Lituma nos Andes

Lituma nos Andes Mario Vargas Llosa




Resenhas - Lituma nos Andes


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Kirla 09/10/2023

Ele demora um pouco a engrenar, mas só pq tem muitas palavras em línguas nativas da América do Sul, e por te deixar confuso (intencionalmente) sobre se estão numa memória ou no tempo real. Mas depois disso, é maravilhoso acompanhar Lituma e Carreño num vilarejo falido no alto dos montes peruanos, com seus perigos e sonhos.
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RenMMP 02/04/2023

Desafio América do Sul - Peru

Lituma nos Andes é um romance policial situado nos Andes peruanos nos anos 80/90 onde a história central é uma investigação de desaparecimentos na cidade fictícia de Naccos, onde havia crescente violência nas montanhas devido a guerrilha do Sendero Luminoso e histórias e crenças locais tomam um tom mais sombrio.

Desde que comecei a lê-lo, tive a impressão de ser escrito para ser um filme, com cenas e histórias paralelas e passagens temporais tão fluidas que podem confundir um pouco em alguns momentos se não ficar atento.

É um livro tenso, com bastante violência, mas você fica presa no livro até o final para entender o que aconteceu.

site: https://www.imsouthamerican.com/pt/post/lituma-nos-andes-peru
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Leila 25/08/2022

Se minhas contas não estão erradas, acho que esse é o décimo livro do Llosa que leio e junto com outros amigos partilho da opinião que ele é um autor bem irregular (haja visto os dois que também abandonei),mas no caso de Lituma nos Andes especificamente, creio que o fato de eu não ter curtido tanto o problema reside na minha ignorância cultural mesmo, de não ter conhecimento da mitologia andina e tals, algo muito presente nessa obra do autor.
Mesclado ao plot central que é a investigação de alguns crimes específicos numa cidade fictícia nomeada de Naccos, nos Andes Peruano, os quais acredita-se sejam obras dos terrucos ("gangue de Sendero Luminoso) o capitão Lituma e seu companheiro Tomás passam mal bocados para desvendar os casos que acabam em nada, temos também os moradores locais supersticiosos acreditando em sacrifícios humanos, seres sobrenaturais e outras coisas do gênero. Somos presenteados também com a narração da louca e caliente história de amor de Tomás e Mercedes (loucura, loucura, loucura!)
Ahhh nunca podemos nos esquecer dos contextos políticos né? em que o próprio grupo ?guerrilheiro? do Sendero tem destaque, mas confesso que sou ignorante no assunto, preciso pesquisar sobre, mas aqui a caracterização deles foi horrível, parecia um bando de autômatos, completamente sem emoções e sentimentos.
Sei lá, não consegui me conectar com a história, que como sempre tem aqueles saltos temporais que o Llosa traz em seus livros, mas nem foi esse o problema (porque com isso já estou até acostumada) mas sentir que os fatos foram jogados meio ao acaso, e eu como leitora, o tempo todo tentava conectá-los à história central e não conseguia, me levando a me sentir meio frustrada e decepcionada.
Enfim, foi um livro que não funcionou muito pra mim nesse momento.
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LairJr 17/04/2022

Mais uma obra fascinante do Nobel Mário Vargas. Dessas vez, ambientada nas regiões inóspitas dos Andes, e dentro de um contexto político instável, o enredo mergulha na cultura peruana, nas crenças e superstições de seu povo.
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Diego Vertu @outro_livro_lido 26/11/2021

Muita mitologia andina
Em Lituma dos Andes, o cabo Lituma vai investigar o sumiço de 3 homens na fictícia cidade de Naccos, região Andina. A suspeita são os Terrucos, guerrilheiros que dizimavam pequenas vilas na cordilheira. A população local também tem suas crenças na mitologia Andina acreditando em seres com Pichtacos, apus entre outros. Lituma ainda ouvirá as histórias de Tomás Carreño e seu amor por Mercedes e os relatos de Adriana, uma bruxa ,e seu marido Dionísio.
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O autor constroi uma excente narrativa retrando seu país, mescla elementos reais com os supersticiosos e mostra também a diferença entre a região costeira e a região da serra. Personagens profundos e ambientação maravilhosa transportando o leitor a uma viagem ao país. Meu ponto negativo é algumas ações e diálogos de Lituma que achei um pouco despreziveis.
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Heitor.Hissao 04/12/2020

