Ilusões Perdidas

Ilusões Perdidas Honoré de Balzac




Resenhas - Ilusões Perdidas


78 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Carla Reverbel 08/01/2013

Editora Abril dois volumes
O início é meio arrastado.
Afinal, é o famoso tijolão.
Balzac é descritivo.
Lá se vão as páginas...
Mas, neste calhamaço está um dos meus personagens favoritos e com os quais me identifico bastante: o jovem, iludido, instável, ingenuo escritor Lucien de Rubempre.
Balzac é genial.
As personagens evoluem, amadurecem, se transformam dentro do romance.
Amo este livro.
Recomendo- mas tem que degustar, ter paciência.
comentários(0)comente



Marcelo217 14/01/2023

"Alegria de pobre dura pouco (?)"
Finalmente enveredei no multiverso de Balzac e penso que não poderia ter entrado de maneira melhor! Esse livro é um espetáculo de escrita.

Fazia muito tempo que não lia algo tão denso. A leitura foi sofrida (tanto pela complexidade da história quanto pela minha edição de fonte minúscula), mas não foi desagradável. Balzac dá uma aula de como escrever e é super compreensível que foram 8 anos pra finalizar esse.

Demorei umas 50 páginas para me acostumar com a escrita e as mais de 300 referências que o autor faz sobre personagens do seu multiverso misturado às figuras emblemáticas de seu tempo. Na jornada de Luciano, personagem principal da história, acompanham no mínimo 37 outros que fazem uma teia de associações e desenvolvem a trama do jovem humilde no interior da França que sonha em ganhar a vida com seus escritos.

Luciano e sua humilde familia não tiveram sossego em toda narrativa. Os valores pessoais e a dinâmica das relações familiares e sociais mostram como era a toxicidade da nobreza e burguesia nos anos de 1820. Luciano passa por cima da familia e das amizades pelo sucesso, receita pronta para o fracasso. A busca pela riqueza me fez refletir o que o dinheiro é tão fugaz quanto as relações feitas quando não se tem intenção nenhuma além da conveniência.

As desventuras de Luciano são numerosas. Durante a narrativa é impossível não sentir certa antipatia dele e pena de suas escolhas. É muito interessante ver como é construída a sua ascenção parisiense, a parte mais legal do livro. Das três partes, a última foi a que menos me agradou, pois há muita burocracia técnica que Balzac não isenta o leitor ao construir argumentos com todos os pormenores possíveis. O final, depois de todo o processo de ascenção e queda, me pareceu muito fantasioso, algo que aconteceria num conto de fadas.


Pelo período oito anos de produção do livro também achei que o ritmo destoa de algumas partes para outras. Acho que Balzac, como escritor, estava mais preocupado com os detalhes em si do que a própria narrativa. Carregado de acontecimentos históricos e de referências científicas, políticas, históricas e literárias, o autor se exibe com seu conhecimento diverso que usa como primeiro plano ao costurar a história. Ele não deixa absolutamente nada subentendido, até mesmo suas ironias. As notas de rodapé são fundamentais para leigos como eu entender perfeitamente como se organizava as relações sociais da época.

"As ilusões perdidas" é um livro grandioso, bonito, elegante, eloquente que escancara as hipocrisias da sociedade francesa oitocentista e entra nos bastidores do jogo de xadrez que era a imprensa, entidade importante da época capaz de ovacionar e condenar qualquer pessoa que saiba andar nos conformes de seu sistema. No posfácio há a menção de uma continuidade da vida de Luciano que com certeza lerei no futuro. O universo escrito de Balzac é maravilhoso.
comentários(0)comente



Jacy.Antunes 03/09/2022

Leituras na pandemia
Balzac e os personagens da Comédia Humana foram meus companheiros em 2020. Foi muito interessante acompanhar as vidas de Lucien Rubempre, Horácio Bianchon e outros que passavam de protagonistas à coadjuvantes nos nove volumes da obra. Há uma adaptação recente para o cinema disponível no NOW, que pretendo conferir.
Paulo Sousa 04/09/2022minha estante
Adoro Ilusões perdidas! Todo estudante de jornalismo deveria lê-lo!


Jacy.Antunes 04/09/2022minha estante
Assisti também o filme, de 2021 e ele é bem fiel ao livro.


Paulo Sousa 04/09/2022minha estante
Vou procurar!


Jacy.Antunes 04/09/2022minha estante
Assisti no NOW




Carlos Nunes 31/03/2022

Classicão absoluto
E chego ao fim da leitura de mais um classicão, nessa edição em dois volumes da Editora Abril, deliciosa de ler. Uma obra que para mim era uma questão de honra, porque eu já havia tentado fazer essa leitura algumas vezes na minha juventude e nunca prossegui. E esse também é um exemplo de uma obra que certamente não agrada a muitas pessoas, mas que para mim foi excelente. O livro conta a história de dois amigos do interior, Lucien e David, que têm aspirações poéticas e um deles, o Lucien, vai para Paris tentar a ascensão social e a carreira de escritor, mas lá vai se ver enredado em todas as armadilhas que aguardam um ingênuo jovem do interior, se envolvendo em tramoias, amores, jogo e outras situações que o afastam cada vez mais dos seus ideais e da sua integridade inicial, prejudicando não só a si como à sua família que permaneceu no interior. E curiosamente esse livro não tem capítulos, é todo um texto corrido, dividido apenas em três partes, a primeira de apresentação, a segunda contando a vida do Lucien em Paris e a terceira, de volta ao interior, mostrando o que aconteceu com David nesse período e após a volta de Lucien. Não vou dizer que é um livro fácil de ler, é bem detalhado e descritivo, e o Balzac é bastante prolixo, esticando demais certas cenas e sendo econômico em outras. Mas eu gostei demais dessa história, e recomendo a leitura para quem não tem medo de encarar esses clássicos intimidadores.
comentários(0)comente



Lucas 29/01/2010

"Com sua pena você pode destruir qualquer coisa, até uma obra-prima."
Balzac nos traz uma obra de legítimo cunho realista, nos apresentado o pitoresco, mas hábil, escritor Lucien Chardon, um poeta do interior de origem parcialmente humilde que vai à Paris para alcançar rapidamente suas aspirações de luxo e nobreza. Entretanto, depara-se com as vicissitudes e a total podridão do meio literário e jornalístico com a deturpação da ética e o uso de publicações para satisfazer vinganças pessoais.
Balzac apresenta um personagem que não desperta uma simpatia imediata, arrogante e volúvel torna-se presa fácil das altas classes parisienses e de jornalistas rivais. Sendo ora vítima do sistema, ora propulsor do mesmo.
Com críticas ácidas advindas dos diálogos magistrais entre os personagens, Balzac mostra de modo singular a vida dos jornalistas na França no período pós restauração sem a necessidade de grandes e cansativas descrições, deixando a obra com uma leitura limpa e rápida.
Vale um aviso: o leitor que busca um herói em suas leituras sofrerá uma grande decepção, Lucien não quer mudar o mundo ao seu redor, mas apenas entrar nele. Um curioso ponto de vista. Recomendo a leitura!
Igor M. 23/04/2011minha estante
Fez eu lembrar de uma frase: "Se você não pode combater o inimigo, junte-se a ele". O que aparenta, até hoje, é que não há mais aquele amor pelas causas perdidas. Todos desejam ser espertos, o resto são otários. Não sei se realmente é a mesma idéia do filme. Enfim, vou ler e ver.




