Sara.Marques300
06/05/2020'Meu nome é Aminata Diallo".O livro dos negros conta a história de Aminata Diallo, nascida na aldeia de Bayo no oeste da África. Uma bamana e uma fula (grupo étnicos), filha da África.
O início do livro, Aminata já em avançada idade está reunida com os abolicionistas em Londres, disposta a fazer o impossível para ajudar seu povo, a africana como é chamada, conta sua história pela última vez afim de através dela contar as histórias de inúmeros negros que foram escravizados, torturados, estuprados, humilhados e mortos pelos Toubabus (brancos).
Voltando ao passado Aminata compartilha um pouco da infância, da sua aldeia, e de seus pais. Criada embaixo da fé mulçumana, o pai, Mamadu vai contra todas as regras, e as escondidas ensina sua filha as orações, algumas palavras em árabe e incita o coração da filha a sempre buscar a aprender. Sua mãe Sira Kuribali era conhecida nas aldeias vizinhas por seu trabalho como amparadora de bebês (parteira), Aminata sempre acompanhava a mãe e aos poucos aprendia o ofício. Em dado momento sua mãe foi chamada para amparar um bebê na aldeia Kinta, na volta para casa foi alertada que tomasse cuidado porque corria histórias que os Taubabus estavam capturando negros para comê-los e eventualmente um negro sumia.
E foi na volta para casa que Aminata, sua mãe e Fomba negro da aldeia são surpreendidos por outros negros que tinham a intenção de prende-los, sua mãe lutou pela sua e a vida de sua filha mais foi morta. Capturada, Aminata, muçulmana nascida em liberdade se torna escrava.
"Caminhei porque fui feita para isso. Caminhei, porque era a única coisa a fazer". pg.34
Partir daí, de forma bem detalhada a menina que tinha seus 11 anos, conta como foi o período que andou 3 luas a pé, nua e presa ao libambo por uma terra que ela não tinha se quer a ideia da dimensão do tamanho. Foi nesse percurso que ela amparou o primeiro bebê sozinha, nua e em frente a todos os outros prisioneiros que ela sangrou pela primeira vez, que percebeu que além do fulfude e do bamanankan havia outros dialetos, da qual ela fazia questões de decorar algumas palavras, aprendeu que eram seus irmãos de cor que os capturava e ali que conheceu chekura, outra criança que trabalhava com os captores.
Quando enfim chegaram ao um cais, se depararam com a maior canoa que tinham visto, de lá o odor que se sentia, era de comida estragada, sangue e morte.
No navio negreiro, após Aminata ser marcada como se fosse uma animal ela é obrigada a começar a auxiliar os Taubabus como intérprete, já que falava dois dialetos bem e arriscava alguns. Muita morte, choro, fome, perda da sanidade foram vista ali, negros que se revoltaram e lutaram por suas vidas. Mais no fim, poucos sobreviveram a pior experiência vivida, quem saísse vivo do navio negreiro era considerado forte.
"Todas as vezes que naveguei nos mares, tive a sensação de planar sobre os insepultos". p.16
Chegando em terra firme, outras lutas foram travadas por Aminata. Foi escrava de dois senhores, casou-se, foi mãe, professora, aprendeu outras línguas e se destacou como negra sabida. Permaneceu de pé até quando pareceu que iria entregar os pontos, e por fim se tornou "a djeli (contadora de histórias), que sempre desejara ser". p. 376
Embora o livro seja vendido como ficção, o autor Lawrence se deu o trabalho juntamente como uma equipe, de fazer grande pesquisa sobre o tema afim de dar voz a histórias reais em meio a ficção. Lawrence é sociólogo e estudioso da temática da escravidão, descendente de africanos escravizados nos Estados Unidos com ajudar de diários, relatos de viagens e documentos com narrativas de escravos a mais de duzentos anos, deram veracidade a criação do enredo.
Nada mais a dizer, recomento 100%