Lituma nos Andes (Mario Vargas Llosa)
Pelo nome sempre pensei que o Mario tinha a escrita mais culta do mundo, mas só bagacerice.
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Mariana 30/07/2020

Crenças, mistério e amor
Romance lançado em 1993 pelo peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura, considerada uma das obras mais emblemáticas do país.

O protagonista Lituma, da polícia peruana, e seu subalterno Tomás Carreño (Tomasito) são chamados a cuidar de um posto policial em Naccos, um vilarejo em meio às serras andinas, local que sobrevive às custas da construção de uma estrada que passará pelo local.
As suspeitas sobre a autoria dos crimes recaem inicialmente sobre os ?terrucos?, da organização Sendero Luminosos (senderistas), grupo responsável por atrocidades violentas nos anos 70/80 no Peru.

Mario Vargas Llosa retrata com maestria a complexidade do país e sua profunda divisão cultural, entre os peruanos da costa (os costeiros) e os indígenas serranos.

A narrativa mostra a dificuldade do protagonista, Cabo Lituma, nascido em Piura, uma cidade urbanizada da costa, em compreender as especificidades dos nativos serranos e suas crenças milenares, como as lendas e os sacrifícios humanos às divindades da montanha.

Logo no início do livro estranhei a construção textual do autor: ele salta de uma cena a outra, de um tempo e lugar a outros, em uma narração única, sem divisão textual.
No entanto, em poucas páginas me acostumei e arrisco dizer que esse método de escrita foi um dos maiores prazeres na leitura desse livro. Aliado, é claro, às histórias sobre as crenças peruanas, o mistério que ronda o desaparecimento das pessoas e, sobretudo, a história do amor de Tomasito pela bela Mercedes.
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Matheus945 20/04/2020

Sombrio e quase mitológico
Llosa novamente não me decepcionou, mais um livro incrível e excepcional, costurado de uma forma inusitada. A história é bem diferente do que eu estou habituado, nunca li nada que se passasse na Cordilheira dos Andes, ainda mais num vilarejo tão remoto quanto Naccos.

Acho que por ter lido anteriormente ?A guerra do fim do mundo? do mesmo autor, consegui pegar semelhanças na construção do texto e também na própria narrativa. Impossível não estabelecer um paralelo entre Canudos e Naccos, ambos muito próximos entre si no que diz respeito às pessoas que vivem nesses lugares. O autor reforça muito isso comparando duas realidades, Lituma é um exemplo de civilização enquanto todo o resto do ambiente em volta são selvagens, isso ficando mais claro ao final do livro. E não só Naccos como todos esses outros vilarejos citados no livro foram praticamente os protagonistas dessa história, tamanha a influência desse ambiente nas pessoas.

O aspecto de investigação que esse livro tem me lembrou muito o da série True Detective, com poucas pistas, um ambiente em que as pessoas não estão dispostas a entregar umas às outras e a força pesada desse mesmo ambiente com quem não mora lá.

Outro aspecto é o do sobrenatural, do realismo mágico presente nessa história e que eu não esperava que fosse se tornar tão forte. São tantas crenças e superstições em volta, que ao final quando nos é revelado, fica com um que de mito peruano meio perturbador (e qual mito religioso não é?).