Carol 17/02/2010

Sim, tenho um Balzac 8P
É louco como consegui ganhar um Balzacão. Meu amado professor de prtuguês do ano passado, senhor Galli, pediu que fizéssemos uma resenha de um romance brasileiro: não tive dúvidas, corri fazer de Olhai os Lírios do Campo, pois nunca é demais emprestar esse livro da biblioteca... hehe. O "problema" foi que o professor gostou tanto da minha resenha, que me deu o "Ilusões Perdidas", do Balzac.
Li o livro, mas... Não é um livro ruim, não estou querendo bancar a culta nem nada, realmente achei um bom livro. Mas não é exatamente o tipo de leitura que eu diga "meu Deus, que história emocionante!", nem que me faça sentir a magia que certos autores como Erico Veríssimo fazem. Também é o tipo de leitura que exige uma atenção tremenda, não é uma história para distrair... Já me falaram que é por causa da minha idade, e que daqui uns seis anos e vou ler e vou curtir 'bagarai' o tio Balza. Esperar pra ver... ^^
larissa dowdney 16/02/2012minha estante
nossa, sua resenha é ótima! é muito o que penso!


Pedro 20/08/2013minha estante
vc é paulista?


Adriano Barreto 02/03/2017minha estante
Gostei da resenha, sincera e engraçada. Principalmente o "bagarai" hauhauha. Ainda não li "Ilusões perdidas", de Balzac, apenas, "O pai goriot". Mas, com toda certeza, a idade influencia no julgamento. Quando mais velha, de outra chance ao "tio Balza".




Diego Rodrigues 06/09/2022

"sob todas essas belas coisas sonhadas, se agitam homens, paixões e necessidades."
"O que ele [Napoleão] não conseguiu concluir com a espada, eu realizarei com a pena". Assim Balzac definia a própria obra. Nascido em 1799 no município de Tours, o escritor francês publicou seus primeiros romances sob pseudônimos e exerceu diversas profissões antes de se dedicar inteiramente a escrita, entre elas a de editor, impressor, tipógrafo e jornalista. Ao longo de sua vida contraiu inúmeras dívidas e, na tentativa de saldá-las, escrevia incansavelmente. Composta por mais de noventa volumes, "A Comédia Humana", título pelo qual o autor denominava grande parte de sua obra, documenta e investiga a fundo o espírito da França pós-Napoleônica. Expoente do realismo europeu, Balzac influenciou grandes mestres como Proust, Dickens e Dostoiévski. Faleceu em Paris, aos 51 anos. O amigo Victor Hugo fez parte do cortejo fúnebre e durante a cerimônia proferiu as palavras: "Hoje nós temos um povo de preto por causa da morte de um homem de talento, uma nação em luto por um homem de gênio."

Pedra fundamental do romance francês e da obra balzaquiana, "Ilusões Perdidas" foi publicado originalmente em três partes entre os anos de 1837 e 1843. O romance narra a trajetória de Lucien Chardon, um jovem poeta da província que almeja a glória literária. Logo fica evidente que a cidadezinha de Angoulême é pequena demais para seus anseios e nosso poeta, levado pela ambição, parte rumo a Paris apenas para descobrir que seu talento pode não ser o suficiente para triunfar no meio literário. É preciso então recorrer a outros meios... Entram em cena as falsas amizades, os amores fáceis, os vícios e todos os venenos que a alta sociedade é capaz de destilar.

Em busca de um atalho para o sucesso, Lucien acaba se embrenhando no lamaçal que era o jornalismo francês do início do século XIX. Após a queda de Napoleão, a imprensa gozava de certa liberdade e os jornais, divididos entre liberais e monarquistas, se resumiam a uma complexa rede de intrigas baseadas em mentiras e ataques gratuitos para destruiu ou enaltecer reputações em benefício próprio. Balzac não apenas constrói um intrincado contexto histórico, que nos deixa a par de como funcionava a imprensa, a crítica e até mesmo o mercado literário parisienses, como também propõe reflexões sobre temas universais, tais como a ambição, a vaidade, a corrupção, o egoísmo e a inveja.

Além do primor narrativo (as setecentas páginas do romance passam voando), esse é um livro que possui muitas camadas: contexto histórico, psicologia, filosofia, política e crítica social são algumas delas. Personagens construídos com maestria também marcam presença: o inventor Séchard, a bela Ève, o filósofo d'Arthez e o ardiloso Lousteau, apenas para citar alguns, encarnam os medos, anseios, sonhos e conflitos que assolavam Paris após a queda de Napoleão; a maioria deles inspirados em personalidades que de fato existiram e que faziam parte dos círculos de Balzac. Aliás, ao comparar a trajetória de Lucien com a de Balzac vamos perceber que a obra tem muito de autobiográfica.

Temperado com sarcasmo e melancolia, "Ilusões Perdidas" é mais um daqueles clássicos que se recusam a envelhecer. As críticas direcionadas a sociedade parisiense podem ser facilmente trazidas para o nosso contexto e dão muito o que pensar. Leitura altamente recomendada para aqueles que gostam de um livro inteligente e bem escrito. Quanto a edição da Penguin, deixo o alerta de sempre: leia a introdução somente após terminar o romance, pois o texto do estudioso britânico Herbert J. Hunt está recheado de spoilers.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 06/09/2022minha estante
Que legal! Ainda quero ler Balzac um dia!


Diego Rodrigues 07/09/2022minha estante
Fazia tempo que queria ler algo dele, pois sempre vejo bons comentários.. Fui com a expectativa alta e mesmo assim o livro me surpreendeu! Recomendo, vc vai gostar ?




Don Hoffman 02/04/2023

A França serve de berço ao escritor que dissecou a humanidade e desfiou a saia da sociedade fazendo-se ver a sua monstruosa nudez
Esta história, repleta de reviravoltas e de uma profunda relação com a realidade de seu tempo, que de tal maneira nos transporta a tal época nos colocando enquanto leitores na condição de espectadores, que presenciam diante de si todas as cenas, todos os diálogos, toda a fusão que faz Honoré de Balzac entre a sociedade de França do século XIX a seu escrito, torna-a uma criatura viva, que fala por si só, como se ao virar das páginas você pudesse olhar diretamente para o passado através dos olhos do escritor, cujas personagens, alimentadas por sua alma, vez que cada qual, dialoga em diferentes níveis com características particulares do autor, ou com suas próprias vivências, fomentam o que ele denominou como a sua "Comédia Humana".

A comédia humana leva este nome em referência a Divina Comédia de Dante Alighieri, e contém tantos títulos que não é possível estimar com precisão a sua totalidade (em torno de 100); basicamente tudo o que autor escreveu após a publicação de Os Chouans a compõe.
Infelizmente menos celebrada que " O Pai Goriot" ou a "Mulher de Trinta Anos", que são obras de menor extensão, considera-se as Ilusões Perdidas como a mais importante obra do autor, pois, fez ele o impensável, algo que se conecta tão verdadeiramente, tão intimamente com a realidade, que até mesmo as contas de um processo judicial em razão do desconto de três letras de câmbio se podem ver no livro.
Nada é exposto de forma gratuita ou mencionado como mero conectivo para lubrificar as engrenagens da história, tudo é profundamente analisado, explicado, descrito, mesmo os menores detalhes.

Se um dos personagens; David Séchard é um impressor, Balzac leva o leitor até a sua tipografia, explica o funcionamento dessa já extinta forma de se editar escritos, seus problemas administrativos, as operações de seu maquinário etc.

