Andressa 16/09/2014Um punhado de delicadezasMia tem 17 anos e é musicista, seu instrumento é o grandioso violoncelo. Ela nasceu em um família repleta de músicos, seus pais são jovens, muito carismáticos e cheios de vida e ela ainda tem um irmãozinho mais novo chamado Teddy. Além deles, Mia tem Adam, o namorado e Kim, a melhor amiga. Tudo parecia perfeito até que, certo dia, ao fazer uma viagem com sua família, há um acidente e o mundo de Mia desmorona. Nas próximas horas, Mia precisa decidir se fica ou se vai. Seu corpo encontra-se em uma cama de UTI, porém, seu espirito perambula pelo hospital, tentando compreender o que está realmente acontecendo e quais são as consequências disso.
A narrativa é em 1a pessoa, na voz de Mia. A autora é muito meticulosa na narração, Mia analisa com muito cuidado e delicadeza cada detalhe do que está acontecendo ao seu redor e relembra várias passagens de sua vida, tentando facilitar nossa compreensão e conexão com os personagens secundários.
Mia é uma garota feliz, aparentemente sem problemas, que gosta de tocar violoncelo. Ela se considera a ovelha negra da família, pois é a única que não dá preferência ao rock. Seus pais e Teddy só aparecem em seus relatos, mas me soaram muito agradáveis, a verdadeira família comercial de margarina. Adam é o namorado de Mia e tem uma banda, ela sempre diz que os dois são muito apaixonados e tudo que dá a entender que têm uma relação forte. Kim é a melhor amiga de Mia, as duas são super parecidas. Além desses, há mais alguns poucos personagens que surgem brevemente.
Apesar da delicadeza de Se Eu Ficar, eu estava com expectativas muito altas e acabei não gostando tanto quanto pensava. Considerei o livro superestimado, não há nada de tão sensacional nele. A leitura, por vezes, foi monótona e não consegui me afeiçoar aos personagens. Adam, por exemplo, senti que precisava conhecê-lo melhor para poder compreendê-los como um casal apaixonado, infelizmente, não consegui achar química só pelos relatos de Mia. Achei o trailer do filme mais interessante que o próprio livro.
No entanto, considerei belíssimo o valor que Mia dá a sua família, a maneira como ela descreve o quanto eram felizes e completos juntos. Isso foi altamente positivo. Porém, como eu já disse, por não conhecê-los melhor não consegui sentir exatamente o que Mia sentia, não consegui captar 100% da sua dor. Não consegui ter a empatia que gostaria. Não sei se isso é bobagem minha, mas muitos autores conseguem me transportar completamente para seu universo e me fazem sentir as mesmas dores e alegrias de seus personagens, o que não foi o caso dessa vez.
Por fim, mesmo que eu não tenha me agradado da forma que gostaria, reconheço que este é um livro com lições de vida muito bonitas. Nos traz várias reflexões importantes através da situação que Mia enfrenta. Não o considerei incrível, extraordinário ou imperdível, apenas ok. O que cativa, em minha opinião, é exclusivamente, sua delicadeza.