Do amor e outros demônios

Do amor e outros demônios Gabriel García Márquez




Resenhas - Do Amor e Outros Demônios


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Sidélia 18/04/2024

Surrealismo fantástico dos trópicos
"Do amor e Outros Demônios" de Gabriel García Márquez é uma imersão no século XVIII em Cartagena, uma colônia onde as complexidades da sociedade são evidentes desde as primeiras páginas. A narrativa gira em torno de Sierva Maria, uma jovem que se vê no epicentro de lendas e superstições desde o prefácio. Sierva Maria, após ser mordida por um cachorro, é diagnosticada como possuída e submetida a exorcismos e tratamentos cruéis.

Vamos combinar que a personagem principal tem a sua personalidade lá não muito fácil, pois adolescente, ademais está possuída por demônios e rende boas risadas também. Me lembra um pouco os filmes do Jodorowsky.

No entanto, o livro transcende a simples história de uma adolescente e mergulha nas nuances do contexto colonial, especialmente nas interações entre religiões e nas dinâmicas entre cristianismo e culturas de matriz africana. É fascinante observar como as crenças religiosas se tornam tanto refúgio quanto arma em um mundo permeado por medos e preconceitos.

Um dos aspectos mais intrigantes é a reflexão sobre o viés humano e como ele é moldado pela demonização de eventos inexplicáveis. Essa narrativa ressoa como um espelho das frustrações e da incapacidade de lidar com a complexidade da vida, encontrando na religião uma desculpa fácil para atribuir responsabilidades externas.

Além disso, o livro apresenta elementos de surrealismo fantástico, transportando o leitor para um mundo onde os limites entre o real e o imaginário se dissolvem, adicionando uma camada de profundidade à narrativa.
García Márquez tece uma teia intricada de personagens e eventos, oferecendo uma visão vívida e envolvente do período histórico ao mesmo tempo que me senti encantada. A leitura é fluida e o livro é curto.

Coloco aqui o que chamou a minha atenção na narrativa para além de uma mera sinopse, acho importante esse exercício de contemplar as questões de pano de fundo, mas que não são meros detalhes.

Recomendo!
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Alexya. 18/04/2024

É o exorcista?
Começo logo dizendo que esse livro me incomodou do começo ao final. Oh sensação ruinzinha no coração, misericórdia.

Primeiro que a inspiração do escritor para fazer a obra foi olhar um cadáver, daí tu já tira ?.

Em que pese tudo isso, o livro é incrível. Que ódio, queria parar e não conseguia. Parecia um filme de terror daqueles que tua mãe diz pra tu não assistir e de teimoso tu vai.

Genial todo mundo já sabe que Gabriel García é, mas ele é tão bom que te faz finalizar uma leitura que te pega no incômodo.

O livro é pesadíssimo, fala de uma relação amorosa que moralmente falando, não é das melhores, na verdade, pra mim chega a ser um crime. Fala de possessão, religião, feitiçaria, escravidão, tudo assim, numa fluidez incrível.

Eu tento imaginar o que passa na cabeça de um escritor para juntar isso tudo em um livro com menos de 200 páginas de uma forma tão gloriosa.

De um jeito meio torto, este livro é 10/10.
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Luíza 10/04/2024

? Do amor e outros demônios - Gabriel García Márquez
Todas as vezes em que paro para escrever uma resenha ou um comentário sobre livros de Gabo eu tenho a inclinação de sempre começar com a mesma frase: que eu amo a literatura de Gabriel García Márquez todo mundo já sabe, mas essa superou?

Então, para conseguir me fazer feliz e ceder alegremente às minhas próprias inclinações, vou começar: que eu amo a escrita de Gabo todo mundo já sabe, mas esse livro aqui, como sempre, superou

O livro se inicia com um texto, do próprio Gabo, narrando o surgir dessa história, o nascer desse livro. No início de sua carreira como repórter, após uma reunião em uma semana em que nada de interessante estava acontecendo para ser noticiado, García Márquez foi designado para acompanhar a retirada dos corpos das criptas funerárias de um antigo convento, que havia sido vendido e, em seu lugar, iria ser construído um hotel 5 estrelas

Chegando lá, após se deparar com a inesquecível cena de montes de ossos separados por cripta, amontoados e enumerados de acordo com o nome da pessoa a quem pertenciam, Gabo se deparou com a retirada de um dos corpos, em uma das criptas, em que restava uma cabeleira enorme de uma jovem menina, cujo cabelo continuou crescendo ao longo dos anos, mesmo enterrada embaixo da nave da capela

Sobre essa menina e essa enorme cabeleira, Gabo decidiu escrever sua história e explorar, com um misto de realismo mágico, religiosidade cristã, rituais africanos e narrativa poética, as origens - reais ou não - de uma lenda que ouvia quando menino, de ?uma marquesinha de doze anos cuja cabeleira se arrastava como a cauda de um vestido de noiva, que morreu de raiva causada pela mordida de um cachorro, e que era venerada no Caribe por seus muitos milagres?
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gimafe 03/04/2024