No entanto, não é apenas o caráter descritivo que confere vida própria às Ilusões Perdidas, nem tampouco tal característica se restringe somente à esta, mas também a todo o conjunto da obra do autor. Tem ele um comportamento assaz incomum, todas as suas personagens tem inspiração em personalidades e pessoas reais de seu tempo, e por várias vezes o autor, como se vê em ilusões perdidas trouxe escritores, autores, poetas, elegantes, jornalistas, políticos etc da vida real para dentro de sua história, e essas pessoas dialogam com o enredo de forma tão sublime que qualquer um que ler esse livro, por vezes se verá com a sensação de estar lendo algo que se passou verdadeiramente numa realidade distante (isto é, se a sua edição possuir notas de rodapé). Suas personagens a próposito, não se restringem a um único livro, mas transitam entre várias de suas obras, pois a comédia humana é em si, um complexo sistema de obras comunicantes que formam um todo; cada livro é uma engranagem do autômato criado por Balzac.

A razão que leva a um desconhecimento da obra por parte da maioria reside ainda nas circunstâncias de seu lançamento, cuja conduta que causou no público contemporâneo ao autor fora adotada pela posteridade; preferiram os livros que já estavam completos como os já mencionados. Em suma, o livro fora lançado aos pedaços e com grande espaçamento de tempo, ora um folhetim num jornal, ora um capítulo, o que levou os indivíduos a perderem a ordem cronológica e consequentemente o interesse. No entanto, passados quase 200 anos alguém fez o obséquio de reunir tudo para que uma posteridade ainda maior pudesse desfrutar do mesmo sem obstáculos, o que não tirou o livro por completo da obscuridade do desconhecimento por parte de um público mais abrangente.

Balzac além de um escritor de caráter inegavelmente realista, era um romancista categórico, sua pena não desenhou somente a realidade da França do século XIX em toda sua pormenoridade, mas extraiu diretamente do autor para as páginas a mais viva análise do comportamento e emoções humanas, fazendo dele um exegeta de uma verdadeira anatomia dos sentimentos humanos, que levam o homem a percorrer os mais variados caminhos.

Dessa anatomia de sentimentos, resultam diversas dualidades que se expressam através dos personagens, pois ao mesmo tempo que Balzac presava e defendia uma vivência pautada pelo trabalho, não deixava de habitar em sua consciência o ser que deseja triunfar a qualquer custo, que deseja uma vida fácil, um ser de maquiavelismo pueril, cuja conduta é sempre ditada pelos desígnios do prazer, não tendo forças para resistir a qualquer tentação por menor que seja ela e sofrendo sempre as mais terríveis consequências que essas atitudes podem causar.
Esse ser então toma forma e vida própria, é ele Luciano Chardon De Rubempré, o principal e mais complexo personagem das Ilusões Perdidas, e também o mais completo.

No que concerne a aspectos estruturais do livro, obviamente que se trata de uma narrativa densa, extensa mas de forma alguma cansativa, tal fato até pode ser verdade no princípio da leitura, mas essa sensação acaba morrendo, sucumbindo ante a riqueza cultural que ali se apresenta. Pois ao passo que as descrições prolíficas do autor possam suscitar no pensamento do leitor algum enfado, elas produzem o efeito inverso, prendendo à atenção e criando cada vez mais interesse pela história, quer seja pela curiosidade, pela apreensão do resultado que determinada situação vá causar à vida dos personagens, quer pelo profundo conhecimento histórico, literário, poético, teatral, político e etc que esteja sendo narrado, pois sempre que necessário o autor pausa muito brevemente a história para explicar as razões que lhe darão causa, baseando-se nas instâncias aduzidas.

Isso torna o livro de uma riqueza cultural que não vê muito habitualmente, em virtude do fato que ele está sempre mencionando outros autores bem como suas teorias e obras, o que é visto da primeira até a última página.
Tal circunstância torna indispensável as notas de rodapé que muitas pessoas não gostam, no entanto, a não ser que o leitor seja um literato versado nas mais amplas variedades do conhecimento tal como era o autor, sentirá imensa dificuldade em prosseguir com a leitura se a sua edição não possuir as tais notas.

A questão central abordada versa acerca da ambição desmedida e do caráter flexível, leviano de Luciano de Rubempré, cuja evolução é sempre moldada por aqueles com quem convive, vez que, é sempre levado pela sua intempestividade a cometer atos que ele próprio julga como incorretos, tornando-se por conseguinte uma pessoa deverás influenciável, no entanto, existe dentro do mesmo uma força maior que o faz agir assim, essa força é a vaidade que não lhe permite viver uma vida simples, e quanto mais essa vaidade é instigada, alimentada por aqueles que o cercam, mais ele decaí, mais adiante avança no mar de imoralidades que ferem o que ele um dia julgou serem seus princípios.
Quase toda sorte de fraqueza existe em Luciano, o que contrasta com a sua inteligência e beleza exterior que foram dois fatores preponderantes para que ele fosse levado a seu maior sucesso, e depois acabasse na mais absoluta miséria deixando por conseguinte a sua própria família por um período de tempo considerável em igual miséria.

Apesar de suas atitudes reprováveis, nós leitores somos levados assim como alguns personagens do livro a ter uma simpatia considerável por Luciano, sentimos suas dores, seus anseios, desejamos que obtenha sucesso, pois em certos momentos enxergamos nele a nós mesmos. Todo ser humano é passível de falhas, de erros, de sucumbir às dificuldades, sendo essas ocorrências muito frequentes à Luciano, pois é ele uma quimera que está no romance para sofrer os martírios ocasionados pelos mais tolos erros de conduta; dessa maneira nos mostra o autor as vicissitudes da vida tornando-se esta a razão pela qual todos os leitores hão de identificar-se com ele nalgum momento.

A vaidade latente, esse sentimento ignóbil o conduziu primeiramente ao estágio de sedução por aquela que, sendo de uma natureza muito semelhante a dele, fez-se a sua protetora, a Sra. Luíza de Bargeton. Ambos permaneceriam iludidos um pelo outro até que Paris com um corte de machado deceparia essas ilusões pela raiz.
O título casa tão bem com a história quanto o pão com a manteiga, em função do fato dessas ambições causarem em Luciano, seja por acréscimo de experiência, seja por constatar a realidade de algo, uma quebra de paradigma. Entretanto a grande maioria dos personagens, mesmo aqueles que como a sua família desejam uma vida mais simples e não são ambiciosos sofreram com as terríveis desilusões. Sua família tinha ilusões a respeito dele, um modelo em suas cabeças sobre quem seria Luciano, nesse caso quem cortaria a golpes de machado uma a uma essas Ilusões seria ele próprio, gerando grande abalo emocional em sua família.
Essa quebra de ilusões se faz presente durante toda a trama, sendo uma força que pode se orientar para qualquer esfera da vida, veremos uma boa parte dos personagens a sofrer com a quebra de suas espectativas, entretanto Luciano obviamente é aquele que mais sofrerá abalos devido à alta frequência dessa situação, que lhe ocorre sempre pois é o único destino a que conduz uma ambição desorientada.

Tal ambição, o faria perder o que em função dela própria ele conquistara, pois, tendo alcançando a posição elevada que alcançou independentemente dos meios empregados, deveria ter se esforçado para preservá-la, contudo uma conspiração atiçaria a vaidade de Luciano levando-lhe como sempre, pelo ofuscar da visão e do pensamento a agir pelo impulso.

