Paulo.Vitor 21/11/2023
"A gente só revida. Batem na sua face esquerda. Você dá a face direita. Por um, dois, três - sessenta anos. Então de repente, você diz: Não vou dar mais a outra face. Se você estiver encurralado, revida o golpe."
O livro gira em torno da Uhuru (que é uma palavra Swahili para liberdade), no caso, o momento, pós segunda-guerra em que o Kenya vai conseguir sua autonomia/independência/liberdade política dos ingleses.
Acompanhamos a história de uma pequena cidade, que vai sediar um grande festival para comemoração da Uhuru. Em paralelo, conhecemos um pouco dos personagens principais, Mugo, Karanja, Gikonyo, Kihika, Mumbi, Koina entre outros.
Kihika era como um mentor, um líder do movimento revolucionário do Kenya, porém, este, durante esta revolução, acabou sendo delatado e morto, e ao lermos, nós, como leitores, acabamos por deduzir, de uma maneira até precoce quem é o traidor. Porém, a medida que vamos aprendendo um pouco mais sobre cada personagem, vemos que existem pelo menos 3 personagens que podemos desconfiar, seja por exemplo, um deles que acabou tendo cargos altos e, se tornando "amigo" dos brancos pós revolução, seja por ciúme, ou simplesmente pelas atitudes de um ou outro personagem.
O desenvolvimento desses personagens é muito bom, e por meio das relações entre estes, aprendemos um pouco mais sobre essa período tão dolorido pelo qual o povo do Kenya passou.
A narrativa fica no presente, e para entendermos o contexto de cada decisão, de cada relação e cada conversa, somos colocados no passado e entendemos um pouco mais sobre os habitantes da cidade, vemos as diferenças do antes e depois de cada personagem, e como a detenção forçada mudou a personalidade de cada personagem, tornando estes mais melancólicos, por exemplo.
Gostei bastante, achei um pouco mais denso que outros livros com temáticas parecidas que li, apesar de não ter muitas páginas, não é de simples leitura.