Prova Contrária

Prova Contrária Fernando Bonassi




Resenhas - Prova Contrária


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Toni 28/11/2018

No dia 5 de dezembro de 1995 (há quase 23 anos) foi sancionada a Lei dos Desaparecidos no Brasil. Além de declarar como mortas as pessoas acusadas de participação em atividades políticas que tivessem sido detidas por agentes públicos entre 61 e 88, achando-se desaparecidas desde então, a lei prevê, ainda, o pagamento de indenizações aos companheiros e familiares das vítimas. Limitada pela Anistia de 79, a Lei nunca teve a intenção de fomentar investigações dos crimes contra a humanidade ou justiça para torturadores. Ela representa uma “reparação” governamental que obscurece a memória coletiva e coloca sobre a família todo o ônus de provar que seus mortos foram, de fato, subtraídos pela máquina de matar do Estado.
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‘Prova contrária’ traz os desaparecidos (literalmente, neste caso), a justiça negada e seus efeitos de volta à cena. A premissa é bastante simples, por mais que a execução do Bonassi seja das mais complexas para 97 páginas: uma mulher acaba de se mudar para um apartamento recém-comprado com o dinheiro da indenização que recebeu pelo desaparecimento de seu companheiro durante a ditadura. Nessa mesma noite, recebe a visita do dito desaparecido, e nunca fica claro para o leitor se esse retorno é, na verdade, uma fantasmagoria, um delírio da mulher ou, de fato, uma presença. Tampouco isso é importante para a leitura: Bonassi deixa claro que existem três versões do homem e que as três estão ali para questionar até que ponto receber um cheque e calar diante da ausência de justiça não significa ser conivente com o esquecimento.
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A novela é um lembrete sobre a inabilidade para ouvir de nossa sociedade e sobre a longa tradição do estado brasileiro de tentar se imiscuir do debate sobre o acerto de contas com o passado. Ela sugere que a tarefa de promover memória não deve cair apenas sobre aquelas diretamente afetados pela violência da ditadura. Não é, no entanto, um texto de fácil leitura. Como adverte o autor, o livro foi feito para sugerir uma encenação, mas não possui as marcas de dramaturgia tradicionais: são fragmentos, descrições cênicas, diálogos, listas, jograis, passagens por mundos interiores e exteriores que podem ser um empecilho à leitura (por isso recomendo cautela). Em 2011, ganhou uma adaptação fílmica -- chamada “Hoje” -- dirigida pela Tata Amaral com a brilhante (
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Pâmela 30/08/2021

Diferente...
Esse livro que se propõe a ser um jogo cênico tem um caráter muito interessante. Para mim, misturou diversos gêneros literários para falar de um assunto já velho conhecido de todes: as marcas que a ditadura militar deixou.
Em alguns momentos chega a ser cansativo, porém não deixei de imaginar como aqueles intermináveis diálogos se dariam em cena. Acredito que os diálogos sejam longos de mais, pois muito ficou por se dizer entre os personagens. Uma espera sem fim por parte da mulher.
O livro funciona como um jeito novo, como uma perspectiva diferente para nos mostrar e falar de algo que já conhecemos.
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