Aione 18/11/2016Publicado pela editora Angel, Ensina-me a viver é o primeiro livro da trilogia de estreia de Thais Benício. Aqui, temos a história de Nicholas, cujo passado traumático o levou a evitar envolvimentos amorosos, mantendo apenas relacionamentos casuais. Porém, ao conhecer a jovem e inocente Ellen, seu coração balança pela primeira vez em anos, fazendo-o questionar sua determinação em não se envolver seriamente com alguém. Do encontro de ambos, surge uma amizade, e justamente quando eles passam a questionar se essa amizade pode se transformar em algo mais, o passado de Nicholas retorna, podendo colocar a perder tudo o que os dois construíram até então.
Em primeira pessoa, a narrativa de Ensina-me a viver acaba sendo seu destaque, já que traz apenas a perspectiva de Nicholas, ao invés da visão da protagonista ou intercalada entre os dois, como de costume em obras do gênero. Ainda, os flashbacks inseridos pouco a pouco nos capítulos acabam por aguçar a curiosidade do leitor sobre o passado de Nicholas.
A escrita de Thais Benicio notadamente demonstra potencial. A autora sabe construir momentos de fluidez, bem como de romance e drama, com a intensidade necessária a cada um. Porém, por ser iniciante, é possível também encontrar passagens mais amadoras, que carecem de mais trabalho literário, até porque Thais ainda está em construção e amadurecimento de seu estilo.
Por já não ser muito fã de romances eróticos, as características próprias do gênero acabaram influenciando a leitura de Ensina-me a viver, sobretudo no que diz respeito aos aspectos do protagonista. Nicholas é o típico bad boy, com atitudes muitas vezes abusivas e controladoras, e, ao invés de eu cair de amores por ele, repudiei praticamente todo seu comportamento, não sendo convencida pela clara romantização que há no enredo. Também, as demais personagens me pareceram descritas de maneira mais superficial, sem muito aprofundamento em suas complexidades, tornando-as menos verossímeis e, até mesmo, menos coerentes em alguns pontos.
Essa incoerência, aliás, se estendeu para alguns outros pontos da história. Há certas lacunas nos acontecimentos, que são comuns durante o processo de escrita pelo fato do escritor, por ter todos os detalhes em sua mente, não notar que podem faltar explicações para quem está de fora. Sendo assim, torna-se papel de quem faz a leitura crítica, preparação e/ou revisão do texto alertá-lo, para que as lacunas sejam preenchidas. Nesse aspecto, o trabalho realizado pela editora deixou a desejar, não apenas pelas incoerências observadas, mas pelos próprios erros clássicos de revisão (ortográficos, gramaticais, de pontuação etc.) e pela diagramação em si, com erros em alguns capítulos.
De maneira geral, ainda que Ensina-me a viver não seja meu tipo de leitura e, assim, não tenha funcionado para mim, é um romance capaz de agradar os aficionados pelo gênero, principalmente por trazer elementos tão próprios dele: cenas hots, um protagonista bad boy rico que acaba sendo herói da mocinha, conflitos do passado que interferem no presente e, sobretudo, romance sem moderação, que chega, inclusive, a roubar o lugar das cenas eróticas como um todo.
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