@retratodaleitora 04/11/2015Não existiam limites que não poderiam ser quebrados por um barco rosa cruzando o oceano...
Jessica Watson tinha apenas 16 anos quando viu seu maior sonho se tornar realidade. Aos 12 anos ela já sabia o que queria e dali por diante lutou com todas as forças para realizar um grande feito: ela velejaria ao redor do mundo sozinha, desassistida e sem paradas; se tornando a pessoa mais jovem a fazer isso.
E, depois de muito correr atrás e ultrapassar as barreiras que insistiam em aparecer, ela conseguiu. Jessica passou 210 dias no mar. Enfrentando todas as rebeldias da natureza e lutando para se manter fisicamente e psicologicamente saudável em mares revoltos e climas variados.
Apesar de terem sido muitas as provações que ela passou durante esses meses sozinha, a vida no mar para Jessica foi incrível. Ela teve tempo para conhecer seus limites, suas habilidades e treinar seu raciocínio.
Difícil, no entanto, foi convencer as pessoas de que ela seria capaz. Aquela garotinha magrela e de aparência frágil não podia ficar sozinha no mar por tanto tempo, poderia?
Críticas pesadas e comentários maldosos começaram a surgir, mas nada disso conseguiu parar a garota. Ela tinha um sonho e iria alcança-lo; independente do que iria acontecer, ela pelo menos teria tentado. E ela provou ser capaz. Mesmo ondas de quase 12 metros não acabaram com sua viagem, apenas serviram para que ela ficasse mais forte.
Seu barco, o Ella's Pink Lady, sofreu maus bocados junto a Jessica. Todo pintado de rosa ele foi um simbolo de sua feminilidade unida a sua força e perseverança. Uma garota estava fazendo aquilo. Não existiam limites que não poderiam ser quebrados por um barco rosa cruzando o oceano.
A infância de Jessica não foi como a da maioria. Seus pais sempre amaram viajar, e continuaram fazendo isso mesmo depois dos 4 filhos. Ainda bem criança eles abandonaram a escola para serem educados em casa; e o lar deles poderia ser um barco ou um ônibus em movimento explorando a cidade de Sydney, para onde resolveram se mudar depois de um tempo vivendo como nômades. Jessica sempre teve muita dificuldade na escola, logo diagnosticada com dislexia.
A vida imprevisível junto à família não a afetou de forma alguma, como poderiam achar algumas pessoas. Jessica sempre teve um espírito livre e sonhava grande. Seus país nunca interferiram em seu desejo de velejar ao redor do mundo, nem insistiram para que fizesse isso. Ela foi livre para fazer as próprias decisões, e mesmo com os pais preocupados com sua segurança e seu emocional, ela não pensou em desistir.
Quando, em uma comemoração pelo seu feito, foi chamada de heroína, Jessica logo fez questão de dizer que não, ela não era. Era apenas uma pessoa normal que correu atrás de seus sonhos com muita ajuda de seus apoiadores e patrocinadores. Ela fez o que qualquer pessoa com um sonho e com ajuda para realizá-los faria; Jessica o realizou, inspirando milhares de pessoas ao redor do mundo a fazer o mesmo.
Durante sua viagem ela passou por vários momentos de aceitação. Primeiro veio a excitação por estar finalmente onde sempre sonhou; depois veio a saudade de casa e de ter pessoas por perto para conversar; por fim veio a confirmação de que seu maior desejo tinha se realizado e que de ali por diante ela já não seria mais a mesma. Algo mudava dentro de Jessica, e ela estava pronta para isso.
Ler a trajetória de uma garota comum até a realização de seu maior sonho foi uma experiência interessantíssima e que me trouxe um misto de sentimentos. Por já começar a leitura tendo consciência de que ela conseguiu o que queria, eu cheguei a achar que seria uma leitura enfadonha, mas logo nas primeiras páginas vi o quão bom seria acompanhar sua caminhada desde o começo, em sua infância. Foi inspirador.
Durante sua viagem ela manteve seu blog sempre atualizado com pequenos diários de bordo. No livro acompanhamos esses "diários" e também alguns comentários que ela faz sobre o dia em que escreveu aquilo e coisas que resolveu não publicar no momento.
Alguns desses textos foram muito repetitivos, o que depois de um tempo acabou se tornando um pouco entediante. Isso me incomodou, mas não atrapalhou em nada minha compreensão.
A diagramação do livro é belíssima e possui muitas imagens do acervo pessoal de Jessica e também fotos de momentos importantes de sua vida, com sua família e amigos. Todas essas imagens foram escolhidas a dedo e com consentimento dela.
Como ela mesma conta em alguns momentos, todo o livro foi escrito por ela, mas por ter dislexia Jessica precisou da ajuda de editores para deixar o texto mais conexo.
Eu gostei da leitura. É válida e, como disse antes, é inspiradora. Apesar dos trechos repetitivos que me cansaram de certa forma, realizei a leitura em pouco mais de um dia. Sem dúvidas uma leitura bem-vinda para quem gosta de biografia ou relatos de viagem.
Veja mais detalhes do livro no blog clicando no link abaixo.
site:
http://www.osnosdarede.com/2015/11/resenha-destemida-jessica-watson-belas_4.html#more