Ronaldo 21/11/2016
Diferente de todos os livros que li sobre a Segunda Guerra Mundial, este mostra não o ponto de vista das vítimas ou dos oponentes do nazismo, mas dos cidadãos alemães que simpatizavam com a ideologia do terceiro reich. Fiquei abismado com a intensidade com a qual aquelas pessoas acreditavam estar fazendo a coisa certa seguindo os princípios de superioridade ariana que o ditador lhes incutia. Mas é claro que nem todos partilhavam desse fanatismo, uma dessas pessoas é o protagonista Piotr, um órfão polonês que, retirado de um orfanato onde vivia em condições degradantes, é acolhido por uma família alemã e passa a viver como um deles. E isso significa ser um adepto fanático do nazismo. Porém, sua personalidade forte, sua coragem e boa índole entram em conflito com o que está acontecendo ao seu redor. Conforme ele cresce, sua nobreza de caráter começa a falar mais alto, fazendo com que questione se ser um herói nos campos de batalha é mais importante que ajudar as vítimas indefesas que se esgueiram pela sua cidade. Muita coisa no livro me deixou chocado, tanto em relação à hipnose coletiva que o povo alemão parecia estar sofrendo, idolatrando um monstro, quanto à maneira como os judeus eram tratados, mas o que me deixou enojado foi saber o que médicos alemães faziam com as crianças que sofriam de algum tipo do que eles chamavam de anormalidade. É doloroso saber que há apenas setenta e poucos anos as pessoas poderiam acreditar em algo tão absurdo e cometer crimes tão bárbaros em nome disso. Uma história que mostra que heróis de guerra não são apenas aqueles que são condecorados. Podem ser qualquer um. E criminosos de guerra não são apenas aqueles execrados publicamente. Podem ser cidadãos aparentemente inofensivos.
Resenha completa no blog:
http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/2016/11/o-orfao-de-hitler-paul-dowswell.html?m=1