Clauclau/Eu leio sim e daí 25/10/2015
Inesquecível
Cozinha à Prova de Ratos
Autora: Saira Shah
Tradução: Márcia Frazão
Editora Rocco
Pag. 335
Ano: 2015 – 1ª ed.
Gênero: Ficção inglesa
Fonte: Bom tamanho para leitura espaçamento adequado.
Olá turminha boa de leitura, em um domingo desses estava na Livraria Martins Fontes e me deparei com esse livro “Cozinha á prova de ratos”, pedindo para acompanhar-me até minha casa. Não resisti ao seu charme e me rendi aos seus apelos.
A capa do livro corresponde ao nome do livro, é de bom gosto, ele remete ao final de tarde, adorei!
Páginas amareladas e levemente áspera, ótima para manusear, perfeito!
Esse é o primeiro romance escrito pela documentarista britânica Saira Shah. Ela constrói uma história comovente, inspirada na sua própria experiência real de tornar-se mãe de uma criança com necessidades especiais. É uma história que fala sobre as emoções e os obstáculos que a vida nos agrega e é a tradução do amor, se por acaso existe um tipo de tradução para um sentimento tão doloroso, isso mesmo, doloroso, porque o amor dói. A vida muitas vezes nos prega peças e somos colocados á prova!
Quando Anna, uma chef de cozinha descobre que está grávida, ela planeja deixar para trás a sombria Londres e levar uma nova vida na França, com o marido Tobias que é músico e sua filha Freya, mas o casal sofre uma grande decepção ao descobrir no nascimento da filha que ela é portadora de paralisia cerebral e não será a criança que eles sonhavam em ter. Quando se espera uma criança os pais ficam cheios de expectativas e se perguntam: Qual será a cor dos olhos e cabelos, com quem irá parecer ou se ela será normal. A criança sempre será especial, isso independe se ela é normal ou não e nos tornamos seus escravos e experimentamos o sabor e o aroma do amor. Será que sem amor podemos resistir e prosseguir? Sim. Tem que assumir seus receios, medos e preconceitos e olhar para frente e apenas decidir para onde seguir.
Muitas vezes nos pegamos tentando guardar aqueles momentos tão sublimes, mas temos medo que a memória falhe e não poderemos registrar o sentimento preciso de cada toque, de cada instante tão importante, pois era assim que Anna estava se sentindo, ao mesmo tempo estava contra-a-parede, sentindo-se muito sozinha.
Enquanto isso, Tobias continuava a se esconder e negar o amor que tanto sentia pela filha tão esperada e desejada. Será que ele tinha medo de se entregar? Será?
Quando aquela noticia foi dada, eles não queriam saber e nem entender. No fundo de seus corações eles queriam fugir da realidade e começaram a devagar, imaginando os primeiros dias da filha e como ela seria alegre e cheia de vida, começavam a imaginar ela engatinhando e mais tarde conduzindo-a para a escola e que nada daquilo que foi dito pelos médicos era verdade e sua criança era normal e saudável, e os médicos teriam errado feio em seus diagnósticos. Até que eles caem na real e veem que quem estava errado eram eles. Anna queria fugir de todos e não queria contar o que estava acontecendo, porque ela não queria aqueles olhares e sussurros de piedade.
Ninguém pode medir o amor dos pais, mesmos perdidos em suas angustias e incertezas.
Essa é uma história sublime e delicada. Os personagens secundários foram muito bem construídos e amarrados.
Uma mãe que vivia intensamente cada momento com a filha como se fosse o último instante, cada dia um sabor, um aroma, uma consistência com muita leveza e profundidade.
Uma história que nos ensina que devemos prestar atenção, pois a cada instante nos é oferecidos pequenos e grandes milagres, basta apenas colocar óculos para enxerga-los.
Eu indico esse livro, e fiquei feliz em poder ter lido uma obra com tanta sensibilidade e tão verdadeira, sem enrolação e artimanhas, muito rica em detalhes.
Por hoje é isso, Tchau!
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