Eles Não Usam Black-Tie

Eles Não Usam Black-Tie Gianfrancesco Guarnieri




Resenhas - Eles Não Usam Black-tie


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Ivan 29/08/2021

Uma peça teatral
Escrita por Gianfrancesco Guarnieri para o Teatro de Arena em 1958, a história narrada em “Eles não usam black-tie” se passa em uma favela durante os anos 50. A narrativa tem como tema central a greve dos operários, mas adota como pano de fundo reflexões universais sobre a fragilidade e os conflitos humanos. Acabou se tornando uma das principais obras da dramaturgia brasileira.

Ao lado da greve, o livro tem como pano de fundo um debate sobre as grandes verdades eternas, reflexões universais sobre a frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos. É a história de um choque entre pai e filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes, o que, por sinal, dá a tônica dramática ao texto.

Apresenta personagens marcantes e populares como Terezinha, Chiquinho, Dalvinha e Jesuíno, que nos revelam um mundo alegre, descontraído e aparentemente feliz. Também revela de maneira real os conflitos que atormentam personagens como Otávio, Romana, Tião, Maria e Bráulio. Assim, se por um lado mostra um olhar profundo dentro da sociedade brasileira, por outro esse olhar vem embalado por um valor poético materializado na visão romântica do mundo de seus personagens.

O livro é curto e com linguagem simples, feita somente de diálogos, bem rápido e fácil de ler. É, na verdade, uma peça de teatro. Aborda temas interessantes e repletos de discussões importantes! Rápido e intenso.
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Jacque Spotto 23/12/2021

"Eles não usam black-tie" foi escrita em 1955 e estreou em 1958 no Teatro de Arena de São
Paulo, época em que os teatros brasileiros davam prioridade para peças internacionais,
Guarnieri apresentava algo inovador: uma peça com assuntos que eram a realidade da
população nacional, temas extremamente importantes como os problemas sociais e econômicos e a luta dos trabalhadores por direitos e melhorias no trabalho.

A obra tem uma dicotomia de ideais entre pai e filho que trabalham na mesma fábrica, de
um lado o pai Otávio; um idealista que luta pelos seus direitos trabalhistas e de seus
companheiros, do outro lado temos Tião que tem uma visão diferente da família e seus
colegas de trabalho, pensa em melhorar de vida, e não acredita que a greve, em que o pai é
um dos organizadores, seja a melhor forma para que a fábrica possa melhorar seus
salários.

A greve é o grande acontecimento que ronda o enredo da peça, desde antes dela
acontecer, onde há discussões de como os operários estão se organizando e a perseguição
da polícia aos principais líderes. E após a greve, os debates das pessoas que "furaram" a
greve, dos que se aliaram ao patrão e sobre os que foram presos.

A peça retrata caminhos diferentes que os dois personagens seguiram, de acordo com sua
própria forma de pensar e ver o mundo. Otávio já é um homem mais velho, pensa no
coletivo e seus filhos já são adultos. Já Tião é jovem, está noivo e preocupado com o futuro
de seu filho que irá nascer. Os dois têm objetivos diferentes de vida, e assim, tomam
decisões divergentes que trarão consequências para ambos, principalmente para Tião, que
é marcado como um traidor pelos companheiros e até mesmo pela família.

Vista pelo contexto histórico, a obra de Guarnieri veio poucos anos após a famosa "Greve
dos 300 mil" que ocorreu em São Paulo em 1953. As greves eram acontecimentos
recorrentes e foi um tema realmente atual na época e ainda hoje traz assuntos totalmente
relevantes pela luta trabalhista se tornando um dos clássicos da dramaturgia brasileira.
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Ray 20/01/2023

Me surpreendi e tive uma visão completamente diferente da que esperava (por ser uma leitura obrigatória de vários vestibulares, imaginei ser algo copioso e chato). Leitura enriquecedora, fluí maravilhosamente bem, apesar de lacônica, e instiga.
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Lara.Bia 14/03/2020

Linguagem fácil
Curto e rapidinho de ler, uma história que conta sobre a greve e dois pontos de vistas diferentes em uma mesma família, e a confusão que isso acarreta
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Leitora 08/02/2023

primeira vez lendo uma peça teatral, muito engraçado ver as rubricas;

entendo que faz parte da caracterização da obra, mas a linguagem me incomodou durante a leitura.
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Rafael.Montoito 20/07/2021