Gostei muito de tudo e recomendo fortemente.
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Bruna.Patti 09/09/2018

Lituma nos Andes
Resenha
Livro: Lituma nos Andes
Autor: Mario Vargas Llosa
Ano de lançamento: 1993
Número de páginas: 272

Mario Vargas Llosa é conhecido por não ter papas na língua e falar o que pensa. Suas falas são sempre polêmicas e confesso que esse foi o motivo pelo qual eu atrasava a leitura dos seus livros. Foi ganhador do prêmio Nobel de literatura em 2010. Concorreu à presidência no Peru nos anos 90, tendo sido derrotado por Fujimori. É no meio dessa efervescência política que Llosa publica Lituma nos Andes.

O livro fala sobre dois policiais que foram levados à Nacco, cidade situada na altitude Andina, que só conseguia sustentar sua existência graças à construção de uma estrada que atravessaria os Andes. Os funcionários da lei foram chamados pois três pessoas desapareceram, não tendo sido achados seus corpos. Eles foram para os Andes investigar essas mortes.

Acompanhamos a investigação sob o ponto de vista , na maior parte das vezes, de Lituma. Lituma é um cidadão de Piura, cidade urbanizada e é sob essa ótica que ele analisa a vida cotidiana dos moradores da montanha, chamados de serranos. Ele é um personagem preconceituoso em relação à população local, tratando-os como atrasados, movidos pelo mistiscismo, violentos, enquanto exalta a civilidade e urbanidade de quem vive na costa. Já é de se imaginar que o personagem que dá nome ao livro não desperte muita simpatia nos moradores, em sua maior parte indígenas, que tratam o investigador com desconfiança.

Tomas é um cabo de polícia, braço direito de Lituma. Tomasito e Lituma passam as noites conversando sobre o amor perdido do cabo, Mercedes. Essas passagens são responsáveis pelos respiros de amor, tão necessários em meio ao caos violento do cotidiano diário das montanhas, relatado por Lituma. São diálogos repletos de lirismo por parte de Tomas, que nunca superou a perda de seu amor, mantendo esperança de um dia reencontrá-la.

Também é muito presente no livro o grupo Sendero Luminoso, que teve origem em um movimento criado por intelectuais de orientação marxista, que foi responsável por alguns ataques na década de 70 e 80 no Peru. No livro, esse grupo acaba sendo demonizado, retratando os indivíduos pertencentes ao movimento como animalizados, cegos. Não sei até que ponto isso corresponde à verdade. Não me aprofundei no tema de maneira a contrapor ou corroborar com essa visão.

São retratadas no livro as crenças dos indígenas das montanhas. É muito rico sob o ponto de vista cultural, nos fazendo viajar através do mundo dos pishtacos, apus, entre outras figuras míticas das montanhas. A descrição dos Andes é riquíssima, levando o leitor a sentir que estava realmente inserido no cenário em questão.

Quanto ao ritmo de escrita, o autor mistura temporalidades sem divisão gráfica, o que pode parecer um pouco confuso à primeira vista, mas que traz certa dinâmica ao texto, sendo fácil se acostumar ao ritmo peculiar de escrita após algumas páginas lidas.

O ponto principal que o livro, em minha opinião, traz à discussão é a dicotomia entre civilização e barbárie. Onde começa nossa humanidade? Até onde somos capazes de ir para nos salvar? O que nos separa dos bárbaros? Essa divisão fica evidente na separação entre costeiros(os humanos, civilizados) e os serranos (atrasados, não humanos, bárbaros). Essa visão será desconstruída ao longo do livro, pois todos nós temos humanidade e barbárie em nosso coração. A maior parte das pessoas não é ruim ou boa cem por cento do tempo. Esse entrecruzamento será responsável por uma das grandes sacadas do livro.

Quanto ao final, assim como outros escritores latino-americanos, que faziam parte do boom latino americano, Llosa nos presenteia com um desfecho digno de realismo mágico. A construção da história se dá todo do ponto de vista da racionalidade, para ser contrariada ao final. Não posso detalhar mais, com risco de conter spoilers. Recomendo fortemente a leitura desse livro, pois o autor consegue transformar uma simples história policial em um delicioso romance. Boas leituras!