Neste ponto Luciano estava já na imprensa, que consome por inteiro a segunda parte do livro. Ele fez-se de jornalista, e cumpre explicar aqui o que Balzac, pensa acerca da imprensa, o que constitui a sua "crítica fatal".
O que ele designou como "lupanares do pensamento", era apenas uma semente que já corroía o solo, quando germinasse por completo às catástrofes que já se apresentavam àquele tempo (note que a história se passa num período de instabilidade na história da nação francesa; entre o período Napoleônico e a Restauração Francesa, mas fora escrito já no período da Restauração), viriam como uma avalanche e a imprensa se tornaria o que é hoje.
Não desejava ele que a imprensa fosse extinguida, apesar de ter sido por ela prejudicada, o que ele mostrou era mais que suficiente para que qualquer indivíduo notasse que meios coercitivos deveriam frear o avanço das moléstias causadas por ela, uma dessas práticas era obviamente o insulto que os jornais faziam a quem quer que fosse, as vezes sem qualquer limitação e de maneira explícita.

Porém, algo ainda pior ocorria, qualquer obra de caráter literário, qualquer peça de teatro, para que obtivesse êxito dependia das críticas feitas nos jornais, e para que essas críticas fossem favoráveis os jornalistas deveriam ser favorecidos. Balzac se orgulha de nunca ter precisado do auxílio dos jornais para que suas obras triunfassem, ademais, com cada jornalista no livro sendo uma possível representação de um alguém real, ele jamais conseguiria tal auxílio.

Há inclusive uma passagem onde um de nossos personagens que é a contra parte corrompida de um ideário de Balzac; Estevão Lousteau, um jornalista, que estava tentando advertir a Luciano sobre a vida que este teria caso desejasse lutar para lançar os seus livros, ou entrar no jornalismo, e que posteriormente lhe afundaria neste mundo de artigos insidiosos (ele foi alertado quanto ao perigo de suas Ilusões, logo, não é correto culpar Lousteau pela sua queda), afirma que Luciano só poderia triunfar no meio literário se fizesse justamente o que o próprio Balzac fez, rivalizar com o registro civil, isto é criar personagens tão vivas quanto àquelas reais inscritas no registro civil.

Ademais, os escritores tinham uma dificuldade adicional, os livreiros da época ou editariam seus livros por um valor ultrajante, ou não o fariam se o livro em si fosse muito complexo de se ler pois isso prejudicaria suas vendas, (quanto mais complexa é uma obra, mais tempo leva-se para apreciá-la e consequentemente mais tempo levam os leitores para adquirir novos livros).
Tinham os livreiros relações com os jornalistas, dessarte os livros deveriam antes ser julgados por esses juízes perfídos do pensamento para verificar se estava de acordo com seus interesses, se a publicação não seria vantajosa para o jornal do partido oposto, ou se deveria ser aniquilada completamente.

Um ponto interessante é que tanto os jornais liberais quanto os jornais realistas (conservadores) vivem em uma camaradagem que permite fogo amigo quando lhes é conveniente, ou seja, um jornalista ataca a outro do partido oposto, ou um membro seu que não necessariamente é jornalista, pode ser escritor ou qualquer outra coisa, com o consentimento deste, vez que esse ataque daria base posterior para a alavancagem de ambos, logo no jornal, tudo gira de acordo com a roda dos interesses pessoais, camaradagem não é o mesmo que amizade apesar de suas semelhanças e esses jornalistas estão sempre a esquadrinhar formas de derrubar qualquer um, até mesmo membros de seu próprio jornal se isso for lhes trazer algum benefício.

Luciano passaria de liberal a realista na crença de obter um decreto do rei que lhe permitiria utilizar o nome de Rubempré, vez que, esse nome provinha da parte de sua mãe cuja família já pertencera a uma casa nobre, obtido este decreto seria ele Conde de Rubempré, porém isso não ocorreu, ele seria enganado por aquela que era a causa dele ter chegado à Paris, terminaria na miséria e retornaria à sua Angoulême.
Na passagem de Luciano pelo jornal, sendo este episódio "Um grande homem da província em Paris" a parte mais importante do livro, Balzac deixa claro os males que uma ambição desmedida podem trazer, ao passo que mostra como o jornal seria um tirano que rouba e aprisiona as ideias tornando-se um câncer para a sociedade à medida que dita o que seria publicado ou não, expõe o maquiavelismo parisiense no que tange ao relativismo da verdade e das opiniões que imperam na sociedade.
A terceira e última parte é quase como um curso de como a roda dos interesses gira no ramo comercial, aqui Luciano já tinha perdido tudo e arruinado sua família no processo. Nos é mostrado o funcionamento dos processos judiciários da época, as conspirações feitas pelos grandes argentários que a todo custo tentam obter o poder, usando como degrau um homem cujo único erro fora ter descoberto através de seus estudos um segredo que beneficiaria o seu país como um todo. E por fim, quando tudo já estava praticamente terminado e Luciano desejou para si um destino fatal eis outra grande lição do autor.

"Não se vence no mundo jogando contra as leis da sociedade, que apesar de reprováveis são por ela aceitas, um homem pode ser tão vil e tão criminoso quanto a um condenado, e mesmo assim ser louvado e agraciado pela sociedade se este souber esconder o seu proceder, esconder as suas chagas, em outras palavras, colimar um fito brilhante ocultando seus meios de vencer".

Luciano como já aduzido foi movido pela ambição, no entanto, sua ambição tomou por condutor o coração no lugar do cérebro, fazendo com que ele negligenciasse as leis do mundo que sabem recompensar bem aqueles que lhes obedecem.
Sua história não foi terminada neste livro, o final aponta a direção de sua continuação que se dá no livro: "Explendores e Misérias das Cortesãs", que faz parte do grupo de obras intitulado de Cenas da Vida Parisiense.


🚨 ALERTA: A PARTIR DESSE PONTO SERÁ NARRADA A HISTÓRIA EM DETALHES, PORTANTO, SE NÃO DESEJA SPOILERS, FINDE SUA LEITURA AQUI.
OBRIGADO.