Sierva María, uma menina vivendo na era colonial, rejeitada pelos pais, criada pelos escravos e suas tradições, se vê acusada de estar possuída por demônios (ou não), após ter sido mordida por um cachorro acometido pela raiva. Nesse livro Gabriel Garcia Marquez mistura religião com tradições africanas, amor, preconceito, renúncia e abandono.
Por essa escrita perfeita me foi possível visualizar cada cena retratada e sofrer junto com Sierva María. São muitas as reflexões: relações familiares, influência da igreja na sociedade da época, padrões sociais (patrão e escravos). Uma história simples, mas com uma escrita belíssima.
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Laura3197 25/03/2024

Os demônios que você não conhece
Ninguém tem a capacidade de reproduzir tão tem a América Latina quanto o Gabo. Ele capta a essência e as raízes de nossa identidade. E do amor e outros demônios é mais um exemplo dessa capacidade de García Márquez.
Esse livro, nos mostra o quanto nós fomos condicionados pela doutrinação colonial, a abominar o desconhecido, tratá-lo como abominável, e a demonizar toda cultura não europeia. E genialmente, Gabo faz isso usufruindo do amor, da paixão dentre o padre e a menina como combustível para narrativa. A obra, que se passa num contexto pré-independência da Grã-Colômbia, retrata comportamentos de cunho intolerante que se perpetuam até os dias de hoje. É interessantíssimo, inclusive, a abordagem que o autor faz dos preconceitos raciais presentes nos personagens eurocentrados da obra.
Recomendo fortemente a leitura dessa livro.
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Kelly.Hatada 19/03/2024

Que livro!
História marcada de simbolismos, onde se destaca o poder da igreja frente à sociedade da época, onde tudo que desafiava as crenças e fragilizava os religiosos era considerado demoníaco.
Gabu sendo Gabu!
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Tainá 10/03/2024

Entre crenças, histórias e amores, Gabo é sempre luz pra quem ama boa escrita, boa estória. Apaixonante!
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gablues 01/03/2024

Já fazia um tempo que eu não visitava o Gabo e não poderia ter voltado de melhor maneira. Sinto que "Do amor e outros demônios" seria uma forma perfeita de sintetizar o que é a prosa do Gabriel García Marquez; todas as características primordiais de sua obra parecem se reunir aqui numa narrativa cômica, insólita e cruel.
O sincretismo e a identidade latino-americana exercem um papel protagonista aqui. Não apenas no âmbito religioso, mas também nos próprios personagens ? plurais e contraditórios, assim como o território em que vivem. Apesar do clichê de uma personagem meio "escrava Isaura" (foi um pouco difícil de engolir), entendo a escolha do Gabo de concentrar em Sierva Maria a personificação dessas contradições culturais e materiais.
O fim de Sierva Maria é brutal. Não apenas seu fim, como toda a sua vida, foi coberta de uma crueldade que eu só fui realmente perceber lá para o fim do livro. Apesar de ser uma leitura pesada, todo esse sofrimento se mantém disfarçado, envolto pelos acontecimentos fantásticos e cômicos aqui presentes. Como sempre, Gabo consegue traduzir em poucas páginas a vivência ilógica desse continente nascido das contradições
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Giovanna.Melhor 23/02/2024

Amor e outros demônios
O livro não me prendeu. Gostei bastante da história em si, desconsiderando a incrível diferença de idade que é ignorada completamente. O que mais me chateou foi o final, esperava uma conclusão melhor de toda história.
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Fabricio.Fracaro 20/02/2024

Do amor e outros demônios
Segundo livro de Gabriel que eu leio, fica muito difícil de chegar no mesmo nível de Cem anos de Solidão, mas a escrita aqui continua a mesma, coisas fantásticas e absurdas acontecendo ao mesmo tempo.
A história é boa, me prendeu muito bem, queira continuar lendo sempre, mas está leitura não me trouxe sentimentos, não fiquei preocupado e nem apaixonado pelos personagens, mesmo sendo descritos muito bem, foi uma leitura boa para conhecer mais do escritor
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Aurea25 17/02/2024

Quarto livro dele que eu leio
Essa foi a obra que rendeu o Nobel ao autor. Sinceramente eu esperava mais. Não que a história não seja no mesmo nível dos outros, com a narrativa característica do realismo fantástico dele, mas a impressão que me deu é que foi exatamente igual aos outros: homens adultos, às vezes idosos, que se apaixonam por meninas muito jovens, às vezes pré púberes.

Ao contrário de Nabokov, que sempre deixou claro a perturbação do personagem principal e sempre retratou o desejo dele por crianças como aberrante, todos os livros do Gabriel Garcia Marquez focam no "romance" entre um homem muito mais velho (neste livro, 36 anos) com uma menina muito mais jovem (12 anos). Colocar idades tão díspares como protagonismo em um romance é literalmente a definição de romantizar pedofilia.

