Mistério-bufo

Mistério-bufo Vladímir Maiakóvski




Resenhas - Misterio-bufo


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Reginaldo Pereira 27/09/2022

Surpreendente! Diferente de tudo que já li!
Quando comprei o livro (pela internet) não sabia que se tratava de um teatro. Assim que o abri em casa, cheguei a torcer o nariz e pensar ?hum? sei não? será???.

Qual foi a minha surpresa ao iniciar a leitura e descobrir algo extremamente prazeiroso e divertido! E o melhor de tudo: a imagem mental da apresentação teatral, naturalmente, faz parte integrante do processo de leitura!

Não posso falar muito da história pois, por se tratar de uma obra curta, qualquer coisa seria spoiler! Mas, em resumo, trata-se de uma retratação da Rússia pós-revolução de 1917, quando o proletariado conquistou o poder!

Para os futuros leitores deste livro, uma sugestão que funcionou muito bem pra mim: comecei a ler pelo posfácio escrito pela tradutora, ao final do livro; e só depois fui para a história. Valeu muito a pena, pois pra quem não está acostumado com a leitura de uma peça teatral, me deu um panorama geral da história e fez toda a diferença!

Uma baita experiência literária!!! Obrigado, Maiakóvski!!
Ana Franco 27/09/2022minha estante
Que legal!!! Vou ler ? ?


Ju 20/10/2022minha estante
Já quero!!!




Rubens 10/07/2020

Excelente peça para esboçar o caldeirão artístico da Rússia revolucionária. Há várias polêmicas em torno da obra e de sua estética, mas é inegável que seu vanguardismo assusta até hoje. Iconoclastia, jogos de linguagem, oralidade e profundidade na teoria marxista (sem deixar de lado a subjetividade de Maiakósvki) compõem essa sátira clownesca. É necessária ter um pouco de conhecimento prévio para dar gargalhadas das ironias. Fico me perguntando como é possível encená-la, o cenário no primeiro e os objetos personagens me deixaram meio confuso; o que só evidencia mais o vanguardismo cubofuturista. Arlete fez um trabalho excelente de tradução, infelizmente os jogos de palavra se perdem no português.
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Luciana 28/11/2020

Arte revolucionária?
A peça original foi encomendada à Maiakóvski para celebrar o primeiro aniversário da Revolução Russa, mas essa edição traz a segunda versão, já com atualizações, encenada em 1921. Segundo o autor, Mistério representa o que há de grande na revolução e bufo, o ridículo. Há várias polêmicas envolvendo a peça, em particular, e a arte em tempos soviéticos, em geral. Por isso a leitura do posfácio da tradutora Arlete Cavaliere é primordial!
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triz.machado 07/10/2022

Resenha igual a obra de prefeitura: acabava nunca, sempre postergava, mas ao menos entreguei :D

Em primeiro lugar, acho que a primeira pergunta que vem a cabeça de muitos é: por que o título "Mistério-Bufo"? Bom, "Mistério" seria aquilo que há de grande na revolução e, "Bufo", aquilo que nela há de ridículo. A ação da obra é o movimento da massa, o conflito de classe e as lutas de ideias. Desse modo, Maiakósvki mescla bem o grande da revolução, e também sua decadência, que ao meu ver, é o alastramento da pobreza.

Essa edição de Mistério-Bufo da Editora 34 trata-se da segunda versão da obra. A primeira versão foi publicada em 1918; já a segunda e última versão foi publicada em 1921, mas afinal, qual a diferença?

A versão de 1918 trazia a utopia de um Estado controlado pela classe operária e era o que acontecia, era algo que caminhava no momento, considerando que a Revolução Russa se deu em 1917. Já a versão de 1921 (esta) mostra uma realidade completamente diferente da utopia: alastramento da pobreza.

Para além dessa diferença, há inclusão, e retirada, de alguns personagens a fim de haver uma adaptação da obra para o momento (1921) de forma que o livro se torne sempre atual, conforme pedido de Maiakóvski.

