Lu 20/06/2017
Precisamos de uma Dona Eleonora. Urgentemente.
Ao ler a sinopse do "A Revolução da Lua", eu esperava um romance histórico mais ou menos do estilo de "A Rainha Normanda", da Parícia Bracewell, ou mesmo dos livros da Philippa Gregory, onde o foco estaria na Eleonora, suas paixões, ambições, angústias e, com uma boa dose de romance e liberdade criativa, se contaria um determinado fato histórico.
Não é que o livro não tenha uma boa dose de romance ou liberdades criativas e históricas, mas ele está muito, muito além disso. A chave está na divertida narrativa de Camilieri, cujo humor tornou o embate entre a marquesa e o Conselho Régio num jogo de gato e rato... com ênfase nos "ratos", diga-se de passagem. Ele lembra, de longe, o estilo do Zafón, com aquele humor meio escrachado, quase absurdo.
O efeito disso é que a história se tornou, de certa forma, atemporal e universal. Embora ela se passe na Sicília do século XVII, ela poderia, facilmente, se passar numa cidade do interior do Brasil, em 2017. E, com tudo o que está acontecendo, eu acho que foi uma leitura que não apenas me divertiu, mas que me fez muito bem. Ele me deu um pouco de esperança.
Quanto a Dona Eleonora, achei curioso o tratamento que o autor deu a ela. Em vez de torná-la o foco, ele a envolveu em mistério. É através de sua coragem e, mais do que isso, de suas ações, que deixam claro o quão extraordinária ela foi. Terminei o livro querendo saber mais sobre ela. Os personagens secundários também são muito bons.
Por fim, foi um livro que me surpreendeu. É o meu primeiro favorito do ano, por sinal (2017 tá meio difícil). Acho que, se eu fuçar bem posso encontrar um outro defeito, mas nada que me faça querer diminuir as cinco estrelas.
Recomendo!