Tudo começa numa tipografia em Angoulême, uma província na França, típica cidade pacata de interior. De início, qualquer um de nós achará estranho o nome "tipografia", mas dentro em pouco o autor nos fará sentir verdadeira familiaridade com esse obsoleto tipo de estabelecimento.
Em 1793 o velho Jerônimo Nicolau Séchard, pai de David Séchard, um dos personagens principais, estava já com cinquenta anos e consegue tomar posse do estabelecimento do qual fora por muito tempo um funcionário, porém, não sabia ele nem ler nem escrever mas foi ajudado por um conde e por um eclesiástico que estavam fugindo da Revolução Francesa que lhes faria rolar as cabeças, cada qual, seguido do outro, toma o lugar de mestre impressor por algum tempo até passarem os perigos da revolução.
Com o tempo, Jerônimo conseguiu fazer o negócio prosperar e contratar um mestre impressor. Ele então envia seu filho, David Séchard para estudar a alta tipografia em Paris, terminados os estudos, David regressa em 1819, na casa dos 20 anos. Cumpre salientar que Jerônimo é um avaro como nunca antes visto, ele parece não gostar verdadeiramente de seu filho, aprecia somente o dinheiro e até sente inveja de David pelo conhecimento que este tem, chegando a alegar que se arrepende de tê-lo incentivado a estudar, mesmo David sendo um filho exemplar que não lhe custou sequer um cobre.
Já no dia seguinte ao retorno de seu filho, o velho que até o fim da vida teve a astúcia da raposa dá um golpe no garoto o obrigando a aceitar uma sociedade nada favorável, David sem escolhas aceita esta usurpação, na qual o velho lhe vendeu a tipografia pelo triplo do valor e como se não fosse suficiente, ainda tomou para si a herança da mãe dele. David deveria pagá-lo mensalmente aos aluguéis da casa.
Estando a casa vendida, pois a tipografia funcionava literalmente numa residência há séculos, e vale ressaltar que era a casa mais mal-cuidada da França, visto que a avareza de Jerônimo era tão grande que ele não cuidava de absolutamente nada; o mesmo se muda para sua propriedade rural em Marsac, numa cidade próxima à Angoulême onde ele tinha um outro negócio, a sua fabricação particular de vinhos, e ali ele viveria até o fim de seus dias, pois além de avarento era um vinhateiro; um borracho de vinho sem limites.
Deixando a sua antiga tipografia praticamente vazia de mobília, pois até isso ele levara para si, pouco voltava à ela e quando o fazia era por saudade de seus prelos obsoletos, pois obviamente que ele não adquiriu prelos mais modernos, no caso, os de Stanhope, ele os odiava, ao passo que adorava seu antiquado maquinário de madeira.
Poucos dias após se instalar naquele pardieiro, David reencontrou seu antigo amigo do colégio, Luciano Chardon De Rubempré de vinte e um anos, na mais absoluta miséria, seu pai fora cirurgião do exército republicano e posteriormente se tornaria farmacêutico no Houmeau, o bairro comercial que rivalizava com a aristocracia de Angoulême, e quanto a este ponto cabe uma menção rápida que explica a tal rivalidade. Angoulême é a cidade alta, habitada por nobres, porém essa aristocracia só tem nome, pois são todos pobres, o Houmeau é o bairro de baixo, pois literalmente essa parte da cidade fica abaixo de um cume onde se situa Angoulême, e sendo composta de ricos comerciantes burgueses, logo compreende-se bem a razão dessa contenda.
O Senhor Chardon pai de Luciano perseguira por toda vida um segredo para tratar gota, porém, após sua morte, o Senhor Postel era agora o proprietário da farmácia. Luciano juntamente com sua mãe e irmã viveriam numa pequena casa (uma espécie de kitnet dada a descrição do autor) reservada na parte de cima desse estabelecimento por algum tempo.
Pouco depois de se encontrarem, David faria de Luciano seu funcionário na tipografia por um mísero valor já que este não tinha ocupação, logo, os dois se tornaram irmãos na miséria, pois arruinado como foi David por seu pai, este mal tinha para si próprio. Entretanto os dois compartilhavam do amor pela poesia, Luciano por sua parte, havia um tempo que estava escrevendo dois livros e desejava publicá-los.
O fato de ser um jovem poeta em ascensão fizera Luciano ser conhecido em sua cidade, muitos o adoravam e logo ele cairia nas graças da Srta. Maria Luísa Anaïs de Negrepelisse (a Senhora de Bargeton em virtude de seu casamento), uma mulher que foi criada de maneira reclusa, educada por um padre que tinha os mais variados conhecimentos, destacando-se a literatura e os idiomas. Luísa era amante de todo tipo de arte, sua reclusão lhe fizera uma mulher muito afetada por tais coisas, logo, nada para ela era simples e a tudo ela dramatizava, categorizava, às menores coisas conferia proporções gigantescas.
Sua criação se deu de tal forma que ela se tornou o que mais temiam os homens do século XIX; uma mulher altiva que não aceita submissão ao marido, logo seu pai, para evitar o sofrimento da filha, e ao mesmo tempo lhe arranjar um bom casamento, encontrou o partido perfeito, um homem tão inerte quanto uma pedra que a obedeceria sem questionar.
Luisa já tinha 36 anos, mas não havia perdido seus ares nem sua aparência de menina, de tal forma, queria ela viver o que não pudera em seus anos pregressos devido à sua reclusão, um amor adolescente por assim dizer, já que estava ela afundada em solidão, a única coisa que lhe rendera seu casamento.
Havia um homem que fazia de tudo para lhe chamar a atenção, o Barão Du Chatelet de quarenta e cinco anos, um importante diplomata elegante que ambicionava desposá-la vez que, seu marido não duraria muito, porém, apesar de ser ele um homem maquiavélico e tão astuto quanto o era simplório em matéria de arte, acabou dando um tiro no próprio pé ao falar sobre Luciano para Luísa.
Ela convidaria Luciano à sua casa e logo os dois se enamorariam um pelo outro iniciando um romance proibido. Luísa faria de Luciano o seu protegido e o mesmo visitaria sua casa com certa regularidade à propósitos de poesia.
Passaram-se alguns meses e organizou ela uma recepção em seu palácio onde Luciano faria sua estréia, deveria ler ele alguns poemas de sua autoria, porém, toda aquela gente que compareceu à recepção era muito invejosa e trucidaram Luciano.
Em paralelo, David e a irmã de Luciano; Eva Chardon se apaixonaram e iriam se casar, Durante um encontro às margens do rio Charente, David lhe fala acerca de uma pesquisa que estava fazendo para reduzir o preço do papel pela metade na França, o que seria o seu meio de fazer uma fortuna para a família.
Logo que a decisão de se casarem foi tomada, David reformou a casa com o dinheiro que guardou de sua estada em Paris e convidou toda à família de seu irmão, (pois Luciano era para ele um verdadeiro irmão), para lá residirem; estava ele negligenciando sua tipografia e não pagava mais os aluguéis ao pai que pelo menos não teve a audácia de citá-lo judicialmente.
A primeira perda significativa de David seria o jornal do Charente, pois ele não possuía tino para o comércio e deixou que sua incúria afetasse o negócio, ele acabou sendo forçado a vender o tal jornal para os irmãos Cointet; papeleiros rivais de David, que muito mais espertos do que ele, não desejavam aniquilá-lo por completo pois, temiam que no caso de ser vendida a tipografia, alguém mais inteligente tomasse o controle do lugar (nessa ocasião tomou a frente da negociação o Velho Séchard que embolsou o valor da venda). Portanto, permitiam que o mesmo ficasse responsável pelas impressões necessárias ao seu sustento.
Tudo ia razoavelmente bem para a família até que durante uma visita que fizera Luciano à sua amada, o mesmo foi visto agachado diante dela com a cabeça em seu colo, na ocasião, fora visitá-la o Senhor Chandour que, entrou na ponta dos pés e viu aquela cena.
Aliás, na mente das pessoas de Angoulême já corria a suspeita da existência de algo entre os dois, logo, a intenção de Chandour era alcovitar. Du Chatelet aproveitara-se da situação agindo duplamente como de costume, pois instigou ainda mais Chandour para que este espalhasse os boatos ao passo que fora visitar a Senhora de Bargeton para aconselha-lá a exigir do marido que cobrasse reparações.
Assim ela o fez, e o Senhor de Bargeton se dirigiu à noite até a casa de Chandour que se encontrava cheia, Chatelet intermediou a negociação e foi dada a Chandour duas escolhas: desmentir as acusações ou enfrentá-lo em duelo.
Porém, apesar do homem se portar como um objeto inanimado, Bargeton era muito bom com a pistola tendo liquidado vários durante sua juventude, o duelo ocorreria na manhã do dia seguinte. Chandour foi atingido no pescoço e nunca mais conseguiria mexê-lo.
A notícia rapidamente se espalhou e poderia comprometer tanto Luísa quanto o Senhor de Bargeton, pois os mexericos numa cidade pequena são capazes de fazer tanto estrago quanto uma bala de revólver, logo tomou ela providências.
Tinha Luísa um desejo antigo de visitar e habitar Paris, para ela era o berço da inteligência, o que a levou a fugir para lá com Luciano que a princípio objetou, porém conseguem as mulheres exercerem um quase absoluto império sobre os homens, logo, ela o coagiu alegando que os poetas devem colocar-se acima dos demais e utilizou o sentimento de ambos como forma de fazê-lo aceitar.
