Guinho 09/12/2023
DRUMMOND NOS FAZENDO LEMBRAR DAS HISTÓRIAS DE NOSSOS BAIRROS!
Quando se cita Drummond, sempre se vem ao pensamento a fama de poeta do autor, principalmente no momento que está no Ensino Médio ou estudando Faculdade de Letras, como aconteceu no meu caso. São nesses períodos que você escuta aquele famoso poema: ‘No meio do Caminho’, onde não exista ser humano que o tenha inserido em uma legenda de foto em redes sociais. Entretanto, por incrível que pareça, o escritor mineiro também tem jeito como contista e SORVETE E OUTRAS HISTÓRIAS demonstra bem isso.
Existe uma máxima entre os leitores – criadores de conteúdo ou não - que afirmam que livros desse gênero nem são todos os contos que tem qualidade, mas aqui, por se tratar do calibre do autor é claro que isso não ia acontecer, certo? Sim, embora em dois (A IMAGEM NO ESPELHO e NOVO DICIONÁRIO) aja uma certa confusão no término de ambos.
No momento em que passava pelos textos sentia uma enorme identificação, sabem? Uma vez que, em cada um, Drummond narra praticamente histórias de bairros e em grande parte delas, lembramos de situações que passamos nos lugares que morávamos na infância, pois não importa se é aqui ou na China, toda rua tem algo para contar, não é? Ele não deixava de nos fazer esquecer que a maioria dos contos é cheio de humor, exceto em A DOIDA, no qual, apesar do título, há ali, uma história muito emocionante.
“Guinho, é livro clássico? Todo livro assim é chato! Então não vou ler!” Segura o facho aí, geração Iphone! Não vou mentir que Drummond insere palavras difíceis e coloca um forte teor critico social em vários contos, porém alguns deles são tão curtos que esses meros detalhes podem ser superados facilmente com paciência e uma rápida pesquisada no Google.
Não posso deixar de terminar esta resenha sem mencionar um detalhe que, como escritor, gostei muito. No princípio da obra tem uma entrevista montada pela Editora Ática em que há trechos que o autor deu para jornais da época, entendem? Em algumas partes me identifiquei demais, pois, além da personalidade reservada do mesmo ser parecida comigo, ele dava opiniões extremamente bem-humoradas e dicas preciosas para quem deseja ser autor.
Para ser franco, eu, se obtivesse o poder, colocaria este livro como fundamental em todas as escolas brasileiras, mas, como não possuo tal honraria, recomendo a obra para escritores e amantes da literatura nacional clássica.
Nota: 4,9