A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada

A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada Gabriel García Márquez




Resenhas - A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada


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Fabio Shiva 04/01/2023

A realidade é mágica e a vida é fantástica: assim ensina a literatura!
Se você nunca leu uma história de realismo mágico e desconhece o que seja a literatura fantástica, acho que dificilmente encontrará uma obra que explique o que é tudo isso em poucas páginas de forma melhor que essa pequena obra-prima. “A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada” consiste em seis contos e mais uma noveleta, que é justamente a história que dá título ao livro. Os textos foram escritos ao longo de um hiato de 11 anos, entre 1961 e 1972.

Quero registrar o nome das histórias, pois acho que transmitem um pouco de seu sabor mesmo para quem não as leu ainda: “Um Senhor Muito Velho com umas Asas Enormes” (1968), “O Mar do Tempo Perdido” (1961), “O Afogado Mais Bonito do Mundo” (1968), “Morte Constante para Lá do Amor” (1970), “A Última Viagem do Navio-Fantasma” (1968), “Blacaman, o Bom Vendedor de Milagres” (1968) e “A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e sua Avó Desalmada” (1972).

Guardo também esse trecho de “A Última Viagem do Navio-Fantasma”, cujo vívido lirismo me emocionou profundamente:

“(…) e assim remava tão ensimesmado que não soube de onde chegou, de súbito, um pavoroso bafo de tubarão, nem por que a noite se fez densa como se as estrelas tivessem morrido de repente, e era porque o transatlântico estava ali, com todo o seu inconcebível tamanho, mãe, maior que qualquer outra coisa grande no mundo e mais escuro que qualquer outra coisa escura da terra ou da água, trezentas mil toneladas cheirando a tubarão, passando tão perto do bote que ele podia ver as costuras do precipício de aço, sem uma só luz nos infinitos olhos de boi, sem um suspiro nas máquinas, sem uma alma, e levando consigo seu próprio âmbito de silêncio, seu próprio céu vazio, seu próprio ar morto, seu tempo parado, seu mar errante no qual flutuava um mundo inteiro de animais afogados (…)”

Rememoro ainda certa passagem de um dos contos, que embora narrada de forma leve e lúdica, representa simplesmente uma das cenas mais horripilantes que já li em um livro! Não entro em detalhes para não cometer spoiler, mas repare bem: a cena é contada de forma até engraçada, graças ao gênio de García Márquez, contudo a ideia que ela descreve é sinistra e assustadora em um nível raramente atingido por nomes como Allan Poe, Lovecraft ou Stephen King.

Recorro a essa forma enviesada de escrever essa resenha por uma relutância natural de responder de forma direta à pergunta: mas afinal, o que é a literatura fantástica? Do que trata mesmo o realismo mágico? Hesito em responder essas perguntas da mesma forma que hesitaria em responder essas outras: o que é a vida? O que pode ser definido como realidade?

Posso dizer apenas (e não é pouco) que quanto mais leio realismo mágico e literatura fantástica, mais me convenço de que são formas privilegiadas de expressar, pela Arte, a totalidade da vida. Seja lá o que for a vida, ela é fantástica! E sem dúvida alguma a realidade (independente do que seja) pode ser chamada de mágica!

Encerro agradecendo pela feliz oportunidade de ter lido García Márquez logo em seguida a Shakespeare. Nunca antes havia atentado na singular similaridade entre esses dois gênios: eles são igualmente únicos e incomparáveis, por trazerem o âmago de sua Poesia interior para dar vida à sua forma muito especial de fazer Literatura. E viva o Bardo! E viva Gabo!

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2023/01/a-realidade-e-magica-e-vida-e.html



site: https://www.instagram.com/prosaepoesiadefabioshiva/
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"Aonde você vai Sam?" 12/11/2023

Contos exemplares
Os livros de contos costumam ter um ou dois muito bons, a maioria razoáveis e uns ruins.

Menos os do Gabriel García Marques!

Esse é perfeito, um conto melhor que o outro e uma quantidade obscena de coisas fantásticas a cada virar de página.

