Beatriz Briggs 31/08/2022
O Castelo Branco, Orhan Pamuk
O Castelo Branco, Orhan Pamuk
Nota: 6/10
É muito complicado falar sobre um livro de um autor vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Esse foi meu primeiro contato com o autor e, honestamente, não amei. O livro pode ser rapidamente lido, com uma narrativa relativamente fluida, mas bem tedioso em diversas partes. Alguns fatos são de extrema fantasia e outros mais condizentes com a realidade, mas, ao fim e ao cabo, se encaixam bem na narrativa.
A história se passa no século XVII e é narrada por um acadêmico italiano que é capturado por turcos e vendido a um paxá, que, posteriormente, presenteia o escravo italiano a um jovem estudioso chamado Hoja. Desse encontro surge uma grande surpresa: amo e escravo são muito parecidos fisicamente, chegando a se confundir em diversos momentos da narrativa. Ao longo de muitos anos, os dois constroem uma relação turbulenta e complexa.
O foco dos dois é investigar alguns fenômenos naturais. Enquanto o acadêmico ensina tudo o que sabe a Hoja, com a esperança de retornar a sua terra natal, Hoja tenta se destacar aos olhos do jovem Sultão e descobrir, cada vez mais, os mistérios da vida. Mas, mais do que isso, Hoja fica obcecado em descobrir o que faz de nós o que somos. Ambos chegam à conclusão de que a resposta a essa pergunta está nos sonhos e nos pecados de cada um.
A meu ver, é um livro mais filosófico do que histórico. Embora classificado como romance histórico, passa longe disso. Na verdade, é uma obra sobre identidade pessoal, o ponto crucial é como dois indivíduos se tornaram um só, ao ponto de não conseguirmos identificar quem é quem. Eles estão realmente trocando de identidade ou é uma fantasia vivida por Hoja, querendo acreditar que ele, na realidade, é o escravo italiano? Não faço ideia.
O final não explicou muita coisa, ficou no ar. Sendo mais sincera ainda: não explicou nada, mais confundiu do que resolveu. Às vezes, acho interessante essa técnica; Kafka e Murakami são autores que constroem obras sem resolver a trama toda, porém, nessa obra de Pamuk, senti falta de um final que resolve a história, que explica o porquê dos acontecimentos. Não consegui entender qual foi a intenção do autor com o livro. Fiquei perdida. Mas, esperançosa de que outras obras de Orhan Pamuk sejam melhores, pelo menos aos meus olhos de leitora amadora.