Mistério-Bufo possui a estrutura de uma peça teatral, e temos sete Puros (burgueses) e sete Impuros (classe operária). A narração da obra se dá pelo percurso político por uma viagem em direção ao futuro, que seria o comunismo, nada além disso. Durante esse percurso, surge conflito entre as classes, seja no inferno, seja no paraíso (comunismo).

Misturando comédia e crítica social, a obra trata-se de uma narrativa alegórica do processo revolucionário da Rússia que Vladímir Maiakóvski foi favorável e ao mesmo tempo engolido, culminando em seu suic1dio em 1936. Não obstante a isso, o autor traz alusões bíblicas e formas de Estado, criticando a monarquia e a República.


site: https://www.instagram.com/literussa
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Gustavo.Romero 23/03/2018

Primeiramente, devo meus elogios a mais um trabalho editorial primoroso da Editora 34, com uma tradução direto do russo de uma especialista em artes cênicas – a professora Arlete Cavaliere -, que ainda nos presentei com um formidável posfácio, contendo análise aprofundada da obra e sua contextualização.
Quanto ao livro/peça: “Mistério-bufo” é um dos representantes mais notáveis do futurismo russo. Sua proposta imagética fortemente marcada por elementos do progresso tecnológico (luz, eletricidade, máquina, trabalho coletivo, metalurgia) leva à sua associação quase imediata aos propósitos industrialistas colocados em curso após a Revolução Russa. A sátira ácida e penetrante que se vale de personagens clownianos marcantes e caricatos, torna o ritmo da peça alucinante, sugerindo velocidade, instantaneidade, emergência, extremidades. Assim sendo, do ponto de vista estético e estilístico, há pouca controvérsia de que a obra de Maiakóvski marca de fato a arte soviética e, muito mais do que isso, destaca o vislumbre de toda a humanidade no início do século XX com as possibilidades tidas por infinitas, abertas pelo desenvolvimento científico e pela manipulação da natureza em estado bruto.
Porém, nesta brevíssima resenha, há outro elemento que gostaria de destacar - que se esboça em “Mistério-Bufo” e se reforçará em “O percevejo” -, o qual, ao meu ver, torna a proposta de Maiakóvski ainda mais atual. Há no texto a presença constante da “pequena política” (nos dizeres de Gramsci), aquela que, distante das bandeiras hasteadas e das melodramáticas propostas ideológicas envoltas nos discursos extremados de ódio (que tanto testemunhamos nos dias atuais), oculta o que há de mais real no comportamento das sociedades – uma tendência inerente a posições oportunistas, convenientes ou cômodas, todas, em geral, marcadas pela passividade da representação política. Nos diversos momentos de articulação política esboçados na peça, vemos surgir em meio às artimanhas personagens quase que apáticos, à deriva das tensões do momento. É nesse ínterim que reluzem aqueles que acho os personagens mais interessantes (ainda que todos sejam essenciais à composição do enredo), que indico e apresento os motivos:
- O “Negus abissínio”; tradicional “bode expiatório”, que em meio às articulações políticas se vale apenas do momento oportuno para saciar seu “apetite” imediato, sem medir as consequências ou desventuras decorrentes de sua “fome” exagerada (a figura vale para a miríade de países que se alimentam dos repetitivos “ciclos de commodities”, aí incluídos exemplares como o nosso ilustre Brasil);
- Os personagens intermediários, que nem são “puros” nem “impuros”, e representam o máximo do oportunismo político:
- a “Dama”; figura aparentemente “alienada” e que se acomoda facilmente às conjunturas, em nada afetando o ciclo decisório e alimentando igualmente situações de posição e oposição – poderia facilmente representar a parasitária classe burocrática dos Estados modernos, sempre preocupadas em meramente se alimentar dos “luxos” providos pelas decisões administrativas centralizadas;
- O “Conciliador”; aqui apresentado como caricatura da ala menchevique, mas que facilmente se estenderia ao clássico “centrismo” político, cuja sustentação se resume a expelir repetidamente propostas de “conciliação” vazias de significado, vazias de efetividades, servindo ao único propósito de sugerir que existe uma “alternativa” – absolutamente hipotética – ao poder constituído;
- O “Intelectual”; figura típica de qualquer época e lugar, avessos à “vida prática” cuja funcionalidade restrita é articular discursos fastidiosos e não apresentar qualquer proposta efetiva de intervenção social; tornam-se facilmente instrumentos de apoio ou oposição política e são descartados tão logo seu discurso não represente os interesses em questão (caricatura muito clara dos acadêmicos de gabinete). Num dos trechos mais brilhantes do livro, o intelectual declara:
“Trabalhar,
Nem de passagem.
Vou ali me sentar
E adotar a sabotagem.
(Grita para os trabalhadores)
Vamos, mexam-se depressa!
Cortem, não quero nenhum vacilo!
- CARPINTEIRO
E você fica aí sentado, de braços cruzados?
- INTELECTUAL
Eu sou o especialista, insubstituível...” (p. 45)

