Elias Flamel 07/02/2023
Essência e se arriscar
Livro infantis são a junção perfeita entre o narrar e o ilustrar. A partir deste fato a fábula nacional, de Alexandre Camanho, com um coração francês e temas fortes do Brasil merece elogios e também deve ser parabenizada por ter consigo um diferencial
Entendo que na arte sequencial as palavras são um complemento ao desenho. Já no livro infantil, as duas andam juntas. No belíssimo "Os três ratos de Chantilly" o narrar com doçura, ao melhor estilo era uma vez, divide espaço com um tom nefasto. Trata-se de uma dose bem moderada, sendo perfeita como uma primeira história mais pesada para um pequeno ou pequena dando os primeiros passos na segunda infância. Este feito é conquistado através das ilustrações e uns detalhes precisos na trama.
O trio de ratos de pelo espichado, cegos, com pedaços de lixo consigo e sombras que se misturam a sujeira fogem do clássico infantil onde tudo é belo, pois precisam lidar com a fome. Continuo a citar os personagens e a coruja, o antagonista com traços vilanescos, possui os olhos grandes de um amarelado perverso (no instante que voltei a ser criança com o texto, me encolhi ao gastar tempo com a ilustração do caçador noturno de penas marrons). Dois pontos que combinam com o ar mais maduro da trama onde a pobreza é acentuada para logo depois dar um lugar a um esbanjar e termina com uma lição de moral diferente. A ótima obra de Alexandre Camanho não faz dos ratinhos pobres um grupo de virtuosos e premia pela inteligência em vez de consagrar uma suposta índole intocável.
Arte nacional que sabe utilizar a essência das histórias infantis, escolhe o diferente no encerrar e toca em pontos fortes com sutileza. Deve ser lida e aplaudida.