Nora Webster

Nora Webster Colm Tóibín




Resenhas - Nora Webster


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Cesar Garcia 17/06/2020

Um livro tocante.
Um livro simples, tocante, que fala das coisas simples da vida, mas acaba indo aos lugares mais profundos de nossa alma.
Um livro para refletir e se apaixonar pela escrita belíssima do autor.
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Paulo Sousa 07/06/2018

Nora Webster
Livro lido 2°/Jun//31°/2018
Título: Nora Webster
Título original: Nora Webster
Autor: Cólm Tóibín (Irl)
Tradução: Rubens Figueiredo
Editora: @companhiadasletras
Ano de lançamento: 2014
Ano desta edição: 2015
Páginas: 400
Classificação: ??????
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"Não era a solidão que ela vinha enfrentando nem os momentos em que sentia a morte do marido como um choque em seu organismo, como se estivesse num carro que sofreu um acidente; era, sim, aquele movimento à deriva num mar de pessoas com a âncora levantada, tudo parecendo estranhamente desconcertante e sem propósito" (Posição no Kindle 2978/54%).
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Depois de "O testamento de Maria", eis que concluo mais um livro do escritor irlandês Cólm Tóibín. Conta a história da personagem que dá título ao romance, que aos 40 e poucos anos se vê viúva de Maurice, professor respeitado na cidade, que morre subitamente, deixando-a com quatro filhos para criar.
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Por si só a temática seria por demais frugal, não fosse as nuances com que Nora nos é apresentada. e as várias inferências que Tóibín vai dando à narrativa. De como ela, que apesar de ter sido uma garota "difícil" de lidar, conforme sabemos já no final do romance, mas que por viver numa cidadezinha no interior da Irlanda dos anos 1960, onde todos se conhecem e cujos preconceitos arraigados tornam a nova condição de Nora por demais difícil. Isso porque Nora viveu um casamento feliz. E por isso mesmo criou uma forma "espelhada" de viver, uma espécie de repetidora das decisões e ações do marido. Some-se a isso o agravante fato de que a intromissão exacerbada dos parentes, amigos e vizinhos na forma como Nora irá lidar com a casa, a educação dos filhos e de si mesma.
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A narrativa, quase que linear em sua totalidade, mostra o olhar atento de Tóibín por Nora, e me convenceu a habilidade do escritor em construir uma personagem tão lindamente bem, traçando nuances e a lenta mas gradual transformação da Nora acomodada ao confortável papel de esposa e do lar para uma mulher arredia, às vezes intransigente e hostil, capaz de romper - aos olhos de todos - paradigmas que irão causar sem dúvida a simpatia ou antipatia da cidade onde ela vive.
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Apesar de estas páginas sempre girarem em torno de Nora, há um enfoque - ainda que tênue - em como os parentes e amigos vêem Nora e sua atual condição, como sendo algum tipo de estorvo, um fardo que incomoda e de quem eles terão de carregar. Mas um contra-senso que percebi no romance é que ao mesmo que aqueles que a vêem como um "peso morto", a criticam por Nora dar mostras de que pode ser independente e capaz de conduzir sua vida e a dos filhos. É quando percebemos o quanto ela tem de enxotar as pessoas que a renegam mas a julgam. Numa situação assim nossa personagem principal teria mesmo de expressar a passagem que destaquei aqui acima, no início, por sinal, das mais profundamente tristes e fortes, como a evidenciar a ambígua e nova condição em que Nora se encontra.
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Vai gostar do livro leitores que se deleitam em romances cujo ponto central seja a metamorfose porque uma pessoa passa, evidenciando para todos que mesmo uma vida pacata e perfeita pode sair dos trilhos e é aí, diante das crises, quando é exigida uma mão firme e uma vontade incomum, onde as pessoas aparentemente fracas ou opacas se mostram fortes e "mais humanas", como certamente Nora é.
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Nana 16/11/2017

Bem morninho...
Este é um livro morno do início ao fim. Não tem altos e baixos, não tem uma trama com emoções, não tem momentos tensos e também não espere nenhuma reviravolta no final pois não haverá.
Trata de questões do cotidiano de uma vida comum, uma mulher que ficou viúva precocemente e precisa lidar com o luto, com a criação dos filhos, as dificuldades financeiras, a solidão e as mudanças na sua rotina após a perda do marido. Escrito com simplicidade e sensibilidade.
Acredito que só vai agradar quem realmente se interessa por este tipo de enredo baseado na vida real e que não se incomoda com o ritmo lento. Eu gosto e me agradou a maior parte do tempo. Nos capítulos finais comecei a achar meio cansativo e passei a esperar que acontecesse alguma coisa pra dar uma virada na estória, mas infelizmente não houve e o final me decepcionou um pouco. Enfim, quem quiser arriscar é por sua conta e risco...rs rs
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Ladyce 27/12/2015

Retrato de uma mulher
“Nora Webster” é um livro que retrata de maneira perspicaz o momento de passagem imposto, à revelia de quem o enfrenta, pela morte inesperada de um consorte. A narrativa se concentra na protagonista, que dá nome ao livro, resoluta viúva de quarenta anos, com quatro filhos, dois ainda crianças. Nora passa por um processo de auto-conhecimento após a morte de Maurice Webster, seu marido, professor do ensino médio. Esse processo revela a ela e a seus familiares e conhecidos aspectos de sua personalidade que inexistiam, ou melhor, que haviam permanecidos dormentes nos anos do casamento.

