O Que É Isso, Companheiro?

O Que É Isso, Companheiro? Fernando Gabeira




Resenhas - O que é isso, companheiro?


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Clio0 28/10/2022

A primeira vez que ouvi falar sobre Gabeira foi por uma citação numa crônica de Mario Prata no Estadão - nos idos tempos em que as pessoas ainda liam jornal em papel. Naquela época, ele já era um deputado inexpressivo, mas seu livro é diferente.

O que é isso, Companheiro? é um relato do sequestro do embaixador estadunidense Charles Burke Elbrick, durante ditadura militar.1964, pelo MR-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro), do qual o autor fazia parte.

Porém, as quase trezentas páginas do livro não são focadas no evento, mas nas justificativas e romantização que Gabeira tece em torno de si, de seus co-particípes e da própria vítima. Todo o texto parece ser regado a entorpecentes e álcool para que ao retorcer as páginas tenhamos a impressão de que não havia outra saída se não um dos atos considerados mais torpes pela sociedade: a privação da liberdade.

Há ainda parágrafos e mais parágrafos em que o autor descreve os eventos como uma churrasqueada de domingo, em que Elbrick teria sido tratado a whisky e churrasco enquanto os guerrilheiros mal-suportavam a ideia de fazer mal a outro ser humano... Isso vindo daqueles que assumiram publicamente o uso de armas-de-fogo.

Não estou discutindo aqui o direito de alguém de lutar pela democracia, e sim, pela tentativa de fabricar uma narrativa em que os fatos crus são reinterpretados de forma que adquiram uma consistência mais palatável, açucarada até.

Enfim, é como se diz: Quem conta um conto, aumenta um ponto.
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Ingrid_mayara 02/09/2017

O que é isso, companheiro?
Daqueles livros que “bem que eu podia ter lido antes”. Folheei algumas páginas uma vez só para espiar se a escrita seria muito rebuscada, e notando sua fluidez, comecei a pesquisar sobre a Ditadura antes de iniciar a leitura.

“O Que É Isso, Companheiro?” é o relato de um personagem secundário do sequestro do embaixador dos EUA Charles Burke Elbrick em setembro de 1964, considerando-se que o sequestro foi a saída encontrada pelos guerrilheiros para pressionar o governo a libertar algumas pessoas que estavam presas por motivos políticos. Esses guerrilheiros eram membros de uma organização chamada MR-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro), que tinha como objetivo lutar contra a repressão da ditadura militar.

Narrado em primeira pessoa, o livro é estruturado em dezesseis capítulos. A princípio, Gabeira conta um pouco de sua vida desde os tempos em que morava em Juiz de Fora – MG, depois prossegue falando de suas andanças pelo RJ, onde trabalhava desde os dezessete anos como jornalista, e então dá início ao relato mais aguardado do livro: o ocorrido a partir de 1964.

As lembranças do autor pretendem reconstituir seu passado político para esclarecer as partes mais importantes daquela época aos leitores, sem deixar de dizer que esse é o seu relato, concentrando-se mais na sua perspectiva – por esse motivo eu tive certa dificuldade em conhecer mais profundamente os outros personagens.

Um aspecto interessante do relato é que nos momentos em que Gabeira estava sozinho nas diversas celas por onde ele esteve, pensava se poderia falar de tortura futuramente se ele mesmo não sofreu tanto em comparação às outras pessoas presas, e mesmo assim, ele sabia a importância de contar o que viveu. E já nas primeiras páginas ele explica como teve a ideia de escrever sua história.

Outro aspecto interessante para minhas reflexões sobre o livro foi narrado no início do terceiro capítulo, quando ele fala de sua adolescência, então eu percebi que o autor está realmente desejando uma proximidade com quem o lê: “O amigo (a) talvez fosse muito jovem em 64. Eu mesmo achei a morte do Getúlio um barato só porque nos deram um dia livre na escola. Um golpe de Estado, entretanto, mexe com a vida de milhares de pessoas.” E ele prossegue com esse diálogo meio informal por toda a narrativa, e apesar da cronologia não estar totalmente linear, consegue-se facilmente imaginar-se puxando uma cadeira, ouvindo atentamente tudo o que o autor tem a dizer.