Neste ponto a vaidade de Luciano, que fora despertada por Luísa e que até o momento apenas exercia influência na mente dele, externou-se, levando Luciano a abandonar seus familiares.
Quando Luciano foi falar à sua família sobre esta situação todos estavam muito felizes com as reformas feitas na casa, e romperam em pranto com a notícia. David que é um gênio dotado dos mais belos sentimentos, emprestou a Luciano uma parte da quantia necessária à sua viagem, mil francos. Era tudo que ele tinha e a outra, fora conseguida a título de desconto de uma letra de câmbio com Postel. Era hora de partir, a fuga deu-se na calada da noite, Luísa esperava por Luciano em sua carruagem na cidade de Mansle e David o levaria até ela numa caleça. Antes de partirem, David observando sua sogra e futura esposa a chorar tanto pela partida, quanto pelo fato de que Luciano não assistiria ao casamento de ambos, advertiu-o para que ele jamais se esquecesse daquela cena, pois ele conhecia o irmão, conhecia sua fraqueza, e sabia que Paris lhe afundaria com suas tentações; não podia estar mais certo.
Châtelet que esteve sondando, descobrira a pretensão da fuga e pôs-se a seguir o casal, pensava consigo: "se ela não casar comigo, não casará com mais ninguém". Os três se encontrariam em Paris, num hotel onde o casal se instalaria temporariamente.
No dia seguinte à chegada no hotel, Luciano dormiria até tarde, durante esse tempo chegara Chatelet para falar a Luísa, segundo ele não seria bom para ela permanecer na companhia de Luciano no hotel, pois isso poderia prejudicar sua situação e prodigalizar ainda mais os boatos a respeito dela, seu real intuito era obviamente separar os dois. Assim que ela concordou com a ideia do barão de lhe arranjar um apartamento nos arredores do local, o mesmo foi tratar do tal arranjo, cerca de uma hora depois Luciano acordou e foi até o quarto de Luísa, nesse momento o desencanto entre os dois começa a surgir.
Ele entrou muito mal vestido, o que fez Luísa enxergar o contraste que se fazia entre ele e seu rival, e Luciano agora, via sua bela Luísa num quarto horrível, como se o ambiente lhe fizesse ver como ela realmente era.
Um pouco mais tarde Luísa lhe falou sobre a tal mudança, Luciano não concordou, mas, acabou por aceitar ante as razões mostradas. Ele ficou no pobre hotel enquanto ela foi morar num belo apartamento. Realizada a mudança, Châtelet foi visitá-la para lhe dar instruções de como se portar em Paris, recomendando costureiras e outras espécies de profissionais que cuidam da aparência, logo ela entrou em contato com sua prima, a Marquesa de Espard.
Luciano foi informado que visitariam a Marquesa de Espard para ocasião de uma Ópera, onde ele conheceu as mais ilustres personalidades da época, porém, se ele foi humilhado no palácio de Bargeton, na tal ocasião ele seria aniquilado.
Paris rompia mais uma vez com as ilusões que ambos tinham um pelo outro, e levaram Luciano a despender de boa parte da soma que trouxera consigo em prol de uma vestimenta que se revelou muito afetada para ocasião, sua atitude foi fruto de uma comparação que ele fez entre si e os jovens Parisienses.
Em face à elegância daqueles jovens poetas e demais personalidades, Luísa não via mais que um trapo em Luciano, sua poesia agora não passava de um desarranjo mal feito, e Luciano, tendo diante de si uma das mais belas mulheres de Paris, a própria Marquesa, viu em Luísa uma espinha de peixe.
Quando a Marquesa soube que Luciano se chamava Chardon, tomou Luísa a parte e saiu com ela em uma carruagem o mais rápido que pode, ela tinha prometido uma recepção em sua casa para Luciano, agora, aconselhava Luísa a se afastar dele, o que foi feito de imediato.
Luciano ficou às margens da miséria, se mudou do hotel para um simples quarto em um hotel ainda pior e ali viveria empenhando seu tempo em escrever, ler em uma biblioteca que era próxima ao local, e tentar sempre que possível assistir uma peça no teatro.
Havia um restaurante onde todas as pessoas de condições mais precárias costumavam comer, o Flicoteaux, um estabelecimento até modesto para o fim a que se destinava, Luciano foi levado pela curiosidade a observar um jovem que raramente via ali, Estevão Lousteau, o homem que o introduziria no cerne da sociedade parisiense.
Todavia, antes que isso acontecesse, ele fez amizade com outro jovem chamado De Arthez, um garoto pobre como ele que tinha também interesse em ser escritor, De Arthez porém, é o que pode se designar como o indivíduo mais correto em matéria de conduta em toda a história, tal fato o leva a ser sempre comedido e responsável para com seus atos.
Luciano passa então a fazer parte do grupo seleto de estudantes que compunham os convivas de De Arthez, cada qual tinha uma habilidade diferente, um era médico, outro pintor etc.
Esses amigos fariam de tudo para tentar ajudar a Luciano, para lhe educar, pois ele era verdadeiramente inteligente, era como os seus confrades, mas havia algo nele, uma força interior ignóbil que o conduziria à ruína, tal como De Arthez falava: "Luciano pensa bem, mas age mal".
Todos os esforços seriam inúteis, de tal modo que Luciano quando teve a oportunidade durante um almoço com De Arthez no Flicoteaux, rapidamente deixou a mesa para sentar-se junto a Lousteau.
Deste primeiro encontro desencadear-se-iam todos eventos mais marcantes da vida de Luciano, seu esplendor e sua miséria, Lousteau seria como que o demônio que oferece ao homem a realização de seus maiores desejos somente para tirar-lhe tudo depois.
Porém, Lousteau avisara a Luciano, que já estava perseguindo os jornais tentando a todo instante falar com o chefe de um deles, sobre as dificuldades que este teria se quisesse ingressar como escritor ou como jornalista em Paris, desse modo Lousteau desfiou toda a realidade da cidade emblemática para Luciano, apenas isso deveria ser o suficiente para lhe destruir todas as ilusões, mas a ambição falou mais alto, e daquele encontro marcante onde os dois deixaram o restaurante e se puseram a andar por uma espécie de arvoredo ou jardim que existia nas proximidades, Luciano experimentaria seus maiores prazeres e suas piores angústias.
Ao fim do encontro, Lousteau atirou Luciano diretamente na roda parisiense, de modo que em uma única noite ele conheceria os bastidores do teatro, o livreiro mais importante de Paris, os dramas das atrizes e terminaria em um caso com uma; Corália que se apaixonou por ele, e por fim, criaria seu primeiro artigo para o jornal de Finot. O tal artigo fez com que todas aquelas raposas ávidas e astutas que compunham o jornal se empertigassem de inveja dele.
Depois daquela noite, Luciano não poderia mais suportar viver naquela miséria, afinal, havia ele provado do fruto proibido, de tão bêbado acabou na cama de Corália, que era amante de um velho rico comerciante, O Senhor Camusot, ele posteriormente descobriria o caso e deixaria que os dois ficassem na casa que ele havia comprado para ela, em suma, ele não reagiu, mas aguardou ansiosamente a queda de Luciano para poder retornar à seu paraíso pessoal.
Havia Luciano obtido tudo o que queria? Tinha agora ele as melhores roupas dignas dos altos elegantes da Paris do século XIX, uma amante para chamar de sua, entradas gratuitas em qualquer peça de teatro, uma bela casa, e um trabalho deveras rentável.
Um dos caprichos da ambição é justamente a vingança, logo, Luciano começaria a atacar nos jornais tanto a senhora de Bargeton quanto a Du Châtelet, porém a espinha e o socó não permaneceram inertes por muito tempo diante desse bombardeio de ridicularizações.
As festas constantes, as reuniões sociais infindáveis, todo o prestígio que estava recebendo, obviamente cegaria Luciano, como seus amigos no cenáculo e o próprio David puderam prever em face ao conhecimento que tinham de seu caráter influenciável.
Essa vida porém tinha um preço alto demais para que Luciano pudesse mantê-la por muito tempo, logo ele ficaria sem dinheiro devido aos excessos, o levando a um vício que foi nele implantado pela companhia de Lousteau, o vício do jogo, tanto que ele chegou a possuir trinta mil francos numa mesa de jogo só para perder tudo no minuto seguinte.
Isso levou o jovem casal, junto com sua fiel empregada que nem na adversidade os abandonou, a mudar-se para uma casa mais simples.
Esse fato conecta-se com a vontade que tinham Du Châtelet e Luísa de contra atacar a Luciano, então, usaram contra ele o sentimento que o conduziu até aquele estado, e como um peixe ele fora fisgado.
Como Luciano era do jornal liberal, Luísa lhe prometeu através de uma complexa articulação envolvendo um Duque que estudou Luciano, Châtelet, sua prima e até um membro do ministério que caso ele mudasse de lado, passasse ao jornal realista, ele receberia do rei um decreto que lhe permitiria o uso do sobrenome de sua mãe, seria ele Conde de Rubempré, teria fortuna.
Antes que ele entregasse sua cabeça numa bandeja de prata para seus inimigos, os seus antigos amigos do cenáculo foram visitá-lo a propósito de lhe alertar das consequências desse ato, ele não os ouviu, ademais Corália insistia na tese de que ele deveria de fato passar ao lado dos realistas e assim foi.