Vivendo numa pequena cidade ao sul da Irlanda, Nora tem um vida circunscrita. Não só pelo casamento, mas também pelo comportamento dos habitantes de Enniscorthy, cidade onde mora que, como na maioria de pequenos centros urbanos, tomam conta e observam os hábitos de todos que ali moram. Esse constante vigiar das ações dos outros só aumenta após a viuvez de Nora, e ela se cansa dos cuidados que seus vizinhos e conhecidos dispensam. Sente-se tolhida por tanta comiseração. Além da vida na pequena cidade controlar o comportamento dos moradores, outra força sociais estão presentes: a pressão da igreja católica, o movimento sindicalista dos trabalhadores e as escaramuças armadas entre a Irlanda do Norte e a Irlanda que culminaram no final da década de 1960, chamadas de “The Troubles”, (Na Trioblóidí, em irlandês) que se prolongariam por três décadas. Todos aspectos que iriam dar forma aos rebeldes anos da década de 1960, anos de grandes movimentos sociais e de quebra com hábitos e costumes do passado no ocidente.

Aos poucos, à medida que os três anos cobertos no livro se passam, Nora Webster descobre que encontrar seu próprio caminho pode não ser fácil. Depois de duas décadas casada, Nora se conscientiza de que muitas de suas opiniões sobre a vida, pessoas conhecidas, eventos políticos e até hábitos do dia a dia que haviam sido estabelecidos e adotados pelo casal, refletiam em grande parte a opinião de Maurice, seu marido, e não necessariamente sua opinião. Essa descoberta não vem de um momento de "Eureca!" mas em relâmpagos de constatação, quando pequenas ou grandes decisões exigem que sua opinião seja firme. No meio de um diálogo sobre política, no julgamento sobre ações de vizinhos ou colegas de trabalho, Nora Webster se pega sabendo o que Maurice diria. Até nos detalhes da vida familiar a onipresença de Maurice se faz sentir. Este é o caso da surpresa no prazer que Nora tem com a música, arte que havia sido ignorada pelo marido, e consequentemente por ela através de sua vida em comum.

Sutil é a palavra que define o desenvolvimento de Nora Webster. É pela sutileza que entendemos o processo de contínuo auto-descobrimento dessa protagonista, ainda que a tradição a condenasse a parâmetros que não aceita, mas em que a sociedade teima em enquadrá-la. Nora Webster não é a heroína ostensivamente combativa que poderíamos esperar para os anos 60 do século passado. É uma revolucionária só em sua própria vida, uma mulher introvertida, cheia de dúvidas, mas que não se apequena diante de decisões difíceis. Aos poucos descobre seus novos limites, uma vida diferente.

Ainda que haja muitos personagens importantes na história, dos filhos às irmãs, tia ou colegas de trabalho, é a ex-freira transformada em descobridora de talentos que abre para Nora a porta da vida futura. “Todos nós temos muitas vidas, mas existem limites. Nunca sabemos quais eles são.” [260]. A partir daí Nora passa a explorar novas vidas, suas vidas, ciente de que há muitas outras opções na vida do que aquelas que lhe haviam sido apresentadas. Nora passa a pressionar os acontecimentos até saber seus limites. Luta sozinha pela classificação de um dos filhos na escola; arranja novas acomodações numa viagem à Espanha, decide pintar o teto da sala por si só. São pequenos atos de exploração que podem ou não trazer resultados positivos, mas é justamente do testar sua potencialidade no dia a dia, que Nora ganha confiança de viver como bem entende.

Colm Tóibín trabalha vagarosamente descortinando o mundo de Nora Webster como ela o vê. Seu cuidado com detalhes permite que conheçamos o dia a dia, os pensamentos dessa heroína dos acontecimentos diários. Mas ele também é cuidadoso em não revelar tudo. Ao final temos a certeza de que há muito mais em Nora Webster do que sabemos. Há um lado que ficará para sempre inexplorado, guardado nas sombras de um casamento, no potencial imaginário dela, facetas que fazem de Nora um personagem esquivo, imponderável. Inesquecível.
Manuella_3 16/02/2016minha estante
Maravilhosa resenha, Ladyce. Comecei a leitura e percebo que estou vivendo ao lado de Nora, os pormenores esmiuçados revelando aos poucos esta mulher real, comum, um tanto eu ou você. Gosto dessa condução detalhada, da simplicidade da personagem, e anseio pelas suas descobertas.




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