Erika 21/04/2010Matemática, humor e crítica social - PERFEITO!Planolândia é um mundo com apenas duas dimensões.
Na primeira parte do livro, o narrador descreve sua sociedade (as referências à Inglaterra vitoriana são notáveis). As críticas são inteligentes e super divertidas, muitas (muitas mesmo) delas aplicáveis ainda nos dias atuais. As mulheres, o proletariado, os comerciantes, os governantes, o clero; está tudo lá, descrito com uma criatividade e agudeza ímpares.
A hierarquia social é ditada pelo número de lados de cada ser: as mulheres são uma reta (no nível mais baixo, sem lados, sem voz, subjugada a todo tipo de preconceito característico à época); no topo da pirâmide temos o clero, formado por círculos, a forma perfeita (são tantos os lados, que tornam-se imperceptíveis).
Na segunda parte do livro, o protagonista recebe a visita de um ser da Espaçolândia, um mundo com três dimensões, e dá-se o embate: o que é real? como crer em algo que não se vê, que não se pode perceber? como abrir mão do que se crê verdadeiro desde... desde sempre?
E é aí que vemos a nós, tolos e egocêntricos, negando o que não podemos perceber com nossos sentidos totalmente limitados.
É impressionante a atualidade de um livro escrito há mais de 100 anos.
A narrativa é inteligente, divertida e facílima (alguns se assustam com os conceitos matemáticos presentes no livro, o que em minha opinião, prejudica em nada a leitura; só deixou-me mais impressionada com a criatividade das metáforas usadas pelo autor).
Planolândia é fantástico! Acho que todos, sem exceção, deveriam lê-lo.