joaoggur 05/07/2021
Anne Wilkes (ou melhor, O King) é uma louca!
Stephen King tem uma habilidade que pouquíssimos, diria até nenhum, escritor tem: ele consegue vivenciarmos o livro. A maioria dos livros lemos como um filme, visualizando as cenas descritas em como imaginamos tais personagens. Nos livros de King faço o mesmo, como muitas pessoas, mas com uma ressalva: nos imaginamos como o personagem principal. Conseguimos sentir dor física, psicológica. Conseguimos sentir as tristezas, felicidades, e todos os sentimentos da personagem.
Ele realmente nos faz viver o livro.
Isso tbm acontece em ?Misery?.
Misery foi um dos livros mais grotescos, bizarros, repugnantes, podres e perversos que já li em meus poucos anos de vida. Mas se vcs acham que por isso ele é ruim, estão extremamente equivocados. Muito pelo contrário: por isso mesmo ele é bom. Eu prefiro muito mais um livro q me deixa enojado do que um livro que termino neutro, sem opinião ou reação.
Paul Sheldon é um escritor, que dirigindo em uma deserta estrada, bate o carro. Mas, ao invés de acordar em um hospital, acorda na casa de uma desconhecida: desconhecida essa que é a sua fã número um. Fã essa que o sequestrou. Fã essa que é Anne Wilkes: a prova viva (literária, aliás) que Stephen King é um gênio na criação de personagens.
Eu, dando um pequeno resumo, não consigo passar o real misery. E não haverá resenha que expressará o que senti lendo: angústia, nojo, medo... foram diversos gatilhos. Mas o sentimento de surpresa foi o maior - sim, surpresa. Eu fiquei surpreso como uma pessoa, como um escritor (mesmo ele já sendo extremamente experiente nessa época), conseguiu me enfiar dentro de uma história tão bem. Toda vez que eu pegava no livro, eu ficava em dúvida entre continuar degustando da história ou parar. Queria desfruta-lo e destruí-lo simultaneamente. O único livro que já me deixou assim foi ?1984?, do Orwell.
Talvez eu esteja sendo muito ousado ao falar isso, mas Misery com certeza entrou para a lista de melhores livros que já li na minha vida (e, como coincidência, é o ducentésimo livro que já li na minha vida, pelo menos que cataloguei nessa rede social). E sim, é melhor que o It, me julguem.