Quanto ao título do livro, curiosidade para muitos, há duas passagens nas quais ele se evidencia; a princípio num diálogo em que Gabeira estava impressionado com a juventude de um guerrilheiro chamado Dominguinho e pergunta-lhe por que não faz coisas “adequadas” à sua idade, recebendo como resposta o próprio título do livro; e depois, enquanto saía com os amigos para distribuir um jornal clandestino, e sentindo-se atraído por uma mulher que passava a pé, propõe convidá-la para uma volta de carro, tendo também como resposta “O que é isso, companheiro?”.

Entre diversas outras conclusões que tirei do livro, provavelmente a que mais me fez refletir foi a capacidade do autor de discorrer sobre ignorância política sem tornar-se importuno, principalmente no oitavo capítulo, intitulado Sangue Gases e Lágrimas, em que Gabeira fala sobre uma amiga que não tem o hábito da leitura “e sempre que acontece uma coisa muito séria no mundo, costuma perguntar: ‘Como é que você explica isto, acontecendo tão de repente? ’ Tudo para ela foi acontecendo tão de repente.”.

O livro foi publicado pela primeira vez em 1979, depois que Fernando Gabeira voltou ao Brasil completando nove anos no exílio, beneficiado pela Lei da Anistia. Vendeu rapidamente dezenas de milhares de exemplares e em 1997, com uma parceria entre Brasil e EUA, foi lançado um filme homônimo com a direção de Bruno Barreto.

Há um glossário na minha edição, o qual, mesmo tendo feito pesquisas anteriormente para me contextualizar à época, tive de consultar diversas vezes. Isso tanto pode ser ruim para quem não costuma buscar referências durante a leitura, quanto pode ser bom para quem se interessa pelo assunto. Eu gostei porque acabei aprendendo bem mais do que imaginava.

Recomendo esse livro a todas as pessoas interessadas em saber um pouco mais sobre a Ditadura, e assim como eu escrevi no início desta resenha, acho importante ter certo conhecimento para facilitar a leitura.

site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
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carlapiri 21/06/2009

Um olhar de dentro do redemoinho que foi a luta da esquerda, que acreditava poder vencer a ditadura militar, com ações de guerrilha e muita ingenuidade. Gabeira ainda tá aí, depois do exílio e da famosa tanguinha de crochê, sinal de que esta revolução se faz aos pouquinhos e que nesta luta mudamos principalmente a nós mesmos
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cid 06/02/2010minha estante
Concordo Carla, a primeira revolução é a interior.




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Daniel Teles 26/04/2021

Uma história de impacto
Gostei muito. Uma história que mostra uma era sombria que, nos tempos de hoje, pode voltar a acontecer. A escrita do autor é ótima, e te deixa imerso nela.
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Bia 11/06/2023

Achei a ambientação muito interessante, mas não consegui me conectar com a história. O livro conta sobre as memórias do jornalista Fernando Gabeira na época em que era militante comunista durante a ditadura de 1964. Por mais que eu tenha gostado muito da escrita, achei confusa em vários momentos. A parte que mais me prendeu mesmo foi o final, em que as descrições dos acontecimentos foram mais precisas.
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Wagner 13/09/2021

Há uma parte nossa que espera lugar no museu de horrores da
"Pois é, não é a polícia brasileira que é violenta. Nós somos violentos. Há uma parte nossa que espera lugar no museu de horrores da humanidade." Pg 222.
Fernando Gabeira, jornalista, ex deputado federal, conta no livro o início de sua carreira jornalística e também seu envolvimento com grupos que faziam resistência ao golpe de 1964. Da realização de pequenas tarefas até pegar em armas e participar do sequestro do embaixador americano, Charles Elbrick. A segunda metade do livro dedica - se ao caso e também ao periodo de prisão e torturas sofridas pelo autor. É um relato da visão do guerrilheiro que complementa os relatos oficiais que todos temos conhecimento.
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Beth 09/12/2020

