Maria Eduarda 06/02/2024
"Nós não somos tão lúcidos quanto fingimos ser."
O livro ?Psicose? é grandemente renomado em decorrência do filme de Hitchcock. Todavia, aquela epígrafe de que o livro é sempre melhor que o filme se compatibiliza a Psicose e é inverossímil que essa obra não passe a figurar entre as suas prediletas após que os leitores imergirem no universo amedrontador, e pouco conhecido, de Robert Bloch. Inspirado no serial killer de Wisconsin, Ed Gein, o protagonista do livro ?Psicose?, Norman Bates, era um assassino solitário que vivia em uma localidade isolada. Dominado pela culpa pelo assassinato da mãe dominadora, Norman criou sua própria forma de mantê-la viva em sua mente psicótica.
Psicose é aquele suspense convencional em que o leitor é naturalmente desacertado pela engenhosidade do autor. Transversalmente de uma leitura fácil e objetiva, Robert Bloch nos relata a história de Norman Bates (hoje mundialmente prestigiado através série Bates Motel). Norman é um protagonista em primeira instância sem graça. Um rapaz que existe à penumbra da mãe autoritária, que não toma rumo na vida nem decisões sólidas, e que passa seus dias trabalhando em um decaído motel. Seus conflitos com a mãe vão permear a história e os diálogos dos dois estão recheados de ambiguidades que só vamos decifrar o significado no desfecho da história.
Marion Crane, que reputo uma personagem coadjuvante, é quem maestra o gatilho para a trama do livro se fortalecer. Há uma breve antológica e imortalizada cena do assassinato enquanto toma banho, e confusos relatos de Norman após a peripécia, episódio que só se encontra em entendimento após as configurações psicológicas do personagem principal. A medida que a história se desenrola, a verdadeira natureza de Norman é exposta, o livro mergulha nas profundezas da psicose, explorando a dualidade na personalidade e obsessão de Norman pela sua mãe, Psicose é afamado pelo seu suspense intenso, Robert Bloch constrói uma atmosfera de tensão crescente e atinge os terrores dos pensamentos humano, permitindo o leitor a mergulhar na mente perturbada do personagem principal, que naturalmente sofria de o transtorno dissociativo de personalidade, chamado antigamente de dupla personalidade, geralmente é uma reação a um trauma como forma de ajudar uma pessoa a evitar memórias ruins. Isso é aparente na história, sendo ele dividido entre sua mãe nele próprio, em uma aparente imitação de mãe manipuladora, uma personalidade infantil e frágil e o próprio Norman Batel. Essa afirmação permeia no enredo e explica a dissociações entre um assassino temeroso é um jovem tímido e sem graça.
?De pé no meio do quarto ele começou a tremer :- Não posso fazer isso, não posso olhar para ela, não vou lá dentro, não vou. Mas você tem de ir, não há outro jeito. Para de falar sozinho. Tinha que encarar a realidade, mas que realidade? Uma moça morta, uma moça que sua mãe matara, a única coisa que havia de fazer era se livrar dela?.
Portanto, indubitavelmente feitos esses pressupostos imprescindíveis da obra, a experiência investigatória em torno do desaparecimento de Marion foi extremamente boa, Robert Bloch constrói um labirinto para o leitor percorrer. Inocentemente nos permitimos conduzir sem perceber que o caminho armazena surpresas de tirar o fôlego. Que no final você se encontra, MEU DEUS????? QUE LIVRO BOM!
O prisma é de leitura frenética, e chegamos ao epílogo com um sentimento de querer mais, de querer ler todas as obras do autor. Bloch direcionou a trama com tanta maestria que ficamos cada vez mais curiosos sobre a condição psicológica de Norman, livros como esses me fazem me interessar mais ainda em a psicologia comportamental, que caracteriza-se por postular a não-existência da mente, tendo uma concepção monista do ser-humano. Como complexo de Édipo, sendo um dos conceitos fundamentais de Freud, na Psicanálise. Que já tive o prazer de ler.
Minha experiência com a leitura foi extraordinária, sou amante de casos policiais, estudo cognitivo da psicanálise e investigações interessantes, logo a leitura foi enriquecedora, fazia tempo que eu não lia uma história tão boa. Além de indicar o livro, indico o filme ?Psicose?, o documentário ?Dahmer ? Monster: The Jeffrey Dahmer? e séries como ? O canibal?, ?Os Filhos de Sam: Loucura e Conspiração?, ?Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy? entre muitos outros.
O autor Robert Bloch foi um conceituado escritor norte-americano, mais celebrado pelo seu romance de horror Psicose (1959). Posteriormente a história foi adaptada para cinema pelo célebre realizador Alfred Hitchcock, em que Janet Leigh e Anthony Perkins fizeram parte do elenco. Foi também conhecido como roteirista e um autor prolífico no gênero da ficção científica. Bloch foi por diversas vezes galardoado, tendo recebido um Prémio Hugo, um Bram Stoker Award e um World Fantasy Award. Chegou a ser presidente de 1970 a 1971 da Mistery Writers of America e foi membro da Science Fiction and Fantasy Writers of America. Faleceu em decorrência de um câncer em 23 de setembro de 1994.