VEJA O LINK DO MEU BLOG ABAIXO:

site: http://abiologaqueamavalivros.blogspot.com/2018/09/lituma-nos-andes.html
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Higor 22/01/2017

Sobre culturas locais
A escolha do livro ou autor do ano sempre gera críticas – Bob Dylan está aí para confirmar – mas é inegável que o Nobel é o mais amplo, não se restringindo a um idioma, escrita, credo ou até mesmo cultura. É, ao invés disso, o mais diversificado, e passamos a conhecer países pouco comuns, como a Romênia de Herta Müller e ou Israel e Santa Lúcia de autores menos famosos. O que importa é que conhecemos sua cultura, e aprendemos cada vez mais.

‘Lituma nos Andes’, de Mario Vargas Llosa está aí para confirmar: um livro encharcado de mitos, lendas e folclore peruano. Personagens que nunca ouvimos falar, e que provavelmente nunca mais ouviremos, por não ser algo universalmente conhecido, mas que um autor decide mostrar para o resto do mundo.

Três pessoas sumiram misteriosamente na região dos Andes. Nenhuma conexão entre elas. Os culpados podem variar entre o grupo Sendero Luminoso, partido comunista responsável por atrocidades violentas no país; e também podem ser ataques de ‘pishtacos’ (seres mitológicos que comem carne humana e vendem a gordura) ou de ‘mukis’ (duendes que vivem em minas). Ninguém sabe ao certo.

Lituma, cabo e personagem aparentemente adorado por Llosa, logo se vê, então, envolto em um desafio maior que o imaginado, já que a população, atrelada a costumes antigos, não sabe em quem por a culpa pelas atrocidades que não param de acontecer, nem em quem acreditar. Paralelo a tudo isso, ele tem de conviver com seu ajudante, Tomás, e sua desilusão amorosa por uma mulher formosa demais para alguém tão simplório.

O livro aparenta ser difícil e desconexo em um primeiro momento, por conta de um método de escrita do autor, comum em vários livros, mas frustrante para um leitor novo, que é o uso da passagem de tempo em uma única narração. Então há perguntas com respostas dadas anos depois, assim como relatos de acontecimentos que aparentam que a pessoa está narrando, quando, na verdade, pode estar morta. Isso sem um indicativo explícito que auxilie.

Acostumados à escrita, o leitor certamente vai se deliciar nessa história de crendices, mistério, e por que não, amor? São tantos os motivos para acompanhar o livro, se as figuras mitológicas ou um ataque terrorista são os responsáveis pelo desaparecimento; ou o que acontecera para a jovem Mercedes abandonar o tão apaixonado Tomás.

Um livro rico e que instiga o leitor a conhecer mais o Peru e o autor, ‘Lituma nos Andes’ cumpre seu papel, embora com uma dificuldade inicial, que é o de ilustrar o panorama do Peru na década de 80: violência maciça causada pelos guerrilheiros do Sendero, mas com uma população patriota, agarrada às culturas ancestrais.

Este livro faz parte do projeto Lendo Nobel'. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
Mariana 18/02/2020minha estante
Uma resenha bastante esclarecedora! Parabéns...




Celaro 12/01/2016

Romance com pano de fundo na história recente dos andes peruanos
Vargas Llosa criou uma história de agradável leitura passada no período em que o grupo Sendero Luminoso atuava nas montanhas peruanas. Uma leitura obrigatória para quem pretende viajar ou conhecer mais sobre a região e a história do país, deliciosa na narrativa, cômica e de certa forma fantástica pela autoria.
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Valério 10/02/2015

Suspense policial
Mario Vargas Llosa, neste livro, foge um pouco de sua linha. Com livros de tirar o fôlego, o sono e quase a sanidade, como "Travessuras da menina má", "Elogio da Madrasta" e "Os cadernos de Dom Rigoberto", além do sensacional "Batismo de fogo", esperava algo bem melhor.
Um mistério envolvendo desaparecimentos coloca Lituma na investigação, em uma vila remota e fria, afastada de tudo e todos.
Explora o misticismo peruano através de lendas antigas.
Se quer ler um romance policial de Llosa, prêmio nobel de literatura, recomendo que esqueça este livro e leia, ao invés, "O herói discreto". Só que, aí, você deve ler, primeiro, "O elogio da madrasta" e "Os cadernos de Dom Rigoberto". Acredite, fará todo o sentido. E será uma viagem inesquecível pelo universo de Mario Vargas Llosa.
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Bruno 27/01/2014

Essa foi uma leitura que não me conquistou de primeira. Comecei a ler Lituma nos Andes em setembro do ano passado, mas parei logo no final do primeiro capítulo, quando recebemos pelo correio Kafka à beira-mar e eu resolvi dar prioridade para a outra (tampouco curta) leitura na qual eu já tinha mais interesse.

Como já se passavam mais de três meses desde a última vez que eu abria essas páginas, resolvi começar de novo. Mais uma vez, o livro demorou a me conquistar, a leitura a engatar. Não foi antes de quase metade da leitura que Lituma nos Andes conseguiu me prender, mas quando o fez...

A história narra a estadia do cabo Litumaa e seu imediato, Tomas Carreño (também chamado de Tomasito ou Carreñito, dependendo do personagem), no posto de Naccos nos idos dos Andes, durante a década de 80. Três desaparecimentos chamam a atenção das duas autoridades, que suspeitam que o caso esteja relacionado à revolução dos "terrucos" do Sendero Luminoso (o Partido Comunista do Peru).

Ao mesmo tempo, temos algumas narrativas diferenciadas entrando e se permeando no volume: a história de Carreño sobre o amor que perdeu algum tempo antes de ser mandado aos Andes, que o assombra até hoje; a história de um exótico-quase-paranormal casal de moradores daquele vilarejo, contado do ponto de vista da mulher; e algumas histórias de figuras que acabam topando com os senderistas durante algum assunto que tinham a resolver nos Andes.

Algo que chama a atenção no livro, e o que particularmente me cativou, foi a multiplicidade de vozes decorrente destas várias narrativas. Os personagens tem suas personalidades delineadas e o seu jeito de narrar a sua parte é característico. O modo com que Vargas Llosa vez ou outra mistura as narrativas - o que pode até mesmo causar atenção em um ou outro leitor - dá à prosa ares até meio oníricos. O modo com que Vargas Llosa brinca com os espaços e os tempos das histórias chega a deixar uma sensação surreal em algumas passagens.

Tocando assuntos como a alienação revolucionária às ideologias, a entrega (ou não) a crenças ancestrais, e a separação mental entre a costa e a serra do Peru, fez-se uma leitura bem interessante. Entretanto, a apresentação dos senderistas acaba se tornando quase unidmensional, talvez caricata. Vemos apenas a parte mais alienada da facção, sendo alienados com sua forte dedicação ideológica e sua insistência em não ouvir clamores lógicos de suas vítimas. Creio que essa apresentação (talvez meio desonesta, unilateral) dos revolucionários possa ser decorrente da própria inclinação ideológica do autor (que se tornou declaradamente centro-direitista após ficar desiludido com a Cuba de Castro). Não sei até que ponto posso falar disso porque desconheço a história e métodos senderistas, mas o fato deles só aparecerem como algozes clamando pela justiça do povo me parece uma caricatura ideológica de um movimento.

Apesar do começo quiçá lento, Lituma nos Andes me conquistou pela segunda metade. Conforme fui conhecendo mais dos personagens e apreciando mais as suas dinâmicas de relacionamento, a leitura foi se tornando mais fluida e aproveitável. E eu já sinto falta dos personagens.

site: https://adlectorem.wordpress.com/2014/01/25/lituma-nos-andes/
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Arsenio Meira 20/01/2014

O DOM QUIXOTE DOS ANDES

Com sua corriqueira perícia narrativa, Llosa justapõe o cotidiano do cabo da guarda civil Lituma e seu fiel escudeiro Tomas, indefesos ante a missão que lhes é confiada. Eles ruminam sobre a vida mediante singelos diálogos cotidianos que travam como uma espécie de ponte redentora, pois sabem que serão jogados na cova dos leões, obrigados a enfrentar episódios de terrorismo político, enquanto seus ouvidos passam a conviver com casos de feitiçaria, relatados pelos índios ou meio-índios, que vivem acampados em função da estrada. Outros teriam dado no pé no primeiro e misterioso farfalhar das folhas e quando estourasse o inequívoco clarão de uma escopeta, já estariam em Júpiter.

Mario Vargas Llosa é um escritor corajoso. Não se deixou pautar pela patrulha politicamente correta e mostra seu olhar sobre a existência humana em todas as suas faces. Não por acaso, uma de suas referências constantes é o genial escritor Albert Camus, outro que se distinguia pela preteza intelectual. Tanto Camus, quanto Llosa conseguiram expressar em suas obras a autenticidade das experiências reais.

Em "Lituma nos Andes", obra que escreveu em 1993, depois da derrota eleitoral no Peru, o Nobel da literatura mostrou uma das faces mais cruéis do século XX: a face da irracionalidade. (Que, infelizmente, perdura firme neste século XXI). Ao acompanhar a aventura do Cabo Lituma, e de seu auxiliar da guarda civil em um pequeno posto de proteção a uma obra rodoviária no alto dos Andes, Llosa, à época, mostrou que a realidade era alarmante. E continua sendo. Não propriamente no Peru, mas na meca do Capitalismo, em alguns países europeus, e por aí vai. Na década de 90, o Peru ainda sofria com um dos mais sanguinários grupos armados do continente, o Sendero Luminoso. Assim como as FARCs, sua pregação marxista seduzia e ainda seduz intelectuais do mundo inteiro, que fecham os olhos para suas atrocidades e tentam justificar a opção pela violência por uma concepção racional de sua luta política. Esta visão é destruída por Llosa neste romance paradigma.

Quando um professor francês insiste em fazer uma viagem por terra em uma região de atuação do Sendero, sonhando em mostrar para seus alunos slides de sua viagem com a namorada, pensava que sua situação de turista e simpatizante com o Peru seria seu passaporte para evitar problemas. Descobriu o ar de indiferença do jovens guerrilheiros ao seus protestos enquanto tenta fazer perguntas racionais para pessoas que agem seguindo critérios absolutamente irracionais, de ideologia pura. Uma das passagens mais marcantes é de uma idosa pesquisadora européia que tenta explicar para um grupo de guerrilheiros que seu único interesse é científico, de defesa do meio ambiente, e que não se envolve em questões políticas. A frase de seu auxiliar é cortante:

"_ Escutam, mas não ouvem nem querem saber o que se diz a eles (...) Parecem de outro planeta."

O fio que mantém o relato tenso até o final é a investigação de desaparecimentos misteriosos de pessoas na região do posto policial.Há, portanto, um apelo de livro policial e de suspense em "Lituma nos Andes". O que faz a diferença entre o romance de Llosa e um best-seller rotineiro – além, é claro, da densidade da caracterização dos personagens e do estofo histórico-cultural – é a extrema inventividade da narração. Passa-se de um tempo a outro, de um espaço a outro, com uma liberdade sem limites, às vezes no meio de um diálogo. Um personagem diz uma coisa hoje, no meio da selva, e a aparente resposta é dada não pelo seu interlocutor atual, mas por outro personagem, em outro local, anos antes. Essas mudanças vertiginosas de contexto e ponto de vista fazem da leitura um prazer renovado a cada página.
Renata CCS 20/01/2014minha estante
A paixão descrita em suas resenhas deixa a obra ainda mais carismática! Como sempre, uma bela escolha de palavras, Arsenio. Dignas de uma apaixonado pela leitura!




Silvia 13/06/2012

Decepcionante!
Fiquei com a impressão que o autor não sabia como acabar a história. O próprio desenrolar do texto foi meio sem sentido. Não recomendo!
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