Sobre luta de classes, tema sempre tão atual
"Eles não usam back-tie" está no panteão das peças brasileiras de teatro, tendo sido escrita por Gianfrancesco Guarnieri quando ainda era jovem e encenada nos últimos anos da década de 50 - talvez por isso pareça, ao leitor, um pouco desatualizada em relação à ambientação, mas não no diz respeito à temática central: a luta de classes.
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Tião, filho de Otávio, deseja casar-se com Maria, que está grávida dele. Com medo de perder seu emprego na fábrica onde a maioria dos habitantes do morro carioca em que vive trabalham, decide furar a greve que os funcionários estão planejando, o que o coloca em posição oposta à do pai, que é um dos articuladores e defensores do movimento.
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À volta desse conflito entre pai e filho gravitam outros personagens que trazem pontos de vista diferentes ao embate; entretanto, o destaque fica pra Romana, mãe de Tião e esposa de Otávio, mulher que assume as lidas da casa como uma missão e que entende quão dura é a vida para quem nasceu pobre - no barraco da família faltam camas, pão, leite e perspectivas de dias melhores.
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Mesmo mais de 50 anos depois da sua primeira montagem, "Eles não usam black-tie" continua dialogando fortemente com os tempos atuais, talvez ainda mais do que àquela época, visto que hoje há um contingente ainda maior de desempregados à espera de um serviço qualquer e que os movimentos grevistas parecem ter perdido a força, para a alegria dos patrões. Ao se colocar contra o pai, Tião coloca-se contra uma série de ideais e joga para o leitor (ou espectador) a delicada questão sobre o que vale mais: as escolhas pessoais ou as lutas coletivas?
Carol 20/07/2021minha estante
Eu amo!




Karla Marinelli 17/07/2021

Gostei
É um teatro , tem muito diálogo ... você lê bem rápido. É uma história de uma família passando por uma crise. Morando num morro. Então vemos o cotidiano dessa família. Gostei é interessante. Mas senti falta das características dos personagens em si.
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Aline.Momm 29/08/2021

Uma obra que trata de política e ideologia
Essa obra é uma história do choque entre pai e filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes, o que dá o tom dramático ao texto.
O livro se passa em uma favela durante os anos 50, período de baixos salários e muita dificuldade econômica para a classe operária. A narrativa tem como tema central a greve dos operários, colocando em cena moradores de uma favela e seus problemas socioeconômicos.
O pano de fundo da obra é São Paulo no final dos anos 50. Durante o governo de JK houve um grande impulso industrial, com isso o preço de coisas básicas para o cidadão (como arroz ou pão) aumentou. Ou seja, uma grande inflação. O que leva à uma grande carestia. Os próprios personagens por causa de uma carência de moradias.
Otávio, pai de Sebastião é idealista e revolucionário. É um personagem famoso entre seus amigos por liderar vários movimentos, tendo até algumas prisões em razão disso. Com isso Otávio é um dos cabeças do movimento grevista.
Tião foi criado na cidade, sem conviver com esse mundo de luta e reinvindicação da classe operária. Sonha em sair do morro e abandonar a vida difícil e miserável da favela. O seu único desejo é poder garantir o bem-estar da mulher e do filho que nascerá.
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pam.ggs 18/10/2020

O que dizer desse livrin gostosinho...
Umas das leituras mais rápidas e gostosas, apesar do tema central ser sério.
Como amante dessas literaturas seguindo o modelo modernista, de se aproximar da linguagem falada e de assuntos "do povo", Eles Não Usam Black-Tie me pegou tanto por isso, quanto pela comicidade.
É um livro fofo, retrata ralações entre uma família que se vê em um impasse quando uma greve ameaça.
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GiB_21 02/11/2022

Narrativa leve, com humor e ritmo que prendem o leitor. Consegue ser divertido e ao mesmo tempo trazer questões e críticas sociais no enredo. Muito bom mesmo!
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ZeusTruqueiro 08/03/2023

Incrível
Acabei lendo esta peça por ouvir diversas vezes o trecho da música dos Engenheiros: "... Os nossos olhos. Eles não usam Black-Tie". A música ganha outra camada de sentido após a leitura. Dito isso, vamos lá.
É um livro de ler "em uma sentada", adorei a escrita e como entramos fácil naquele universo, naquele retrato de um Brasil da segunda metade do século XX, mas que as mesmas lutas reverberam nos dias atuais. Em formato diferente, claro, porém, preservando a essência. O final é emocionante e, no contexto geral, nos faz pensar sobre nossas raízes, nossas amizades, senso de comunidade, nossas escolhas e claro, suas consequências. É uma peça de alguém originalmente vindo do povo e que conhece o dia a dia do povo, alguém que conhece as lutas, as dificuldades, os dilemas... mas também as alegrias e a união, apesar das dificuldades do meio. Uma leitura obrigatória para todos os brasileiros.
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Phelipe Guilherme Maciel 27/10/2017

Um dos melhores livros de teatro da literatura brasileira.
Gianfrancesco Guarnieri foi um italiano mas muito conhecido pelo povo brasileiro e inclusive, naturalizado. Ele é o inesquecível vô Orlando, da série infanto-juvenil "No Mundo da Lua", da Rede TV Cultura, e foi personagem em mais de 40 telenovelas, além de filmes e peças de teatro. O que muita gente desconhece, é que ele foi escritor dramaturgo, e escreveu entre outras, uma das peças de teatro mais bonitas da literatura brasileira: "Eles Não Usam Black-Tie".