Um absurdo, um despropósito de tão bom!
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Fer Paimel 06/02/2021

Curti
Estou gostando cada vez mais desse autor... esse livro são uns sete contos, cada qual com seus personagens, alguns mais marcantes que outros. O último conto é o título do livro e, sem dúvidas, o melhor dos contos!
Adoro a forma como Gabriel García Márquez narra situações... meio cômico e super direto, sem excesso descritivo...
acho que a próxima parada é Cem Anos de Solidão :)
Campos 07/02/2021minha estante
Eu gosto de 100 anos de solidão


Fer Paimel 07/02/2021minha estante
Jaja eu começo esse!!




Wash2 20/03/2024

Sim, avó.
Os sete contos são muito bonitos e mágicos, todos permeados pelo amor, mas o da cândida Erêndira é também inesquecível.
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larissa dowdney 25/10/2010

O começo achei cansativo. Histórias pouco encantadoras. Aos poucos, foi melhorando até que chega o ápice: A Incrível e Triste História da Cândida Erêndira e Sua Avó Desalmada! Esse conto, sem dúvida, faz parte de um dos melhores contos que li na vida! Belo, romântico e sarcástico, é um dedo na nossa ferida subserviente. O livro vale a pena só por ele.
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underlou 29/10/2022

Gabriel García Márquez era um fabuloso criador de histórias; ou, apropriando-nos de uma passagem desse livro, um inventor de "dedálos de fantasia".

"A incrível e triste história da cândida Eréndira..." reúne sete diferentes narrativas. Ao que parece, seis contos e a novela que dá nome ao título do volume. Esta última um primor criativo, audaz e vibrante cuja fidedigna adaptação cinematográfica traduz toda a áurea mística do livro de Márquez.

As histórias aqui reunidas se desenrolam a partir de um fio imaginário: um lugar inóspito e desolado próximo ao mar, como que alheio ao mundo real (ainda que seja fantasia, aproxima-se de certos extremos da realidade). Os personagens retratados são todos lazarentos e pedintes de alma - e o tema é repetido em todas as narrativas do livro (inclusive com repetição de personagens entre elas como a mulher que se converteu em aranha por ter desobedecido a seus pais).

Mas que não nos enganemos com a fantasia aqui exposta. O autor tece algumas críticas sutis às mazelas sociais que nos cercam ("os tétanos da eternidade"). Seus personagens estão sempre muito próximos da convulsão ou do desarrimo em cenários que, para além do sabor inventivo da literatura, definem "as cruzes da igreja, a miséria das casas, a ilusão" dos seres humanos retratados.

Existe um trecho em particular (no conto "O Mar do Tempo Perdido") com o qual podemos expressar com nitidez a natureza do livro:

"[...] subindo à deriva. Tobías deixou-a passar. Então olhou para a superfície e viu todo o mar ao contrário.
- Parece um sonho - disse."

Com essa constituição onírica, o autor reveste suas histórias com brilho, robustez e ternura; e principalmente dá vida aos seus personagens como se neles, ao fim e ao cabo, despertasse a consciência "da desolação das suas ruas, da aridez dos seus pátios, da estreiteza dos seus sonhos".
Qlucas 29/10/2022minha estante
Excelente. Achei sua melhor escrita do ano nessa.




Yasmin V. 28/09/2023

A incrível e triste história dos contos de Gabo
Ai Gabo, te amo, mas esse não rolou... Não consegui gostar de quase nenhum conto. Muitos com finais que acabavam totalmente do nada, outros que a história não me pegou mesmo.

O último, que dá nome ao livro, fiquei enojada, foi bem difícil ler tudo o que aconteceu com Erêndira...

Segundo livro de contos dele que leio, o primeiro foi "Doze contos peregrinos" e até hoje lembro de muitas histórias dali. Algumas realmente me marcaram, gostei bem mais.