- E o personagem “CAMPONÊS”; particularmente importante à história russa por se encontrar como elo de ligação entre um passado servil e um futuro proletariado (devo mencionar, por um lado, o diferente e conflitante papel que desempenha o mujique para Turgueniêv e para Tchékov), mas também importante por abrigar, num contexto mais geral, as dissensões da tradição e da mudança e representando a amórfica massa de manobras (representando, por outro lado, um dilema para a proposta “revolucionária” de Lênin – em particular, no livro “O desenvolvimento do capitalismo na Rússia” -, que a vê concomitantemente como empecilho e potencial subversivo). A passagem mais característica a esse respeito é quando o camponês se depara com o “dilúvio socialista”:
“Eu, hein!!
Eu é que não queria estar lá fora, molhado.” (p. 47.)

Enfim, o destaque fica por conta das tensões com que se depara Maiakóvski e se depararão muitos escritores russos posteriores (Patermak, Chalimóv, Bulgákov) – sem aludir especificamente ao “fracasso” do regime socialista, mas observando o comportamento humano em geral, veem gradativamente a potencialidade individual absorvida pelos movimento alienantes de massa (o “mistério”), que produziram, igualmente, figuras o “homem soviético” e o “self-made man” – os “bufos”.
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Tamires 17/01/2023

Resenha Crítica - Mistério Bufu
A peça Mistério Bufo, publicada em 1918, é uma obra que remete a história da Revolução Russa e seus personagens. Maiakovski traz os elementos do livro por uma ótica artística com personagens-tipo e linguagem modificados pela estética futurista. A peça é dividida em 6 atos e um prólogo e os personagens são divididos entre dois grupos: sete pare de Puros e sete pares de Impuros.

O Autor sempre esteve alinhado ao objetivo de criar um teatro que fosse de fácil acesso ao proletariado e ajudasse na circulação da propaganda socialista. Para isso o autor elevou a Revolução Russa a um grande marco social que estava atravessava a sociedade em 1917. Maiakovski criou personagens que incorporaram as políticas, as classes sociais (burgueses e proletários) e as “massas modernas” envolvidas, tirando qualquer traço de subjetividade da interpretação e combinou essas figuras aos elementos cristãos da cultura Russa.

site: https://chorban.blogspot.com/2022/12/o-misterio-bufo-de-maiakovisky-resenha.html
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Paulo 15/07/2023

Para além, ou aquém, da obra, se por um lado essa edição bilíngue, português-russo, é ótima especificamente para um estudante de russo, a revisão do português, já desde o prefácio que contextualiza a obra (revoluções bolcheviques), é bem mal feita. Quanto à tradução, é evidente para um estudante superficial de russo que palavras não só foram trocadas, mas também adicionadas, claro que isso é provavelmente para adequar a tradução à poética, ao ritmo, às rimas e aos jogos de palavras que Maiakóvski usa para dar maior graça à peça, e não a uma tradução incompetente, embora essa seja, naturalmente, uma possibilidade, aumentada pela má revisão.