Esta peça já começa de forma bastante ácida pelo título, que faz referência ao cinema e ao teatro de ricos, onde todos vão vestidos de Black-Tie e os diálogos são muito pomposos. Esta peça não. Feita para os mais simples, inclusive cobrado na minha juventude quando eu tinha 14 para 15 anos, e eu li e aproveitei, ela tem seus melhores bônus na ideia central. Os dilemas de um jovem que descobre que será pai e faz parte de uma família extremamente pobre mas de um pai sindicalista, aguerrido e sonhador.
Sim, o livro é um folhetim político de esquerda, defende greves e trata os donos de empresas como capitalistas chupadores de sangue, mas isso é uma excelente roupagem utilizada pelo Gianfrancesco, que já foi secretário de cultura de SP durante governo de Mario Covas.
Vemos um primeiro ato muito festivo, com a família em extase pela novidade trazida por Maria tomar um peso difícil de aguentar no segundo ato, finalizado por uma névoa muito densa e um terceiro ato que é um soco no estômago, e nos deixa melancólicos.
Vemos também personagens extremamente fortes e bem construídos. Romana é uma mulher poderosa, forte, grossa mas amorosa, brilhantemente representada pela rainha da dramaturgia brasileira Fernanda Montenegro na versão de cinema do livro nos anos 80. Otávio, um pai sonhador e sindicalista, puro de coração, é a balança que deixa a família equilibrada. Tião é o personagem central do livro, mas não dá para esquecer o grande Bráulio, muito menos a Rosa, a Terezinha, tantos outros personagens secundários mas marcantes.
A leitura de Eles Não Usam Black-Tie pode ser feita em apenas um dia. Os diálogos são todos errados, propositalmente obviamente, pois retrata pessoas humildes vivendo nos morros cariocas com muito pouco, tantas vezes passando fome de comida, mas nunca de sonhos.

Cada um tem seu próprio sonho. A mãe quer uma família calma e protegida em seus braços, o pai quer a revolução socialista, o filho quer viver na "cidade" (Hoje os cariocas chamam de "asfalto"). Rosa sonha com um casamento melhor que o de seus pais, Braulio sonha com o poder na mão do povo e na igualdade. Cada qual tem seus sonhos, todos justos e honestos, mas as escolhas que cada um faz para chegar aos seus objetivos é o que faz a trama ser tão forte.
Este ano resolvi colocar entre minhas metas ler mais teatro. Li Nelson Rodrigues e Ariano Suassuna, ambos gênios, mas este livro foi o mais bonito, pois foi o mais humano e brutal entre todos.
I Danielle I 27/10/2017minha estante
Adorei a resenha, parabéns! Me deu muita vontade de ler esse livro!


Phelipe Guilherme Maciel 28/10/2017minha estante
Dani, que bom que curtiu... Leia sim, ele é pequeno e pode ser lido em um dia. Muito simples, mas emocionante. Mexe conosco




maiara263 06/02/2024

Operário não usa black-tie !
Eles Não Usam Black-tie fala sobre uma família carioca que vive no morro nos anos 50, onde o pai e o filho mais velho trabalham numa fábrica que é o sustento principal da família.
Otávio é um homem que luta pelos direitos dos trabalhadores e lidera uma greve pra aumentarem os salários, mas, Tião, seu filho - que não se conforma com sua posição de operário e a vida no morro - fura a greve, traindo seu pai e o movimento.

Apesar de girar em torno do contexto familiar, o tema principal não deixa de ser a luta de classes, a exploração da mão de obra dos trabalhadores e as contradições do capitalismo. O tema central, do movimento operário grevista, entra em conflito com a questão familiar patriarcal, focando no dilema: Lutas coletivas X Preocupações individualistas.

O livro é uma peça, com diálogos simples e narrações de quem entra ou saí da cena. A impressão que dá é de estar num ensaio com o roteiro na mão. Nunca tinha lido uma peça e gostei.

O que mais me impressionou é que, mesmo com poucas páginas e pouco diálogo, cada personagem é muito bem construído. O leitor termina entendendo perfeitamente a personalidade e a motivação de cada um e o contexto histórico da época mesmo sem nenhuma descrição.

Eu já tinha assistido o filme que é cinema puro!! com um elenco absurdo e um dos mais importantes do cinema brasileiro, mas a peça é ainda mais importante, o Gianfrancesco revolucionou o teatro brasileiro com 21 anos, gênio.

Eu gosto mais do filme, que é mais dramático e cruel (recomendo), mas a peça ainda é muito boa, acho que é o tipo de livro que todo mundo devia ler. 5/5.
Leticia 07/02/2024minha estante
? com essa resenha bem escrita deu até vontade de ler




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