Ainda bem que meu primeiro contato com Gabo foi Cem Anos de Solidão. Se tivesse sido esse livro de contos, talvez eu teria perdido a oportunidade de ler o meu livro favorito da vida.
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Ross 05/06/2023

Minha meta na vida é ler o máximo de livros de Gabriel Garcia Marquez que eu conseguir. Os contos dele são cheios que personagens que é difícil imaginar no dia a dia, a América latina sempre como cenário e o realismo fantástico como combustível das histórias, nos deixam curiosos até o fim de cada conto.
Latino-suburbano 10/06/2023minha estante
Excelente meta!




Yves 17/03/2021

Contos que valem a pena serem lidos
O livro reúne contos, com personagens que se cruzam na história final, a história de Cândida Erêndira. Todos os contos trazem detalhes da paisagem das aldeias e desertos do Caribe.

Cândida vive em uma casa luxuosa no meio do deserto com a sua avó. Passa os dias limpando a casa e cuidando de sua avó, até que por um acidente a casa pega fogo e elas ficam na rua. A partir daí a desgraça de Cândida aos 14 anos começa. Sua avó a obriga a se prostituir até que quite a dívida do incêndio. O conto é muito bom mesmo mas possui cenas muito fortes que podem servir de gatilhos para algumas pessoas.

Dentre os contos gostei muito de dois, além do principal da Cândida Erêndira.

?Um senhor muito velho com umas asas emormes

Certo dia aparece no lamaçal do quintal de um casal simples um senhor muito velho com asas. Logo toda a vizinhança fica sabendo que eles "possuem" um anjo e ai já viu né?!
Conto excelente para nos fazer refletir sobre o comportamento humano com o diferente.

?Blacaman, o bom vendedor de milagres

O conto é narrado por um menino que é comprado pelo Blacaman e passa a lhe acompanhar em suas vendas(golpes).
Poderia ser um conto simples e até sem graça, mas é um conto com direito a cenas de forte v10lênc1a e um final incrível.
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Antônio Prado 21/02/2009

Fascinante
É interessante notar, acima de tudo, a intertextualidade que este livro de Gabriel García Márquez mantém com sua obra-prima, Cem Anos de Solidão. É uma espécie de continuação, onde personagens que apareceram pela saga dos Buendía ganham uma amplitude maior, como a mulher que se transformou em aranha por desobedecer os pais e, claro, a própria Erêndira e sua avó desalmada, que fizeram sua passagem por Macondo. Fiquei muito feliz ao perceber isso, principalmente num momento em que estou mergulhando de cabeça na literatura do supracitado escritor colombiano. Muito bom, mais uma fantasia mágica que os admiradores das letras devem com certeza acompanhar.
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Maria Clara 19/09/2020

Decepcionada
Quando mais nova li cem anos de solidão e considerei aquela uma das melhores leituras da minha vida, por alguns anos ficou sendo meu livro favorito. Recentemente (início de 2020) tive a oportunidade de adquirir mais uma obra de Gabo no caso escolhi esta, os contos tem sua relevância, mas quando cheguei no último conto e que carrega o título do livro me deparei com história um tanto quanto cruel e misógina, o que é o propósito, mas para além disso percebi um Gabo mais misógino, de linguajar um tanto quando mais machista, com tons de legitimação da violência sexual ocorrida ali, o que me fez questionar tudo o que eu pensava sobra a obra anterior dele. Sei que ele é um autor mais antigo, e que obviamente irá refletir um ambiente interiorano machista, mas não posso evitar de me sentir desconfortável, afinal não espera por isso. Mesmo a estória sendo "triste", não tem nada de "incrível" uma menina ser violentada e vendida por anos pela avô e ser conscientemente comprada por outros.
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Itamara 24/10/2020

Coitada da Erêndira...
Como (quase) todo livro de contos, alguns são muito bons, outros nem tanto. No caso deste, não gostei apenas de um dos textos e meus preferidos foram os dois últimos. Ler Gabo é sempre um desafio por conta do estilo da escrita, mas há também sempre a certeza de que a leitura será maravilhosa de alguma forma. O conto que dá nome ao livro é pesadíssimo e real na medida do possível desse realismo mágico que permeia a história do início ao fim.
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Mona 17/12/2022