Leitura necessária
Leitura necessária para entendermos um pouco do que se passou na ditadura. As torturas, os desrespeitos são parte da história contada por Gabeira. Recomendo o livro e a reflexão.
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Pollyanna.Rigon 03/07/2021

Acessível e de muitas informações
Fernando nos conta sua história pessoal durante o período da ditadura militar brasileira, de uma forma ?simples? é acessível.
A sua história é parte de importantes acontecimentos do período.
Eh uma chuva de informações que cabe a quem está lendo buscar mais sobre todos os pontos importantes da história.
Extremamente triste pensar em tempos tão sombrios e que não estão distantes da atualidade.
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Bessa 14/12/2020

Nota 10
Dotado de uma capacidade narrativa envolvente, Gabeira jamais decepciona. Narrativa de seu período na clandestinidade e de sua passagem pelo DOPS e pela cadeia, o autor nos relata feridas ainda não cicatrizadas de nossa história e traz reflexões sobre política que não poderiam ser mais atuais. Para qualquer um que tenha interesse em saber mais sobre o período de 64-85 no Brasil, o 'O Que é Isso, Companheiro?' é um livro indispensável.
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Malice 28/01/2009

Marcante
Relato impressionante do período da ditatura por um de seus atores mais conhecidos. Fernando Gabeira escreve de maneira encantadora sobre as dores, as dúvidas, os temores, os pecados e os enganos de uma época intensa e controversa, relatando de forma impressionante o que viveu no período. Os dois últimos capítulos são marcantes.
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Nícolas Vieira 04/08/2020

"O que é isso companheiro?" de Fernando Gabeira nos traz um olhar para o período da Ditadura Militar no Brasil.

De modo ágil e real, Gabeira mostra a realidade de um país que buscava por democratização, enquanto militares interviam na liberdade de escolha e de expressão.

Os relatos aqui expressos são crus e praticamente autobiográficos, Gabeira, em poucos capítulos faz com que viajemos em suas palavras para as escolhas e medos de um sequestro ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil.

Em tempos sombrios é sempre bom relembrar dos erros do passado para que não voltemos a cometê-los.
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ariel.php 01/04/2022

Bom dia, Gabeira!
Com uma escrita simples e objetiva Fernando Gabeira conseguiu transmitir suas experiências sob a Ditadura Militar Brasileira, principalmente em como o golpe de Estado provocou o desenvolvimento do extremismo entre os estudantes do século passado, bem como o processo de adentrar no universo da clandestinidade e a formulação de uma nova esquerda. Por outro lado, o autor também expôs o lado humano de um homem que se doou por completo à luta contra o Estado militar, e qual foi o preço pago por essa escolha. Em suma, Gabeira apresentou um excelente trabalho ao sintetizar, por meio de uma retórica bastante humanizada, diversos tópicos que muitas vezes não são citados em discussões de sala de aula. Portanto, recomendo a leitura desta obra a todos que já cursaram o 9° ano do ensino fundamental e/ou se interessam pela história desta nação.
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Lud 13/05/2021

O começo do livro é bem confuso. O autor oscila bastante entre tempo presente e passado, só que de uma maneira que realmente não entendemos quando é um e quando é outro. Porém, a partir do capítulo que começa a abordar o sequestro do embaixador estadunidense, o livro fica bem interessante. Dali até o fim, achei uma narrativa muito interessante e muito significativa do que foi a tortura e perseguições políticas que muita gente sofreu na ditadura militar brasileira.
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Mariannah 18/04/2021

Necessário
Um relato extremamente necessário. Gabeira nos ajuda a enxergar a verdade de uma época que muitos tentam apagar. Nunca devemos esquecer o que está escrito nessas páginas, esse cenário não pode se repetir.
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