Arlete 04/01/2023
"O Islamismo não é uma religião Pacifica"
A sentença proferida por Ayaan Hirsi Ali (1969) Ativista, politica, escritora, somali-holandesa-americana, no início da leitura surpreende o leitor incauto.
Para além de distinções convencionais (Sunitas, Xiitas e outros), a autora apresenta uma divisão, não do Islã, mas dos muçulmanos: aqueles que são leais ao credo fundamental, fervorosamente devotados, porém não se sentem inclinados a violência são chamados, neste contexto de Muçulmanos de Meca; Os fundamentalistas, considerados um grupo crítico, desejam um regime baseado na Sharia, a lei religiosa Islâmica, são chamados aqui de Muçulmanos de Medina. Este segundo grupo representa apenas 3% dos muçulmanos (Acredita-se); há também os chamados Dissidentes, parcela que busca pensar, criticamente, a respeito da fé em que foram criados.
De Maneira brilhante Hirsi Ali conta o caminho que percorreu para chegar a ser uma dissidente, passando períodos da infância e da juventude nos outros dois grupos.
Singular.
Singular como o Islã, é a leitura deste livro que merece ser lido por todos. As paginas oferecem uma viagem pelo desconhecido(para muitos) mundo Muçulmano, as passagens apresentadas sao tao fortes que em alguns momentos sentimos o soco no estômago que é viver no século VII, sim o Islã esta no século VII e lá quer permanecer.
São registrados no livro um sem número de acontecimentos que demonstram o quanto o binômio Estado-Islã é nocivo, o quanto ter um conjunto de leis que são baseados em uma religião que não se renova há 1400 anos é devastador. O ocidente parece ainda cego aos malefícios de uma ausência de debate sobre o Islã, para nós não é razoável um Califado, porem o debate ainda é ausente.
O livro dialoga com a realidade brutal do radicalismo, apresenta a face mais atroz de uma religião que parou no tempo, cita-se um jovem de 23 anos, Hamza Kashgari permaneceu preso por oito meses por ter feito Twittes que davam a Maomé um ar de humanidade, foi considerado então um blasfemador. É Razoável?
Livro difícil de digerir e de fechar sem uma reflexão sincera sobre o mundo em que vivemos e os momentos em que Religiões tentam abocanhar nossas liberdades através de influência no Estado, surge ainda o questionamento, toda vez que falarmos sobre os excessos do Islã, em especial contra as mulheres e gays, seremos tachados de Islãmofóbicos ou amadureceremos e discutiremos os riscos que um Estado religioso representa para todo avanço intelectual, cientifico e humano?