Contos e mais contos
Escritos no melhor estilo Gabriel García Márquez, os sete contos que compõe a coletânea A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada trazem em si a marca da injustiça e da dominação; textos nos quais o realismo mágico funciona como válvula de escape para as condições precárias de vida de um povo explorado. Ao mesmo tempo, refletem a pluralidade, a cultura, a capacidade de imaginar e de sobreviver no continente hispano-americano.
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Esse foi o meu primeiro contato lendo de fato o autor e com grande influência da @inlibriveritas 🤗 e já peço perdão aos amantes de plantão do Gabo mas esse livro não foi 5 estrelas pra mim 😣 não que eu não tenha gostado do livro, nada disso, mas os contos não me prenderam tanto quanto achei que iriam (eu tenho uma teoria que pra se conhecer um autor você precisa começar a ler seus contos primeiro), talvez por ter ido com expectativas muito altas por ser tratar de Gabo. Gostei muito dos dois primeiros contos do livro mas os outros ou não entendi muito bem onde ele queria chegar ou realmente os achava muito chatos. Pra quem curte muito o realismo mágico dele talvez goste muito mais do que eu da obra, então, vão fundo kkkkkk Mas não se preocupem, vou continuar lendo o autor. Tenho mais dois livros dele aqui e pretendo começar em breve a leitura de um deles.

site: https://www.instagram.com/p/Ci0iSkWuZxh/?utm_source=ig_web_copy_link
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Roberta 17/06/2022

Contos
Todos muito bons, o do Senhor Muito Velho com umas Asas Enormes é meu preferido. Mas todos começam e acabam de maneira surpreendente e inesperada, principalmente Erêndira, que chegou até a me irritar com esse fim sem fim. Amei, como qualquer coisa que Gabriel García Márquez cria.
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Carol 08/12/2020

Impressões da Carol
Livro: A incrível e triste história da Cândida Erêndida e sua avó desalmada {1972}
Autor: Gabriel García Márquez {Colômbia, 1927-2014}
Tradução: Remy Gorga, Filho
Editora: Record
160p.

O que escrever depois de ter alcançado um sucesso estrondoso com o livro anterior? Ponha-se, por um momento, no lugar de Gabo, após a publicação de Cem Anos de Solidão, obra que voltou os holofotes do mundo inteiro à literatura latino-americana e ao realismo maravilhoso.

Pois bem, Gabo não seria o autor que foi se não soubesse responder ao doce dilema do sucesso. E sua resposta foi-lhe peculiar: um livro de contos, repleto de experimentações de estilo e de linguagem, o encerramento da fase Macondo e um teste para seu romance seguinte, "O outono do patriarca".

'A incrível e triste história da Cândida Erêndida e sua avó desalmada' é o conto que dá título à coletânea e o mais extenso. É a história de Erêndida, uma menina de 14 anos, que "quando sopra o vento de sua desgraça" precisa pagar o que deve a sua avó desalmada, através da prostituição de seu corpo.

Gabo explora, aqui, os opostos, as esperanças e anseios da jovem e a nostalgia e apego ao que é material da avó. Ele inverte, como numa paródia, os contos de fadas tradicionais, as figuras da donzela, da bruxa, do príncipe e do 'foram felizes para sempre'. O final desse conto é uma das mais belas odes à liberdade que já li.

Indico fortemente os contos 'O mar do tempo perdido', 'O afogado mais bonito do mundo' e 'A última viagem do navio fantasma', nos quais a presença do mar é quase onírica, sinônimo de mudanças para povoados isolados, onde tudo é falta, onde tudo é escassez.

"Pouco a pouco foram deixando o mar das catástrofes comuns, e entraram no mar dos mortos.

Havia tantos que Tobias não acreditou ter visto tanta gente no mundo. Flutuavam imóveis, boca para cima, em diferentes níveis, e todos tinham a expressão dos seres esquecidos." p. 40.

Li essa belezura por indicação do professor André Aires, instagram @leituras.perifericas, no curso que ele ministrou sobre Gabo e os caminhos da violência. Repasso a indicação e recomendo demais, demais qualquer curso que o André venha a oferecer.
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