A peça (1918), feita de rimas, poesia e alegorias, é, claro, de crítica social e enaltecedora da revolução, e uma das primeiras obras a ser considerada soviética. Os personagens, os puros (classe alta) e impuros (proletários), presos numa espécie de arca após um dilúvio (metáfora para as severas agitações de 1917), passam por organizações de poder, de nova imposição burguesa até uma tomada de poder dos impuros e por fim chegando ao paraíso, onde eles, num tom estranho e cômico da peça, discutem e duvidam da natureza do lugar - o paraíso representa o comunismo.

A peça é feita de tantos cenários, camadas físicas nos cenários e efeitos que foi difícil imaginar ela como uma peça, ela montada, acho que mais imaginei a narrativa como um mundo da mesma forma que se faz com ficção em prosa.

Obra interessante e divertida que exige uma contextualização que deve estar presente em qualquer publicação sua, comprei essa edição por ter procurado um livro bilíngue português-russo e encontrado essa obra na Estante Virtual, obra de ninguém menos que Maiakóvski. Confesso, porém, que se fosse pela obra em si e pela qualidade da publicação eu optaria pela editora 34, que, para quem não sabe, é especialista e focada em literatura russa e em culturas muito próximas da cultura russa.
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Deghety 22/10/2016

Socio-político
O que torna essa obra, de certa forma, sempre atual é a relação social e política. É uma sátira bem crítica, mas também a verdade nua e crua da sociedade humana, independente da era.
Em contrapartida, para se entender melhor é necessário conhecer sobre a revolução russa, coisa que me falta rsrs, mas é inegável seu valor.
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Gabi 26/02/2020

É uma história contada em teatro e recomendo que conheça a história por trás da peça para que faça ao menos um pouco de sentido.
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PAmela603 11/01/2024

Fiquei com a impressão de que (independente da qualidade da tradução) esse é um texto que se perde muito por não ser lido no original. A leitura foi boa, mas sem a grandiosidade que eu acredito ter para quem compreende as distorções, subversões e brincadeiras do Maiakóvski com a língua russa.
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Vitor Hugo 25/02/2024

DILÚVIO REVOLUCIONÁRIO

Maiakóvski, conhecido como o "poeta da Revolução", também se destacou como dramaturgo, como prova a presente obra Mistério-Bufo.

O presente texto, escrito em 1920, é a reelaboração do original, ainda de 1918, publicado por ocasião do primeiro aniversário da revolução soviética; aliás, o segundo texto foi reescrito englobando os fatos que foram se sucedendo ao 25 de outubro de 1917, de modo que o autor deixa claro que foi mantida a estrada (a forma), sendo que a paisagem (o conteúdo), deveria ser constantemente atualizada, conforme o desenrolar dos fatos.

Em seis atos, então, o texto, a par de inovações linguísticas que infelizmente se atenuam com a necessária tradução, apresenta os fatos do verdadeiro cataclismo revolucionário que foi "inundando" o mundo todo, passando pelo desprezo dos elementos religiosos, até culminar na Terra Prometida terrestre, onde o socialismo triunfaria para o regozijo dos trabalhadores em geral.

Uma peça essencialmente cômica, que uniu as tradições orais da Rússia com o escopo do movimento futurista do qual o autor fazia parte, da qual é difícil captar toda a essência, seja pelas pré-condições de forma e estrutura típicas daquela vanguarda cultural de início do Século XX, seja pelo conhecimento que exige do leitor acerca das personagens e dos fatos históricos que marcaram a Rússia e o mundo como um todo após a mais autêntica revolução que se fez em todos os tempos.

Enfim, uma peça que bem caracteriza aqueles tempos agitados, nos quais se poderia morrer de vodca, mas não de tédio, uma das frases mais famosas atribuídas a Maiakóvski, o qual, aliás, morreu de ferimento por arma de fogo (suicídio), desgosto, pelo que se disse, dos rumos da arte e da política revolucionária.

Há muito de mistério. Há muito de bufo.
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