Cy 04/05/2011
Uma cidadania fácil de rasgar
Gilberto Dimenstein é um jornalista brasileiro autor do livro "A guerra dos meninos", que denunciou ao mundo o assassinato sistemático de crianças no Brasil. O autor também tem outros trabalhos de reportagem importantes, compiladas em forma de livro, como "Meninas da noite" e o próprio "O cidadão de papel".
Como de praxe, em "O cidadão de papel - A infância, a adolescência e os Direitos Humanos no Brasil", Dimenstein escancara através de números e estatísticas o não cumprimento da função do sistema, e a forma como nossa tão prezada cidadania é existente somente no papel. A denúncia de Dimenstein vai além do desrespeito aos Direitos Humanos, assegurados pela Constituição. Ele alerta para o perigo do não enfrentamento dessa realidade que deixa marcas profundas na sociedade - violência, distribuição desigual de renda, mortalidade infantil, condições sub-humanas de existência, desemprego, exploração do trabalho infantil, urbanização, violência doméstica, drogas, desnutrição, tragédia educacional.
O livro, publicado em 1993, foi re-editado em 2009 pela Editora Ática, e recebeu reformulação em alguns números, textos e imagens, além de se ajustar a atual realidade brasileira, principalmente no que diz respeito ao impacto tecnológico mundial. A edição que eu li é a do ano 2000.
"O cidadão de papel" é uma excelente ferramenta de estudo e reflexão que não deveria ficar de fora das salas de aula. Suas edições trazem, inclusive, simples material de apoio ao professor, e a última, de 2009, ganhou até mesmo um site interativo para complementar a reflexão que o livro propõe.
Além disso, a formação de um leitor crítico acaba se tornando uma grande preocupação para o autor, que alerta para a importância de questionar tudo o que se lê e ouve, independentemente de quem tenha escrito ou falado. Como ele, acredito que este seja o primeiro passo para a formação de um cidadão consciente de seus direitos e deveres. Só assim seremos capazes de mudar o conceito de cidadania de papel que vigora no Brasil.