spoiler visualizareriksonsr 13/08/2013
Relendo mais uma vez, o que por si só já indica que o livro é ótimo, ninguém que tenha uma pilha enorme de livros para ler relê algo ruim.
O Marcelo G. começa o livro falando sobre a pergunta que vai permear o mesmo, qual a origem do Universo. Para tentar responder a pergunta, ele vai começar explicando que todos os povos fizeram e de alguma forma tentaram responder a pergunta, começando com os gregos e sua filosofia, até a ciência dos dias atuais.
O tema por si só já é muito bom e riquíssimo, acrescente a isto uma ótima escrita, linguagem acessível, dados biográficos e curiosidades de alguns cientistas como Faraday, Einstein, Kepler, Hubble, Gamow, Galileu, Newton e Copérnico, que em sua obra onde coloca de novo o Sol no centro do sistema solar um teólogo descontente com esta ideia iria altera-la sem o seu conhecimento, colocando um prefácio como se fosse o Copérnico quem tivesse escrito, dizendo que tudo talvez não fosse verdadeiro, não passando de meras hipóteses. Acrescentado tudo se tem um excelente livro de divulgação científica. Somando a forma como o autor escreve ter me lembrado o Carl Sagan se tem mais um ponto positivo em adição aos outros vários pontos.
O livro fala sobre vários temas como relatividade, gravidade, ótica, partículas subatômicas, dualidade onda/partícula, eletromagnetismo e eletricidade... e mais o incrível, fala sobre tudo isso de forma simples, acessível e fácil.
Alguns trechos e pontos que achei interessante, tem muito mais só não digitei tudo por preguiça, esse é um dos livros que mais sublinhei e fiz marcações:
"... a relação com os deuses tinha também uma função social, impondo valores morais e éticos que eram fundamentais para a coesão do grupo.";
"Se assumirmos que "algo" criou "tudo", caímos em uma regressão infinita; quem criou o algo que criou o tudo?";
"Quando tentamos organizar o mundo à nossa volta, a distinção entre opostos é fundamental. Nossa existência e ações são rotineiramente baseadas em pares de opostos, como dia e noite, frio e quente... Sem essa distinção nossos valores não fariam sentido, nossa agricultura não funcionaria, e nossa espéci provavelmente não sobreviveria. O problema é que pagamos um preço por sermos assim. Perguntas que transcendem a distinção entre opostos ficam sem respostas.";
"... o poder de um mito não está em ele ser falso ou verdadeiro, mas em ser efetivo.";
"Alguns homens tolos declaram que o Criador fez o mundo. A doutrina que diz que o mundo foi criado é errônea e deve ser rejeitada. Se Deus criou o mundo, onde estava Ele antes da Criação? Se você argumenta que Ele era então transcendente, e que portanto não precisava de suporte físico, onde está Ele agora? Nenhum ser tem a habilidade de fazer este mundo. Pois como pode um deus imaterial criar algo material? Como pôde Deus criar o mundo sem nenhum material básico? Se você argumenta que Ele criou o material antes, e depois o mundo, você entrará em um processo de regressão infinita. Se você declarar que esse material apareceu espontaneamente, você entra em outra falácia, pois nesse caso o Universo como todo poderia ser seu próprio criador. Se Deus criou o mundo como um ato de seu próprio desejo, sem nenhum material, então tudo vem de Seu capricho e nada mais, e quem vai acreditar numa bobagem dessas? Se Ele é perfeito e completo, como Ele pode ter o desejo de criar algo? Se, por outro lado, Deus não é perfeito, Ele jamais poderia criar um Universo melhor do que um simples artesão. Se Ele é perfeito, qual a vantagem que Ele teria em criar o Universo? Se você argumenta que Ele criou sem motivo, por que essa é Sua natureza, então Deus não tem objetivos. Se Ele criou o Universo como forma de diversão, então isso é uma brincadeira de crianças tolas, que em geral acaba mal. Portanto, a doutrina que diz que Deus criou o mundo não faz nenhum sentido. Homens de bem devem combater os que creem na divina criação, enlouquecidos por essa doutrina maléfica..." Jinasena;
"Nem mesmo o brilho do Sol, a radiação que sustenta o dia, pode dispersar o terror que reside na mente das pessoas. Apenas a compreensão das várias manifestações naturais e de seus mecanismos internos tem o poder de derrotar esse medo. Ao discutir esse tema, nosso ponto de partida será baseado no seguinte princípio: nada pode ser criado pelo pode divino a partir do nada. As pessoas vivem aterrorizadas porque não compreendem as causas por trás das coisas que acontecem na terra e no céu, atribuindo-as cegamente aos caprichos de algum deus. Quando finalmente entendermos que nada pode surgir do nada, teremos uma imagem muito melhor de como formas materiais podem ser criadas, ou como fenômenos podem ser ocasionados sem a ajuda de um deus. ... Porque a mente quer descobrir, através do uso da razão, o que existe no longínquo e infinito espaço, longe dos problemas desse mundo, aquela região onde o intelecto sonha em penetrar, onde a mente, livre, estende seu voo em direção ao desconhecido." Lucrécio;
"... é justamente através das "brechas conceituais", deixadas abertas por teorias antigas, que novas teorias emergem.";
"O discurso científico é, e deve ser, livre de qualquer conotação teológica.";
"Bombardeado por argumentos dessa natureza, o Deus dos teístas, foi sendo aos poucos substituído pelo Deus "relojoeiro" dos deístas, o qual, após criar o Universo, deixa-o evoluir sob o controle das leis da física, tal como um relógio funcionando sob a ação de seus próprios mecanismos.";
"Foi o senso de mistério, mesmo se misturado com o medo, que gerou a religião.";
"... Einstein deduziu outro efeito, conhecido como desvio gravitacional para o vermelho. Ele propôs que, sob a ação de campos gravitacionais intensos, as fontes de radiação eletromagnética, cargas elétricas vibrando em algum material, teriam seus comprimentos de onde afetados; quanto mais forte o campo, maior o comprimento de onda.";
"Basicamente, a constante cosmológica funciona como uma espécie de repulsão cósmica, escolhida para balancear exatamente a atração gravitacional da matéria, evitado seu colapso. Einstein não percebeu (ou não quis perceber) que, por trás da instabilidade encontrada em suas equações, escondia-se um Universo dinâmico.";
... Hubble juntou-se à Força Expedicionária Americana com destino à França. Ele foi rapidamente promovido a capitão e em seguida a major... sua única desilusão com a guerra foi que ele "quase não viu fogo.";
"Em 1931 Einstein visita Hubble em Pasadena, Califórnia. Enfim Einstein aceitou a expansão do Universo como uma realidade, removendo para sempre a constante cosmológica das suas equações.";
"A assombrosa quantidade de energia liberada quando núcleos radioativos pesados são divididos (fissionados) em núcleos menores pelo bomaerdeio de nêutrons provocou uma mudança radical na história coletiva da humanidade; pela primeira vez em toda a história, temos o poder de nos aniquilar por completo centenas de vezes.";
"Nós somos filhos das estrelas";
"... certas ideias só são aceitas quando elas se tornam absolutamente inevitáveis.".