Taci.Souza 15/01/2024
Reflexivo
Tenho um apreço especial por obras que colocam animais e plantas em evidência, conferindo à estes um protagonismo que comumente é dominado pelos homens - autoproclamados, racionais. Gosto mais ainda, quando os autores dão acesso à perspectiva, pensamentos e emoções de plantas e animais, forçando uma inversão de papéis que de forma espontânea dificilmente assumimos.
Acompanhar a vida de Bambi na floresta, sua trajetória de crescimento, aprendizado, descobertas, sofrimento e perdas, nos permite crescer, aprender, descobrir, sofrer e amadurecer com ele. Nos possibilita refletir sobre o nosso papel enquanto espécie dominante, frente à nossa responsabilidade em relação ao mundo que habitamos, bem como os demais seres que nos fazem companhia.
É impossível, durante a leitura, não pensar na nossa condição de predador, dotados de força e inteligência para cuidar, proteger e evoluir, mas que majoritariamente segue o caminho oposto, aplicando seus dons e habilidades para propagar ameaça e destruição. Somos o predador mais perigoso, traiçoeiro e nocivo que existe, e o livro nos obriga a reconhecer essa verdade.
Através de uma escrita poética e cativante, somos conduzidos por uma leitura fluida, emocionante e emocional. O tipo de livro que, usando as palavras de Amos Alcott, "se abre com interesse e se fecha com proveito."