Isso só poderia resultar numa coisa, o jornal liberal declarou guerra à Luciano, e os que se passavam por amigos mas na verdade o odiavam ficaram muito satisfeitos em poder detoná-lo em seu jornal, no entanto, algo pior ainda estava por vir, Luciano seria obrigado a criticar pesadamente o livro de De Arthez no jornal realista, caso contrário seus integrantes trucidariam a representação que Corália faria numa peça, aliado a este fato Luciano havia já empregado todo o dinheiro que possuía para que ela obtivesse êxito, tendo ido até o próprio Camusot para que ele descontasse algumas letras de câmbio que possuia; teria ele de fazer uma escolha, o amigo ou a amante. Sabendo disso, ele correu até a casa de De Arthez que apesar de tudo ainda foi capaz de compreendê-lo e reescrever ele próprio o artigo que seria publicado no dia seguinte.
No entanto ele seria traído, a plateia que havia pago para aplaudir Corália não o fez e a peça fracassou pois ela se sentiu péssima com a frieza da plateia e não representou bem, no jornal a queda da peça foi atribuída a Corália que adoeceu.
Os problemas de Luciano só aumentavam, Miguel Crestien, um dos membros de temperamento mais forte do cenáculo tomou as dores do amigo sem saber que o próprio aprovou o artigo, e no meio da rua ele cuspiu na cara de Luciano que revidou com um soco, disso resultou um duelo, Luciano foi ferido acima do peito e levou dois meses para se recuperar.
Enquanto ele se recuperava, Corália usava o que restava de suas forças para representar no máximo de peças possíveis, de modo que quando ele se curou por Completo, ela que já não estava bem adoeceu. Sem dinheiro e na mais absoluta miséria ele não soube mais o que fazer, sua última esperança foi cometer um crime contra o próprio irmão, imitando sua assinatura e descontando em seu nome três letras de mil francos cada, cujo valor fora empregado para pagar as dívidas do casal, lhe restando apenas trezentos francos, por último escreveu uma carta à David, lhe alertando sobre o que viria a ser a sua ruína.
A maior desgraça de Luciano seria a morte desta menina, sem saber o que fazer ele vai em busca de seus ditos antigos amigos de influência para conseguir dar um enterro digno à amante, apenas uma moça que de fato gostava dele e era uma das poucas que possuía caráter nesse meio, a escritora Srta. des Touches que utilizava o pseudônimo de Camilo Maupin, apareceu tardiamente enquanto o pequeno grupo velava Corália no quarto e deixou nas mãos de Luciano duas notas de mil francos.
Ao meio dia, o cenáculo compareceu ao enterro de Corália, excetuando-se Crestien que mesmo sabendo da verdade acerca do artigo, preferiu não comparecer, Camusot jurou a Luciano em meio de lágrimas que compraria para Corália uma sepultura perpétua.
Quando foi deixado às sós no cemitério o poeta pôs-se a refletir e bradou em voz alta o seguinte questionamento: Por quem hei de ser amado!? Seus verdadeiros amigos lhe desprezavam, a única pessoa que ficou a seus lado independente de tudo, que sacrificaria a própria vida por ele, que estando ele certo ou errado sempre estivera a seu lado, jazia agora num frio sepulcro a ser devorada pelos vermes .
O dinheiro dado por Camilo Maupin supriu todas as dívidas e deixou Luciano e Berenice com cem francos, suficientes para que vivessem por dois meses, os quais passou Luciano numa melancolia sombria, habitando novamente um pobre quarto de hotel, dessa vez em companhia de Berenice.
Ele decidiu então retornar a Angoulême, vendeu todas as sua roupas que não renderam mais que cinquenta francos e decidiu jogar o dinheiro, voltando sem nada, pediu o xale de Corália a Berenice que vendo que ele desejava se enforcar mandou-o passear nos bulevares, afirmando que ele teria o dinheiro necessário a sua viagem quando retornasse.
De repente ele a avista bem vestida numa rua a conversar com um homem, ela então põe vinte francos em sua mão e alega que aquele dinheiro poderia custar caro mas que era necessário, e então desaparece na multidão, isso não está escrito no livro, mas é óbvio que aquela alma devota preferiu vender o próprio corpo para salvar a Luciano do que vê-lo se enforcar; ele viajaria no dia seguinte.
Luciano percorreu vários quilômetros a pé, uma viagem que durou por volta de cinco dias e que o conduziria para um moinho próximo a Angoulême, lá os moleiros cuidaram dele, e depois do mesmo acordar de um sono de quatorze horas, o informaram da trágica situação de seu irmão David.
Quando o médico viera examinar Luciano, trouxera consigo um padre da região a pedido do convalescente, o padre Marron. Este tomaria ciência da situação da família de Luciano que estava agora totalmente arrasada em virtude de uma dívida criada por ele.
Fato é que, a justiça não conseguiu executar Luciano devido à uma série de arranjos que impossibilitaram a penhora dos móveis que ele possuía à época, pois os mesmos estavam em nome de Corália.
Enquanto Luciano caminhava para seu desfecho fatal em Paris, sua família em Angoulême definhava, David como sempre negligenciava a tipografia, estava incessantemente em busca do segredo que lhe permitiria produzir papel mais barato, seu pai, avaro como era não o ajudaria.
Os irmãos Cointet então, armam um estratagema para elevar ainda mais as dívidas de David, o forçando ao final da trama, a vender sua descoberta para eles objetivando evitar sua permanência na prisão.
A essa altura, Luciano já havia retornado em seus farrapos para casa onde foi acolhido apesar de tudo, como os Cointet desejavam de todas as formas capturar a David que se escondia na casa de uma amiga de Eva, resolveram por certo usar Luciano de isca. Usaram de sua vaidade e de um amigo em comum, um procurador que se vendeu para os Cointet, ajudando-os a elevar as custas processuais para endividar ainda mais a David.
Organizaram-se duas recepções com toda suntuosidade para Luciano, o tolo acreditou mesmo na farsa, pensou estar sendo celebrado de fato, tanto que escreveu à seus antigos camaradas no jornal de Paris para que lhe enviassem um belo vestuário, a essa altura nenhum dos jornalistas parecia ter o menor rancor de Luciano, falavam-lhe mesmo na carta no tom da mais viva amizade. Ele não era mais uma ameaça, e então Luciano compareceria a esta homenagem vestido como um verdadeiro dândi, todos notariam sua elegância.
Porém, este plano não deu certo, os oficiais de justiça não poderiam apanhar David a noite que saiu do esconderijo para ver Luciano, porém, tomaram ciência de sua localização, e então um plano ainda mais pérfido fora elaborado, a carta que Luciano enviara à David fora roubada por seu antigo funcionário que também se corrompeu mesmo apesar de toda ajuda que David lhe deu, e o conteúdo por sua vez, foi modificado levando David a acreditar que de fato a Sra de Bargeton havia fornecido o dinheiro necessário para extinguir suas dívidas.
Quando isso ocorre David é preso e obrigado a aceitar um contrato de sociedade com os Cointet. Luciano, escreve uma última carta se despedindo e se desculpando mais uma vez pelo mal que causou, ele veste sua melhor roupa e decide se suicidar. Contudo, enquanto caminhava em busca de um local adequado, o mesmo conhece um padre muito rico com ainda menos escrúpulos, e mais o dobro de inteligência que seus camaradas jornalistas.
Ele adverte Luciano de que o mesmo não passou de uma mera criança em todo o jogo do qual fez parte, Luciano não era verdadeiramente Maquiavélico, não desejaria fazer mal para obter o que desejava, em suma, eis o que o padre considerou como um grave erro.
Ele faz uma oferta ao decadente poeta, ir com ele para Paris e se tornar seu secretário pois o seu acabara de morrer em Barcelona. O padre era um espanhol de quarenta e seis anos de idade, muito rico e solitário, e desejava prover a Luciano todos os seus desejos sob a alegação de que estaria vivendo através dele, tudo pela satisfação de saber que fora ele o responsável pelo seu destino, ou seja, sua oferta era a aquisição da alma de Luciano.
No dia seguinte, quando o contrato de sociedade entre David e os Cointet estava feito, chegou uma carruagem carregando quinze mil francos na porta da tipografia, esse dinheiro, mais o valor da venda da tipografia e a herança que o velho Séchard deixaria seria o suficiente para que vivessem com muito conforto, havia uma carta de despedida de Luciano, onde ele alegava ter vendido a alma para o tal padre.
David não trabalhava mais com os Cointet, foi dispensado e citado pois não conseguiu cumprir com os termos do contrato, porém, Petit-Calud, o procurador que o traiu e que agora vivia dos frutos obtidos com a farsa tendo se elevado de cargo, sentiu-se na obrigação de reparar aquele erro e David recebeu algum dinheiro como forma de encerramento do contrato, dessa forma poderiam viver tranquilos na propriedade que adquiriram, tal casa era bela e modesta sendo vizinha a de Jerônimo Séchard.
A história termina em 1829, o velho Séchard morreu deixando gorda herança, a renda do casal agora ultrapassava trinta mil francos e David sem ter o que fazer com seu tempo, dedicou-se a estudar os insetos.
Cada participante desse estratagema teve um desfecho diferente, o autor termina dizendo que a história de Luciano continuaria em os Esplendores e Misérias das Cortesãs, ou seja, há uma espaço temporal de seis ou sete anos entre o período que se tem notícias de Luciano pela última vez e o fim da história, deixando os leitores ávidos de curiosidade.