Encerro aqui meu caso de amor com o Marquez. Já existem meninas jovens demais sendo abusadas por homens pra eu ler sobre isso como se fosse um amor normal
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GAssika 16/02/2024

Mais uma excelente leitura do autor.
Acho que pode ficar meio chato o que falo de alguns autores que leio, por parecer muito repetitivo, mas tem coisas que se repetem demais. A verdade que todos os livros que li do Gabo até o momento me deixam emocionada, já que a escrita é muito poética e parece ser feita de uma forma tão natural que sempre me toca. Nesse livro acompanhamos a pobre Sierva Maria e sua história que envolve assuntos como: amor, fanatismo religioso, preconceito e mais tantas outras coisas que eu não conseguiria descrever completamente sem deixar algo importante de fora. Mais um pra lista de lidos que deixa a certeza clara do motivo pelo qual Gabriel Garcia Marquez é tão aclamado. ( é pq ele é excelente mesmo kkkkk)
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Polly 13/02/2024

Do amor e outros demônios: Sierva Maria bem que podia ter dezoito anos (#199)
Do amor e outros demônios não caiu muito nas minhas graças. Dos que li do Gabo até agora, ele fica em último na lista dos que mais gostei, embora eu adore esse título (é bonito, né?).

O elemento fantástico, marca registrada do Gabriel Garcia Marquez, não fica de fora em Do amor e outros demônios, é claro. A história de Sierva Maria mistura as lendas contadas por sua avó quando ele era criança e um trabalho jornalístico que Gabo fez em um convento prestes a ser demolido, em 1949. Só ele sabe fazer a fantasia parecer realidade e a realidade parecer fantasia como ninguém.

Sierva Maria é uma menina de doze anos, filha de uma família decadente de uma longínqua aristocracia espanhola. Completamente negligenciada pelos pais, é criada pelos escravizados da casa. Isso significa que ela é criada tal qual os costumes africanos: religião, língua, cultura. Dá para imaginar que isso é um prato cheio para uma Colômbia colonial católica, não é? Junte isso com uma doença pouco conhecida e de sintomas assustadores como a raiva. Dá para adivinhar que nada vai acabar bem.

A menina é logo diagnosticada com possessão e sofrerá todos os mais terríveis “tratamentos” para ser curada dos “demônios” em um convento. O problema é que seu exorcizador vai se apaixonar por ela. O Padre Cayetano Delaura chega a conclusão que não tem nada de demônio na menina, como também de que a garota é o amor de sua vida. E eis o meu maior problema com o livro: esse “relacionamento” tosco entre uma menina de doze anos e um homem de trinta e seis. Acabou com a graça do livro para mim. Gabo, custava fazer Sierva Maria ter dezoito anos?

Outra coisa que não foi um problema para mim, mas sim um incômodo durante a leitura é a descrição da epidemia de raiva no local. Acho que ter passado por uma pandemia tão terrível quanto a de COVID-19, não me permitirá jamais ler sobre doenças contagiosas com alguma indiferença. A angústia e o medo de tempos assim estão gravados não só nas memórias, mas também nas entranhas de todos nós. Lembrar faz a gente sentir o gosto metálico no fundo da garganta de saber - e ser lembrado vinte e quatro horas por dia disso - que a vida é frágil e de que não se tem como negociar com a morte.

Não, não é um livro ruim. Tem tudo o que um leitor de Gabo ama: boa escrita, realismo fantástico, muito absurdo contado como coisa corriqueira, mas o relacionamento contado é um grandessíssimo de um equívoco.
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Rafael 27/01/2024

Outros demônios. E o amor?
Pobre Sierva Maria de Todos los Ángeles: rejeitada pelos pais; abusada sexual e psicologicamente; exorcizada por ser quem era. Pobre criatura, que veio ao mundo para pagar pelos pecados dos pais cuja irresponsabilidade desgraçou uma vida.

Por nunca ter tido um mínimo de afeto com a criança, Dom Ygnacio de Alfaro y Duefias, pai da garota, resolve, a todo custo, " curar " uma possível doença transmitida por um cachorro que a mordeu: a raiva. Entre todos os métodos buscados, o mais repugnante foi o de exorcizar a pequena criatura.

Abandonada desde o ventre, Sierva Maria foi criada pelos escravos da casa, junto deles aprendeu tudo, das línguas aos costumes. Desse modo, ambientado no fim do século XVIII, costumes fora do padrão desse tempo rigoroso, muitas vezes, eram vistos como diabólicos. E uma menina, de origem consideravelmente abastada, se comportar como uma negra escravizada era no mínimo uma maldição. Esqueçamos a mordida do cachorro, a possível doença, é urgente a exorcização do ser.

Gabriel García Márquez mais uma vez fazendo seu nome, um livro cheio de ditos não ditos. A corrupção nesse livro é a base do conflito. É dessa condição, que já não sabemos se é humana ou institucional, que as dúvidas são construídas.
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