Rafittha 10/04/2024
Psicose
Um clássico, sem dúvidas!
Comecei a leitura sem nenhuma pretensão e, após o relato de um amigo sobre o final, não consegui parar a leitura. Com uma narrativa que prende do começo ao fim, Psicose de Robert Bloch nos leva a um delírio literário. Um livro imersivo e magnético, com uma escrita fluida e simples.
O livro inicia-se com a história de Mary Crane, uma mulher que, ao roubar 40 mil dólares, foge para se encontrar e surpreende seu noivo Sam Loomis, que mora distante. Sam é dono de uma loja de ferragem e que possui algumas dívidas. Contudo, ao pegar um caminho errado e se vê em uma noite chuvosa na estrada, Mary encontra o Bates Motel, em uma estrada secundária e pouco movimentada, onde decide passar a noite.
O motel é gerenciado por Norman Bates, um homem gordo e esquisitão que sofreu ao ser criado por uma mãe narcisista e dominadora. O decorrer da narrativa nos leva a clássica “cena do chuveiro”, tão conhecida da cultura pop, a qual Mary é brutalmente assassinada. Após uma semana, sua irmã Lila, chega até a cidade para procurar Sam, e tentar solucionar o desaparecimento da irmã. Juntos, eles irão buscar respostas para o que aconteceu com Mary.
O livro tem uma narrativa incrível que tece uma rede de acontecimentos levando a um final de tirar o fôlego. A leitura gera ansiedade e leva o leitor a ler de forma compulsiva para descobrir o que acontece. Narrativa com poucos personagens, porém todos com papéis bem definidos e essenciais. Norman Bates é, sem sombra de dúvidas, um dos personagens mais bem escritos e desenvolvidos que tive a oportunidade de ler. Sua complexidade psicológica nos leva a acreditar em seus relatos, tão vivida é sua crença na veracidade dos seus atos. Contudo, a construção dos personagens secundários se mostra ínfima e rasa. Lila possui um grande potencial para ser uma personagem empoderada e relevante para a trama, porém torna-se apaga. Sua falta de atitude e iniciativa torna Lila apenas uma figurante. O mesmo se aplica a Sam, facilmente substituível por uma porta de um cômodo qualquer.
Sobretudo, afirmo que o desenrolar e revelação presente no final do livro me fez de fato apreciar a obra e ver Norman Bates como o grande protagonista da sua própria loucura. Um final que, particularmente, vejo como aberto. Norman, Norma, Normal… A criança, a mãe e o adulto. A maldita trindade. Quem é o verdadeiro monstro?