- Don Hoffman


site: Meu instagram: https://instagram.com/don_hoffman1?utm_medium=copy_link
Maria14603 02/01/2024minha estante
A sua descrição e crítica foram excelentes!! Acabo de ler o livro e estou impactada, e sua análise faz jus a leitura tão profunda e complexa de Balzac!




DeaGomes 03/08/2022

NÃO LEIA ANTES A INTRODUÇÃO DESSA EDIÇÃO!
Como eu já estou calejada da patifaria que a Penguin Companhia faz enfiando spoiler nas introduções, deixei para ler depois e, obviamente, lá estava toda a história e os desfechos descritos em letras garrafais! ????? Por isso, deixo a dica de ler a introdução somente depois de terminar a leitura do livro. Inclusive, lá você encontrará o desfecho de alguns personagens que em Ilusões Perdidas não é revelado, para isso seria preciso ler os livros que Balzac escreve na sequência desse (todos indicados na introdução).

Enfim, críticas (para essa edição e não para a obra) à parte, passei muita raiva com essa história MARAVILHOSA e estou apaixonada por Balzac! Síndrome de Estocolmo? Deve ser ? Ele escreve lindamente os costumes ardilosos de sua época.

Com esse livro só reafirmei o que a vida vem me ensinando:

? O ser humano é desprezível;
? O que aqui se faz, aqui não se paga;
? A ingenuidade não é uma virtude;
? Todo capitalista só enriquece por meio da exploração humana;
? O ser humano é desprezível ²
? O ser humano é muuuito desprezível ³...
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Claudia 12/09/2020

AS LETRAS NA FRANÇA DO SÉCULO XIX
Não é por acaso que Ilusões Perdidas está na prateleira dos grandes clássicos da literatura. Além de um bom enredo e personagens bem construídas, Balzac traz um panorama da França no século XIX. Me interessou especialmente o retrato do Jornalismo e do mundo editorial/livreiro da época.
comentários(0)comente



val 19/08/2021

Lento
O livro tem apenas 3 capítulos longuíssimos que se desenvolvem lentamente pra acelerar tudo no fim.
Para mim, valem as observações do autor sobre a profissão de jornalista e as tramas por trás das intenções que parecem boas. Os personagens deixam-se levar pelos "bons" conselhos e me identifiquei com essa inocência deles que acaba levando ao título da obra.
comentários(0)comente



Vinicius.Maximo 03/02/2021

Magnífico retrato da sociedade francesa do séc. XIX
A verdade é que o título da obra diz tudo: ilusões perdidas.
Balzac entrega neste romance uma verdadeira nuance dos sentimentos humanos, mostrando de maneira sublime como as engrenagens da sociedade capitalista francesa na primeira metade do século XIX funcionam. Nesta linha, o romancista francês faz um contraponto entre a calma vida provinciana e a selvagem vida pariense, adicionando seus personagens às mais pérfidas situações, tais como a busca pelo poder a todo custo, a mesquinharia, e os desdobramentos de uma sociedade na qual todos os meios estão apontados apenas para uma coisa: o dinheiro.
comentários(0)comente



Marcos606 22/03/2023

Inspirado em Balzac por sua experiência na imprensa, Ilusões perdidas narra o fracasso de Lucien de Rubempré, um jovem provinciano apaixonado pela glória literária. Como contraponto à infeliz viagem deste "grande homem provinciano", alternadamente herói e anti-herói cheio de fraquezas, a história evoca os modelos de virtude que são a família de Lucien e o Cenáculo, um círculo intelectual de "verdadeiros grandes homens". As "ilusões perdidas" são as de Lucien diante do mundo literário e de seu próprio destino, mas também as de sua família quanto às capacidades e qualidades humanas do jovem.
comentários(0)comente



78 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR