A educação pela pedra

A educação pela pedra João Cabral de Melo Neto




Resenhas - A Educação pela Pedra


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Élida Lima 01/03/2009

Primor
A MULHER E A CASA

Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,

uma casa não é nunca
só para ser contemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas;

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro
não pelo que dentro guarda.

pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,

os quais, sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.


JOÃO CABRAL DE MELO NETO, A EDUCAÇÃO PELA PEDRA.
Vinni 22/06/2012minha estante
No meu "A Educação pela pedra", não tem esse poema! '-'


Velho, feio, pobre e burro 25/10/2017minha estante
Esse poema é originalmente do livro "Quaderna", e não está em "A Educação pela Pedra"


Aryane 02/01/2018minha estante
No meu exemplar tem esse poema e, para mim, é um dos mais bonitos!




Maria Ferreira / @impressoesdemaria 08/05/2015

Direto ao ponto
O livro "A Educação pela pedra" foi publicado em 1966 e rendeu ao autor o prêmio Jabuti. É composto por 48 poemas, divididos em quatro partes, com doze poemas cada. A divisão é feita por letras: a, b, A, B. Os poemas das letras minúsculas são textos mais curtos e os poemas das letras maiúsculas são textos mais longos. Isso exemplifica a preocupação do poeta em projetar um livro bem arquitetado. Todos os quarenta e oito poemas são escritos em duas estrofes, com cada poema sendo constituído de dezesseis a vinte e quatro versos. Em nenhum dos poemas aparece o pronome "eu", o que deixa claro que Cabral opta pela ausência de subjetividade.

Na primeira estrofe do poema-título, há a descrição da pedra como sendo um objeto que ensina diversas lições: dicção, moral, poética, economia, mas sem deixar suas características próprias de "resistência fria", "carnadura concreta". Na segunda estrofe, a pedra é movida para o Sertão e lá ele perde sua habilidade de ensinar, mas permanece pétrea, dura e fria. Nesse poema podemos ver algumas características que são constantes na escrita de João Cabral de Melo Neto: a secura de expressão aliada a uma linguagem precisa.

João Cabral faz parte da geração de 45 do Modernismo Brasileiro, mas sempre rejeitou o modo modernista de escrever, sendo contra as estrofes sem métrica e versos livres, dentre outras coisas. Seus poemas possuem métricas exatas e marcantes, ausência de fluidez, versos repletos de pontuações e elipses. É preciso ter muita atenção ao ler seus poemas, pois não são de fácil memorização, nem de entendimento imediato. Percebemos que seu relacionamento com a poesia se dá com uma frieza matemática: é preciso um cálculo disciplinado, sem se deixar influenciar por sentimentalismos.

O universo temático dos poemas presentes neste livro se volta para o Nordeste, para a Espanha (país que ele morou por alguns anos, realizando trabalhos diplomáticos), a condição humana e o fazer poético, valendo-se da metalinguagem.


site: http://minhassimpressoes.blogspot.com.br/
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Thaísa 17/11/2011

na real, eu só li pq é leitura obrigatória pro vestiba ;x
livros de poesia não me atraem ;/
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Marianne Freire 16/08/2022

?Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal.
(pela dicção ela começa as aulas).?

João Cabral de Melo Neto lapida e faz artesanato das palavras. Um tecelão que arranja as linhas geométricas do poema, com rigor estético estrutural em uma poesia social. João vê o poema como o resultado medido de um projeto.

A pedra como sendo um objeto que ensina diversas lições: dicção, moral, poética, economia, mas sem deixar suas características próprias de "resistência fria", "carnadura concreta".

A ?anti-lira? dedicada à Manuel Bandeira, com 48 poemas sobre o Nordeste, a Espanha, o humano e o ofício poético, onde a pedra na dimensão figurativa toma forma de palavra, em uma economia e arquitetura funcional do verso como posição de vanguarda à sua época.
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Mr. Jonas 03/02/2018

A Educação pela pedra
RESUMO
O livro A Educação pela Pedra, apesar de apresentar-se tematicamente disperso (uma série de poemas aparentemente desconexos e de assuntos diversos), apresenta uma unidade estrutural marcante, crucial para sua compreensão. Cabral vale-se da recorrência do número dois e seus múltiplos, dividindo os poemas em quatro séries: Nordeste (a), Não-Nordeste (b), Nordeste (A) e Não-Nordeste (B). Os poemas que não versavam sobre o Nordeste, tratavam da experiência do autor na Espanha.
Cada uma das séries é composta por 12 poemas, totalizando 48 poemas, de duas estrofes cada. O número de versos alterna-se, contendo as séries (A) e (B) 24 versos, enquanto (a) e (b) apresentam 16 versos. Divididos dessa maneira, impressionam pelo cálculo e destreza de antemão planejados pelo poeta.
Ao longo de toda a obra, a retomada de versos por outros poemas causa grande impacto. A reestruturação e o jogo de antagonismos desmascaram os sentidos habituais articulados às expressões, acontecimentos e elementos atualizados no dia a dia, como ocorre em ?O mar e o canavial? / ?O canavial e o mar?, ?Comendadores jantando?/ ?Duas faces do jantar dos comendadores?, ?Nas covas de Baza?/ ?Nas covas de Guadix? e ?Coisas de cabeceira, Recife?/ ?Coisas de cabeceira, Sevilha?.
A dualidade semântica está diretamente ligada à dualidade ornamental da estrutura do poema, que parece se repetir e se reconfigurar. Toda a composição dos versos, estrofes e esquemas de significados são tirados de materiais ordinários, ?antipoéticos?, como urubus, feijões, hospitais e moléstias.
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Sudan 31/05/2009

A educação pela pedra
A educação pela pedra é mais um livro integrante do projeto de relançamento das obras de João Cabral de Melo Neto pelo selo Alfaguara. Nesta coletânea de poesias, Cabral atinge a sua maturidade estética. Os poemas se encaixam em uma estrutura pré-estabelecida, seguindo o conhecido e rígido estruturalismo de João Cabral, mas sempre com a capacidade de emocionar o leitor.
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Guilherme.Marques 31/12/2017

Três mais um
Dos quatro livros que compõem essa coletânea, Serial é, de longe, o pior, quase me fez pensar numa nota três - que seria uma pena, pois os outros, principalmente o que leva o título, são muito bons. "Habitar o tempo", "Rios sem discurso", "Coisas de cabeceira" (todos - aliás, é interessante como João Cabral retoma não apenas temas e formas, rigorosamente, mas até mesmo outros poemas do próprio livro), "A palavra seda", os "Cemitérios", "Estudos para uma bailadora andaluziana", os poemas de "Dois parlamentos"... Para citar apenas alguns, são os que se destacaram, para mim.
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Safo from Lesbos 04/02/2022

Preciso reler em outro momento
Eu peguei esse livro de uma biblioteca, mas esse é daquele tipo de livro que tem que ser seu, pra rabiscar, marcar, voltar a ler. A leitura difícil exige muita atenção e requer buscar por outras referências para tenta chegar em algum lugar. Eu não fui a lugar algum, mas não desisti dele, tenho que rele-lo no futuro!
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