo Editorial Autêntica:www.autenticaeditora.com.br ou pelo telefone 0800 28 31 322
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Maitan 18/02/2018

Um texto enfadonho sobre um assunto irrelevante‏?
Estudar o drama barroco alemão pode soar perda de tempo tendo em vista o drama barroco espanhol ou o teatro elizabetano, como pode ser irrelevante estudar o teatro romano em comparação ao teatro grego, salvo para aqueles que têm interesse especial na matéria. O livro pode ser maravilhoso para acadêmicos de determinada corrente e maçante para o leitor não dedicado. Além de tudo isso, as peças do período sobre o qual o texto versa dificilmente serão encontradas vertidas ao português. Então para quê lê-lo?

“Origem do drama barroco alemão” foi tese de livre-docência que custou a encontrar espaço nos corredores intelectuais, e não por acaso. A obra foi recusada pelos departamentos de Teoria Literária [Germanística] e Estética, com avaliadores a afirmar que não entenderam uma linha sequer do texto. Confessadamente platônico em pleno século XX, Benjamin submete a linguagem ao obscuro “mundo das ideias” e é a partir desse posicionamento que discorre sobre o Trauerspiel (de difícil tradução – drama barroco, drama lutuoso, drama trágico…). O autor critica antigos teóricos e comentadores do drama barroco alemão, chamando-os de ininteligíveis, extravagantes e obscuros – e não sem razão –, mas não me surpreende que alguns considerem ele próprio ininteligível e obscuro, a começar por seu platonismo tardio e por sua visão arcaica da linguagem, já em tempos de semiologia e linguística modernas.

Para além de sua organização assistemática ou fragmentária, que nesse caso não me parece somar à obra, Benjamin é brilhante em 2 trechos. O primeiro trata da melancolia e de sua longevidade como sintoma da bílis negra e como geradora da faculdade de prever o futuro. O segundo, no fim da obra, com uma profunda reflexão sobre a alegoria e a religião. Isto é: o drama barroco alemão funciona mais como um pano de fundo do que como um objeto de estudo, e o título do livro – origem – ganha sentido específico.

Alguns consideram a obra “célebre” e de importância inesgotável. Quero crer que a importância de Benjamin no pensamento do século XX, apesar desta resenha negativa, deva-se a suas obras posteriores: “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”, “O narrador”, entre tantas outras relativas à arte e à política, que permanecem com o estatuto de leitura obrigatória.

A maior riqueza do texto, no fim das contas, não está em tratar do drama ou do modo como se vê o período e seus períodos adjacentes (o teatro medieval e jesuítico, Calderón de la Barca, Shakespeare, os renascentistas, os românticos...), mas está em se realizar, cônscio ou inconscientemente, como uma obra em que a metafísica constitui a sua matéria central. Em outras palavras, como uma obra barroca.
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