Resenhas - O Amor que Acende a Lua

Katia Rodrigues 05/02/2024

"A alma é uma catedral submersa"
Conheci Rubem Alves por acaso. Esbarrei, anos atrás, em um de seus livros, "Ostra feliz não faz pérola", enquanto fuçava promoções de e-books. O título me cativou. Eu não gostava de crônicas, mas mesmo assim resolvi dar uma chance. Baixei um pdf fulerage (não façam isso em casa, crianças), e ele permaneceu anos mofando no meu kindle, até que, em 2022, desencalhei o bendito da minha prateleira virtual. A leitura veio na hora certa. Foi amor à primeira crônica.

Rubem Alves era psicanalista, e muitas de suas crônicas surgem de reflexões filosóficas sobre o ser humano, sobre o estar no mundo. Ele nos convida, à sua maneira, a refletir os movimentos da vida. Amante de poesia, Rubem cita diversos poetas. Fernando Pessoa e Cecília Meireles são frequentes. Faz sentido. Filósofos por excelência.

A maneira como Rubem diz as coisas mais sérias por meio de uma aparente conversa-fiada despretensiosa é cativante. Por exemplo, na crônica, "Os moradores do albergue", ele explica os conceitos freudianos de Ego, Id e Superego da maneira mais criativa que eu já vi, "Freud percebeu que o corpo era uma casa de três andares, onde moravam três moradores muito diferentes. No térreo mora um pacato cientista, professor, de hábitos tranquilos e racionais. No porão um playboy sem juízo, que se entrega pela noite adentro a orgias barulhentas. No andar superior funciona um tribunal onde são julgados, condenados e frequentemente punidos os que se desviam das leis impostas pelo juiz que preside o dito tribunal.". Nunca mais esqueço!

Nessa crônica, ele compara nosso corpo a um albergue, "Há moradores de todo tipo - e curioso é que o corpo, parece, não faz uma investigação das credenciais do pretendente a albergado, antes de aceitá-lo como morador.". Somos moradia que abriga vários "eus", de personalidades diversas.

"Comenta o poeta, que se sabia irremediavelmente um fingidor: 'Que sei do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas eu penso tanta coisa...".

Destaque para:
O sermão das árvores
A pipoca
Escutatória
Dor de ideia
Se eu fosse você
O albergue
Os moradores do albergue

bella 26/05/2022

Prazer em conhecê-lo!
Parece que fiquei à tarde toda a ver a chuva, tomando um café e a te ouvir contar histórias. Não é todo dia que isso acontece, Rubem.

De início, fiquei curiosa pelo título. Frase linda "O amor que acende a lua". Embora tenha ficado a leitura inteira imaginando que seria muito melhor "O amor que ascende à lua", mas quem sou eu para sugerir algo.

Acender ou ascender, de qualquer forma, foi uma boa leitura. Desses contos curtos que pegam a gente e nos deixam a imaginar os causos, não à toa, cê era mineiro. Sua escrita é leve e o tom de conversa faz as páginas passarem num piscar de olhos.

Me lembrou muito a escrita de Cora Coralina e as diversas citações a Fernando Pessoa conquistaram meu coração. Adorei que separou seu livro entre as fases da lua, os meus favoritos (não sei se conscientemente) estão na fase cheia.

Indico a todos: Escutatória; A rosa não mais floresce; Por que a rosa não mais floresce; Aos apaixonados; Por quê; e Duas Estórias de Natal.

Meu amigo, obrigada pela companhia e por me lembrar que a literatura não precisa ser complexa pra ser (muito) boa!

@atocadaraposa

Andresa.Correia 13/04/2022

As batidas do coração
Rubem Alves apresenta através de algumas etapas, reflexões profundas acerca de elementos naturais: natureza, crenças e valores construídos ao longo de nossas vidas, de uma maneira bela, bela mesmo, de tão simples que chega a ser óbvio, um presente ler esse livro, mesmo repensando alguns trechos e não há uma obrigatoriedade em concordar com tudo, mas no mínimo uma reflexão show...
Nesse sentido, gostaria de destacar um trecho do capítulo chamado: O sermão das árvores- Relata-se que São Francisco- a quem muito amo- pregava aos peixes e ás aves. Se a lenda é verdadeira imagino que os peixes e as aves, ouvindo a pregação do santo, riam e sorriam discretamente para não ofendê-lo. E isso porque não se pode pregar a seres perfeitos. Prega-se a seres imperfeitos para que eles se tornem perfeitos. Acontece que peixes e aves são perfeitos, são felizes naquilo que são, em um outro trecho diz: Ah, como os mais simples dos homens....São doentes e confusos e estúpidos... Ao pé da clara simplicidade..... E saúde em existir.....Das árvores e das plantas!!!!

Aiko 01/03/2010

Ainda Rubem Alves...
Mais uma vez, Rubem nos presenteia com pequenas gotas de sabedoria e afeição. Sabedoria que só vem com a idade, e afeição, que ele tem pelo mundo todo.
Livro de crônicas (ou seriam lindos contos?), com ponderações do autor sobre questões como amor, crescimento, relacionamentos. Singelo e gostoso de ler, no melhor estilo Rubem Alves.

Carol 17/11/2020

Amor que Acende a Lua
Uma das minhas coisas preferidas nesse livro é o título, o amor que acende a lua.
Esse livro foi um tiro no escuro, peguei pra ler sem saber muito onde estava me metendo. Acabou por ser um livro não muito surpreendente, que não tem histórias absurdas, mas que, ao mesmo tempo, é uma delícia de ler.
A escrita me fez sentir caminhando nas ideias na cabeça do autor, fresquinhas como se eu caminhasse nas minhas.

