Flávia Menezes 28/08/2021
(SEM SPOILERS!) Tocas de Coelhos são sempre fascinantes!
Quando eu vi um livro do Stephen King com a foto do fatídico dia 22 de novembro de 63 estampado na capa, com o casal Kennedy sorrindo e acenando naquele que seria o seu último passeio como o 35º presidente dos Estados Unidos (pelo menos, vivo!), eu não descansei até começar a ler.
Eu tenho esse fascínio por John Fitzgerald Kennedy e sua esposa Jacqueline Kennedy (futuramente incluindo um ?Onassis? ao seu sobrenome) há muitos anos, e assim como o King (claro que não chego nem sequer no dedo mindinho do pé dele!) já li incontáveis livros sobre a vida e morte de ambos, bem como assisti a vários filmes, seriados e documentários (sem contar os podcasts que eu amo ouvir, só para poder escutar a voz do JFK, que segundo o King é anasalada e com sotaque da Nova Inglaterra) sobre a Dinastia Kennedy, então não foi nada difícil entender a história real por trás da ficção, nem reconhecer alguns dos nomes reais citados. Porém, eu quero te garantir que, se você não sabe nada do assunto (espero que pelo menos saiba quem foi John Kennedy!!), não se preocupe, porque o Prof. King lhe ensinará tudinho.
?Novembro de 63? foi um projeto do autor de 1972 que ele engavetou, e trouxe de volta aproximadamente 38 anos depois, com o favorecimento da nova tecnologia (salve a internet!), e da fama, que facilitou seus acessos à pessoas e dados ocorridos na época. Seu trabalho de pesquisa, que ele cita ao final do livro, é invejável. É um verdadeiro trabalho de historiador, e pensar que tudo isso (com ajuda ou não) se transformou em um livro de ficção como esse, me faz reverenciar esse autor por sua genialidade.
Como eu garanti que seria SEM SPOILERS, quero reforçar que eu não vou falar nada sobre a história, porque ela merece ser lida. Mas queria apenas falar de alguns pontos sobre a escrita do King, que mais me marcaram.
Em primeiro lugar, é interessante esse ?movimento? que ocorre nessa obra. King primeiro lhe prende com essa ideia brilhante e muito bem desenvolvida de ?Viagem no Tempo? e do ?Efeito Borboleta? despertando a nossa CURIOSIDADE, e nos fazendo avançar porque precisamos muito saber onde isso vai parar.
Logo depois, o protagonista desperta o nosso lado SENTIMENTAL, ao fazer menção à Derry, a cidade de uma das suas maiores obras, ?IT?, com esse crossover que acontece de um jeito bem gostoso, fazendo o nosso coração ficar quentinho, e mais uma vez, ele nos prende.
E se você achou que acaba por aí, está enganado. King arma uma bela de uma cilada, e nos toma, dessa vez, pelo PSICOLÓGICO, quando traz à tona o lado mais humano do seu protagonista, expondo suas vontades, desejos, sentimentos e também suas frustrações. E em um ponto como esse, dificilmente voltaremos atrás e abandonaremos uma obra como essa.
A essa altura, eu estava completa e irremediavelmente apaixonada pelo protagonista, e aqui eu preciso declarar minha admiração pelo King por personagem altamente masculinos. A personalidade desse protagonista é puramente masculina, e o meu feminino foi atraído com a facilidade com a qual uma abelha é atraída pelo mel. E é tão difícil ver um personagem tão primitivamente masculino ser tão fascinante, sem ter nenhuma sombra de toxicidade... Ele conseguiu me atrair mais do que JFK, e olha que eu nutro uma paixão de muitos anos por esse último!!
?Novembro de 63? mexeu comigo de uma forma que eu não imaginava. Cheguei até a ter que parar por uns dias, porque o protagonista era alguém tão incrível, que me engatilhou uma série de emoções. Por sorte me recuperei, fiz uma playlist incrível para a leitura (só consigo me concentrar para ler se estiver ouvindo música!), e mergulhei de cabeça até terminar. E olha, foi incrível!
Esse é um livro bem diferente do King, porque não tem muito aquele elemento surpresa do terror. Mas não pense que isso quer dizer que não tenha suspense, ou que não provoque aflição, porque é de deixar o coração aceleradinho (o meu ficou!). E além de ter tudo que faz o King ser esse escritor, que para mim passou a ser um Mestre Máximo da Escrita, ainda tem a parte de historiador, e é uma bela forma de aprender sobre a história dos Estados Unidos e o assassinato de JFK.
Ah! Já quase ia me esquecendo... Um ponto que eu tenho que colocar aqui, porque isso explica o motivo pelo qual o King escreve esses personagens masculinos tão incríveis e tão parceiros, é que a parceria que ele tem com a esposa é realmente invejável. Eu acho tão lindo o fato de que Tabitha é a primeira a conhecer todas as suas obras. Quem escreve sabe o quanto esse primeiro olhar é tão importante, e ter uma parceria na vida (e na escrita!) é uma dádiva!!