Fury Max: My War Gone By

Fury Max: My War Gone By Garth Ennis...




Resenhas - Fury Max: My War Gone By


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Victor 30/09/2020

Mais uma grande obra de Garth Ennis
O selo de quadrinhos adultos da Marvel, conhecido como MAX nos entregou diversas obras de altíssima qualidade, e dentre essas obras um autor tem grande destaque no selo Garth Ennis, já bastante conhecido pelo humor negro, escrotidão e depravação de suas obras como vimos em Preacher e The Boys.

Porém existe um outro lado nas obras do autor, quando o mesmo decide escrever obras mais realistas e pé-no-chão, muito calcado na realidade e extremamente críticas, principalmente a guerra, como visto em sua passagem pelo Justiceiro(Punisher: Born e Punisher MAX), e em Fury MAX não é diferente. Na obra acompanhamos o coronel Nick Fury, realizando diversas missões durante a Guerra Fria com o objetivo de "combater a ameaça comunista" ao longo de várias pessoas, países esses que os EUA exerceram o seu intervencionismo e cometeram atrocidades(Cuba, Vietnã, Nicarágua, etc) utilizando sempre a mesma desculpa.

É com esse cenário que o autor tece suas críticas a guerra, a corrupção, a ganância, a violência e porque não até mesmo ao próprio Estados Unidos. Fury MAX é mais uma grande obra de Garth Ennis ao qual não entendo o motivo de ainda não ter sido lançada no Brasil, mas que espero que ocorra o mais breve possível.

Com a obra apenas não sendo perfeita, pois sabemos que um quadrinho não é feito apenas de roteiro, mas de um junção de roteiro e arte, ao qual é justamente o ponto fraco. Sendo a arte ficando a cargo de Goran Parlov que possui uma arte competente, mas nada que se destaque ou impressione, o que acredito que caso fosse entregue a outro desenhista faria com que a obra brilhasse ainda mais.
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Che 06/07/2017

IMPERIALISMO QUE SAIU PELA CULATRA
"Minha Guerra se Foi", do irlandês Garth Ennis, é uma das melhores - senão a melhor - HQ que vi ser publicada pelo selo Marvel Max, o mesmo que já nos brindou com "Alias". Pelo selo, Ennis publicou também a divertida e ultraviolenta "Thor: Vikings", além de duas outras séries limitadas (ambas bem menores que esta) com o caolho da S.H.I.E.L.D., a saber, a ótima "Fury" (2001) e a mediana "Fury: Peacemaker" (2006).

Em "Minha Guerra se Foi", Ennis consegue o que só tentou, sem grande sucesso, em "Peacemaker": esbanjou toda a glória de sua nerdice geopolítica acerca de conflitos armados do passado e, ao mesmo tempo, fez do milico 'guerrólatra' Nick Fury um personagem humano, tridimensional e de personalidade forte, mas de modo algum desprovido de defeitos muito graves.

Chama a atenção que os quatro arcos de três volumes cada da série se passam, um em cada década, em intervenções militares parcial ou completamente malfadadas dos EUA na Guerra Fria. Deste modo, cada uma em uma década, temos a primeira e a segunda investidas no Vietnã (outrora Indochina, colônia francesa), o famoso ataque à Baía dos Porcos em Cuba meu arco favorito) e o apoio velado aos Contras na Nicarágua. Ou seja, Ennis escolheu narrar as investidas de Fury (representando aqui o intervencionismo ianque de modo geral) que saíram pela culatra, o que por si só já é de uma tremenda coragem, afinal, a cultura de massa estadunidense gosta de fingir que os fracassos estratégicos não existiram. O irlandês tem um conhecimento admirável dos episódios históricos descritos, sendo Fury e suas investidas fictícias só uma peça de um tabuleiro que não muda o cenário geral.

Embora o roteiro tenha uma ou outra frase anticomunista meio artificial e forçada, bem como nutra simpatia pelos combatente que vão se arriscar presencialmente - em detrimento dos engravatados de Washington, representados pelo senador 'Pug', por quem o roteiro mostra imenso desprezo -, não faltam vários diálogos, muitos dos quais saídos da boca do próprio Nick, escancarando o tamanho da burrada que o intervencionismo ianque representava para esses países e, não obstante, até para os próprios soldados estadunidenses, que nada tinham a ganhar trazendo 'democracia forçada' em solo estrangeiro.

Para amarrar esse transcorrer de trinta anos dos quatro arcos, Ennis elabora muito acertadamente três personagens coadjuvantes que estarão em todos eles. Além do senador Pug - que rouba completamente a cena no final e tem diálogos memoráveis e politicamente emblemáticos com Fury no final -, há a esposa dele (com quem o caolho da Marvel já teve um caso) e um amigo de bom coração, mas também imerso nas conspirações do Tio Sam. Tudo isso vai culminar numa décima terceira edição (o epílogo) sensacional, na qual Ennis tira qualquer ambiguidade anterior e se coloca frontalmente contra a política intervencionista estadunidense nos três países que a série aborda. Além do ótimo desfecho da narrativa do senador e sua esposa, já velhos e sentindo o peso das decisões passadas, o final do próprio Fury me lembrou o que foram os últimos acontecimentos envolvendo Vick Mackey na série televisiva "The Shield". Não é sempre que vimos um personagem próximo do mainstream da cultura de massa ser posto de forma tão ambígua, mas beirando a negatividade.

O desenho ficou por conta de um croata chamado Gorlan Parlov, com quem Ennis já tinha trabalhado antes. A arte dele é ok, passável, mas quadradona demais e mal acabadinha nos detalhes de fundo. Sem dúvidas aquém do que seria o desenho do outro parceiro usual de Ennis, Steve Dillon, cujo traço quente e oblíquo cairia bem aqui. É uma pena que essa pequena mácula impeça "Minha Guerra se Foi" de ser perfeita, lembrando que o mesmo aconteceu com "Aliás", cujo roteiro quase irretocável também caiu nas mãos de um desenhista genérico. Os editores do Max poderiam ter mais cuidado com essa questão e se cercar mais de desenhistas de qualidade.

De qualquer forma, o roteiro está lotado de humor ácido, sexo e violência características deste que, atualmente, deve ser meu segundo roteirista favorito, atrás apenas do imbatível Alan Moore. "Minha Guerra se Foi" é tão boa quanto "Preacher" e tem um roteiro afiadíssimo, embora infelizmente, creio eu, vá gozar de pouco prestígio e talvez sequer vá ser lançada no Brasil, por conta do marketing envolvendo a necessidade de Fury ser negro como nos filmes ou nas HQs 'Ultimate'. Eu mesmo tive que recorrer a scans com uma tradução pirata esforçada, porém com vários erros de digitação. Mas ainda assim, vale muito a pena correr atrás e ler essa série anti-intervencionista se valendo, ironia das ironias, de Nick Fury como protagonista, com participações de outros personagens ilustres da Marvel, incluindo o grandalhão facínora Barracuda e ninguém menos que Frank Castle (o Justiceiro) em pessoa, combatendo no Vietnã.
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