Galo 15/06/2020
Jazz enquanto fenômeno social
Hobsbawm faz uma bela de uma análise acerca das implicações sociais do e no jazz. É interessante ressaltar que apesar de o jazz ter sempre em si uma reivindicação social de modo indiscutivelmente aproximado à rebeldia, nem sempre isso foi conscientemente pretendido no movimento. Tendo como exemplo seu surgimento, em nova Orleans, os operários que buscavam refúgio na música, sem uma intelectualidade formalmente adquirida, não visavam combater a opressão através da música, pretendiam tão-somente um entretenimento próprio. Isso não significa dizer que uma contestação social própria do jazz não existia, mas sim que estava implícita. É a partir da década de 30, e sobretudo com a revolução bebop no início da década seguinte, que diversos intelectuais negros percebem o jazz como um fenômeno cultural e identitário de cunho afro-americano e, partindo disso, protestar contra a hegemonia opressora branca que não permitia grande parte das camadas menos abastadas da sociedade a adentrarem no mundo da música erudita, sobretudo a europeia. Uma forma de criar uma estética própria que a tudo isso representasse foi a eclosão do bebop e, para citar um nome, o pianista Thelonious Monk foi um desses grandes revolucionários. E, através da erudição jazzistica própria, com a assistência de um cenário antes já criado pelo blues, o afro-americano pôde aproximar-se a uma forma de erudição própria, influenciando amplamente as diversas áreas da sociedade que, com uma ausência do jazz, dificilmente esses atores sociais teriam voz para tal feito. É necessário deixar claro que o jazz não é um fenômeno restrito à negritude, mas sendo protagonizado por ela.