Paulo Silas 16/06/2017Uma coletânea de contos produzida de maneira singular. A proposta foi a de que todos os colaboradores seguissem soltos para construir suas histórias livremente, mas isso dentro de uma mesma ideia geral. Essa ideia é o contexto no qual os contos se passam. Seguindo um mesmo direcionamento, os contos são histórias isoladas, mas que também pertencem a um mesmo mundo, a uma mesma história geral, possuindo assim um liame que, de maneira ou outra, acaba os unindo. Dessa forma, os contos podem ser lidos não necessariamente na ordem que constam na livro.
O mote que dá ensejo à obra coletiva (cada autor colaborador é responsável por um conto) é um hotel sombrio. Repleto de histórias sobre sua origem e sobre o que acontece com seus hóspedes, o King Edgar Hotel é o local onde os acontecimentos de cada conto se situam. O livro traz logo em seu início as características do hotel, a fim de que o leitor possa melhor se situar no decorrer da leitura - até mesmo por ser a partir disso que os contos seguem. São 21 andares, cada qual com 10 quartos. Não é necessário fazer registro do hóspede quando do check in. É cobrada uma única diária no momento da entrada, independentemente do tempo que o hóspede ficará no hotel. É o hóspede que escolhe o seu quarto a partir de um quadro na recepção, onde estão todas as chaves com chaveiros em estilos que correspondem a decoração do quarto. Essas e mais algumas características definem o ambiente do hotel.
É uma obra volumosa, que conta com mais de 500 páginas. Sendo curtos os contos, o livro acaba tendo um grande número de capítulos. Isso dá ensejo a diversas formas de narrativas literárias - seguindo o gênero do terror. São estilos para todos os gostos: histórias de fantasmas, de demônios, de assassinos, de vampiros e de diversas outras criaturas que habitam o King Edgar Hotel. Alguns contos se situam num terror mais climático, psicológico, enquanto outros apresentam relatos mais bárbaros e viscerais.
Dada essa pluralidade de autores e de estilos, mesmo seguindo uma mesma linha e um mesmo gênero (terror), há contos que agradam e outros que não. Creio que isso dependa muito do leitor. De minha parte, achei diversas histórias boas, bem como diversas ruins - não pela forma de escrita ou de estilo (nesse aspecto, todos os autores são muito bons), mas pelo enredo em si - alguns contos não convencem, sendo "sem sal e sem açúcar", enquanto outros pecam pelo exagero. Ainda assim, essa percepção pode decorrer de preferências de cada leitor. O livro como um todo é bom. É uma boa pedida para todo e qualquer leitor que goste do terror como gênero literário.
É uma proposta bastante interessante e que teve um bom resultado. Excelentes contos estão à espera do leitor sedento pelo gênero do terror. Vale a pena conferir!