Pandora 02/11/2021Adoro contos e nunca tinha lido contos do King. Primeiro, li três histórias que me tinham sido recomendadas: Andando na bala, 1.408 e O homem de terno preto, das quais gostei muito. Mas foi ao ler o primeiro conto, Sala de autópsia 4, que fiquei realmente mexida, provavelmente porque trata de um temor particular meu.
Para ter o melhor de King, hay que tener paciência com o pior. Às vezes ele é chato, detalhista ao extremo, prolixo e faz umas piadas sem graça, mas constrói cenários e personagens tão críveis, que a gente acredita no que não existe. Tem o domínio da palavra e uma criatividade sem limites. E muito, muito conhecimento da mente humana.
Stephen King vai muito além do terror, explorando ao máximo as fraquezas e conflitos de seus personagens. É capaz de escrever um tratado de amizade como A morte de Jack Hamilton, trazer uma discussão ética em Tudo é eventual e mostrar o pesadelo da repetição em Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês.
Posso dizer que só não gostei de Almoço no Café Gotham e deixei de ler até o fim A câmara da morte pela previsibilidade da narrativa onde o americano sempre é o mais esperto. Porém… fiquei chocada ao saber que o quadro que é o mote de O Vírus da Estrada vai para o norte (um de meus contos preferidos) existe e pertence ao King. Ele mesmo pergunta: “Não é muito estranho?”. Sim, Stephen. Bota estranho nisso.
CONTOS NESTE LIVRO:
1. Sala de autópsia 4;
2. O homem de terno preto;
3. Tudo o que você ama lhe será arrebatado;
4. A morte de Jack Hamilton;
5. Na câmara da morte;
6. As Irmãzinhas de Eluria;
7. Tudo é eventual;
8. A teoria de L.T. sobre animais de estimação;
9. O Vírus da Estrada vai para o norte;
10. Almoço no Café Gotham;
11. Você só pode dizer o nome daquela sensação em francês;
12. 1.408;
13. Andando na bala;
14. A moeda da sorte.