Vi 15/04/2017
Primeira metade difícil de ler, outra metade vale a pena.
Para começar, "Confie em Mim" foi difícil para eu classificar. Para mim, metade dele foi difícil de ler, mas a outra fluiu bastante. Então decidi por essa nota, porque a meu ver talvez uma pessoa menos determinada interromperia a leitura.
"Confie em Mim" conta de Abby, principalmente. Vocês podem saber mais sobre o que ocorre no início nas minhas Primeiras Impressões, mas resumindo: o livro começa 3 meses depois que Abby encontrou seu namorado nu deitado na cama com a irmã gêmea. Arrasada, Abby tenta encontrar forças para seguir em frente; tentando se livrar de Noah, que a segue e continua insistindo que ele pode explicar.
O narrador segue Abigail pelo livro, afora alguns poucos capítulos. Vemos a maioria da história pela visão dela, mesmo em terceira pessoa. A autora escolheu muito bem o foco narrativo, alcançando com certeza seu objetivo de promover certo mistério para a trama. Esse foco, porém, me incomodou algumas vezes, já que eu não consegui amar 100% Abby. A primeira metade do livro gira em torno de Abby, enquanto tenta encontrar um jeito de superar tudo de uma vez. Toma decisões muito estúpidas pelo caminho. Para mim, o tempo em que ficamos com Abby sofrendo e refletindo é longo demais. Demora para chegar no clímax do livro e quando chega já temos mais ou menos uma ideia do que pode ter acontecido. Eu diria que da metade para frente é uma das melhores partes, embora eu ache que talvez tenha faltado um capítulo a mais na decisão final (com a irmã) ou mais algumas dicas durante o livro levando até o final. Eu gostei do final, achei a ideia arriscada - porque pode ser visto como forçado - mas a autora soube equilibrar muito bem as cenas e tornou o final algo bastante interessante.
Um ponto que vocês talvez já tenham me ouvido falar sobre são as exclamações na narrativa. Eu não gosto. Mesmo. Sinto como se o narrador estivesse querendo dar o ânimo que o leitor deveria ler. Tinha uma frase "e ela não estava errada!" ao invés de sem exclamação e parece que o narrador está tomando as dores da personagem. Isto não é meu favorito. Gosto de pontos finais, ponto e vírgula ou dois pontos na narrativa, rs. Mas isso com certeza é um gosto meu - varia de pessoa para pessoa.
Falando um pouco, agora, só da Abby. O jeito que ela se fechava em si mesma para se proteger, sem tentar descobrir o que realmente pode ter acontecido... Me irritou. Admito que os pensamentos dela, porém, são bastante coerentes com a personagem. A autora não errou em nada ali - ela se determinou a fazer uma personagem de um jeito X e manteve-se fiel a esse jeito X, eu só não gostei da personagem. Gosto mais dela mais para os capítulos finais, quando o drama dá uma sossegada. O problema para mim é que Abby é uma cabeça-dura sem remédio e realmente acha que tem a solução pra tudo sozinha, sem sequer tentar ouvir o que os outros veem. É uma personagem que só evolui mais para o final e o resultado é bem melhor que a primeira Abby, que comete erros grandes que a levam a sofrer por mais tempo.
Gostei do Noah, não vou falar muito dele para não dar spoiler. Embora eu ache que ele teve umas decisões meio portas, gostei dele.
Amanda... Amanda é uma garota que dá vontade de socar o livro inteiro, mas que no final - e essa personagem realmente me impressionou, a autora está de muito parabéns pela construção da Amanda pelo livro - se revela muito peculiar. O final foi muito complicado e detalhado, acho que a autora certamente acertou no tom de Amanda e no tom do final dela. Com certeza foi algo tocante e de peso. É uma personagem que só no final de tudo percebemos o quanto é profunda e ingênua ao mesmo tempo.
Uma das minhas personagens favoritas certamente foi o pai. Adoro Jordan. Respeito por esse homem, sempre! Algo que tenho que ressaltar nesse livro é que toda personagem secundária tinha seu modo de se mostrar. Sei detalhes das personagens secundárias, me apaixonei por elas, e a autora foi sensacional nisso. Jordan aparece relativamente pouco, na trama, mas quando aparece é bem para arrasar com o coreto. E esse toque de aparecer às vezes com força faz toda a diferença na hora de o leitor notar que ele está lá e ele defende X ideias.
Recomendo para quem tem paciência e realmente se interessou pela história. E também para quem gosta de ler livros mais reflexivos e que possui bastante os pensamentos das personagens (coisa que eu até que gostei em algumas horas! Mas acabei enjoando na metade.) Essa história requer que você pare para lê-la e se envolva com ela. Aí sim você consegue tirar tudo que ela pode te dar!
Obrigada a todos!
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