Ana 23/02/2021"Aquele que está caído não teme a queda" epígrafeO primeiro livro escrito por Charlotte Brontë, rejeitado para publicação pelo menos 9 vezes e finalmente publicado postumamente em 1857.
William Crimsworth é o narrador em primeira pessoa da história, ele é o professor. William era um órfão cujos tios pagaram por sua educação em Eton e em adulto decidiu cortar laços com sua família aristocrática. Depois disso, ele encontra seu irmão rico (por conta do casamento) e começa a trabalhar em sua fábrica. A vida na fábrica não combina com William, que também não tem um bom relacionamento com o irmão. Ele, então, se aventura em uma carreira docente em Bruxelas, onde sua verdadeira jornada começa.
Devo dizer que não gostei tanto deste livro quanto Jane Eyre ou Villette, mas ainda assim o recomendo. É uma leitura agradável e, embora seja seca em comparação com seus outros romances, ainda podemos ver a genialidade de Charlotte através das fissuras.
O que eu gostei neste romance é que ele representa a maioria das discussões vitorianas da época sobre intelecto x trabalho e corpo x alma (psicologia). William é estranhamente obcecado pelo formato do crânio das pessoas e também por descrevê-las fisicamente. No século 19, houve uma pseudociência influente chamada frenologia, que afirmava que, observando a forma do crânio das pessoas, era possível determinar seus atributos psicológicos.
Mas, nos romances de Charlotte, o corpo não representa a alma, ele a contém e a restringe. O que você percebe de fora é enganoso. O seu exterior não é um reflexo de quem você é por dentro e, por isso, o seu interior é frequentemente inacessível para outras pessoas. Dessa desconexão vem a sensação de isolamento, má interpretação e má representação do indivíduo.
Significativamente, todos os romances de Charlotte são narrados na primeira pessoa, para mostrar a tensão entre como as pessoas percebem o personagem principal, como o personagem principal se percebe e como o personagem principal deseja ser percebido.