Carla 02/03/2022

Leitura leve, sensível, nostálgica, saudosa é porque não dizer, apaixonada sobre a vida!!! Contos que trazem um sopro de nostalgia e aconchego? tal como as fotografias, momentos eternizados em palavras

Briciajhs 04/05/2009

Mais uma vez Rubem Alves nos surpreende com suas crônicas muito bem escritas sobre o amor em diversas formas. Não só o amor físico, mas o amor que transcede o entendimento, a pele, o ser humano.

Ele fala sobre o amor de acordo com as fases da Lua. Aborda, através de contos que se encaixam perfeitamente, sobre o amor oculto, o explícito, o incompreendido, o amor infantil, o amor puro...

Uma leitura agradável do começo ao fim.

Uma Dose de Literatura 23/02/2023

Ótimo livro de crônicas, Rubem Alves é brilhante com as palavras e as ótimas referências. Me apeguei bastante em uma de suas crônicas, e com certeza levarei no coração. Um ótimo livro, escrita fluida e rapidinho você termina a leitura.

Jamine.Sousa 24/09/2022

muito bom
Amei ler essas crônicas, aprendi coisas que eu nem imaginava que aprenderia. a leitura é mais lenta pq vc precisa de tempo para absorver a leitura. com certeza vou reler no futuro ???

Keila Sousa 20/06/2021

O amor
O livro é baseado sempre no amor, não só pelas pessoas mais pela natureza e as coisas. Ele fala sobre o amor pelas flores e sobre como considera uma agressão quando vai no velório e ver as famosas coroas. Enfim ele fala sobre a maneira que ele vê a vida e o amor.
Ele separa os capítulos com as fases da lua.
Lua Nova ele fala sobre natureza. Lua crescente fala sobre as dificuldades e barreiras que encontramos na vida. Lua cheia fala sobre casais, namorados etc. Lua minguante fala sobre questões religiosas e família.

Deise.Maria 04/12/2023

Reflexões análogas
Rubens Alves tem uma linguagem singular ,onde ele aborda assuntos de uma forma bem reflexivisa ,e esse livro não podia ser diferente. As vezes parece até que foge um pouco do foco ,oq ele entra em uma metáfora e sai em outra levando a várias mensagens ao mesmo tempo.
O amor que acende a Lua ( não entende o que tinha o conteúdo do livro com o título dele mas enfim) são textos que levam o leitor a refletir sobre assuntos diversos, como as máscaras que nossa personalidade compõem, a liberdade de conquistar nosso sonhos,nossas limitações, expectativas frustradas,a arte de sermos ctiacas no processo de aprendizagem.
Dividido em fases da lua: lua Nova, crescente ,minguante e cheia ,o autor nos leva a tais analogias.
Destacarei aqui um texto que gostei bastante :

"A inteligência adulta é grave. Faz afundar. A inteligência infantil é leve. Faz levitar"
= quando estamos na fase adulta nos esquecemos de como era bom ser criança, perdemos a essência devido a sobrecarga de compromissos e responsabilidades, esquecemos de sermos leves, e isso as criancas sabem ser.

Uma metáfora tanbem que amei é quando ele compara a nossa alma a um albergue ,uma moradia, que reside vários " eus" ,personalidades diversas que se encaixa em cada situação seja boa ou ruim,não somos definitivos em nossa persona,ela se transmuta a cada momento .

Outro ponto é o texto Conchas ou asas ?
É umm texto bem legal,pq fala sobre escolhas ,de sairmos de nossa zona de conforto o que compara a estarmos na concha ,nossa bolha de proteção ou sermos seres alados ,que desejam voar.
Enfim esses foram apenas alguns que desejei arquivar aqui como exemplo de que suas metáforas são inspiradoras ,com a resalva de que as várias referências que ele faz as heterônimos de Fernando Pessoa, como Bernardo Soares, Alberto Caeiro , Ricardo Reis ,faz com que eu aprenda o que os poemas dele querem dizer coisa pela qual eu tinha dificuldade. E com as analogias do Rubens eu consigo compreender . Eu só não me agradei do final do livro que falou sobre a onipotencia de Deus como um fardo ,entre a questão da trindade, pra mim não rolou esse final!!

DTG 01/05/2021

Calmante
É um livro de contos para respirar. As histórias nos fazem refletir sobre o cotidiano, a necessidade da escuta, o contato com a natureza.

Dividido em fases da lua, evoluímos o pensamento nessa transformação de palavras.

É um ótimo livro para se abrir aleatoriamente em um dia corrido, ou para fazer leitura sequencial dia a dia.

theus26 04/05/2023

Por vezes a felicidade se faz com sonhos impossíveis.
Rubens Alves, o que você escreveu aqui, meu deus. Começar pela parte ruim, o final do livro não me pegou muito, dei umas travadas inclusive, o que me fez não querer favoritar, mas todo o início do livro é incrível. A poesia, metáforas, analogias ou só a filosofia e a psicanálise (k) é maravilhosa, flui bastante e dá para fazer mil citações.

Hiury Haffid 26/03/2023

Entre os melhores livros que li até agora. As crônicas de Ruben Alves reunidas nesse livro te fazem querer refazer sempre essa leitura. Indico demais!

vitoriaarcheron 19/02/2023

"Aprendí que hoje as pessoas procuram os terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. Não pedem para ser curadas de alguma doença. Pedem para ser escutadas. Querem a cura para a dor da solidão".